Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, cada vez mais pessoas estão tendo contato com a covid-19, o que levanta a seguinte questão: infectados precisam tomar a vacina, sendo que já tiveram a doença? Estudos preliminares indicam que sim, ao menos uma dose da vacina é necessária para que a proteção seja completa e duradoura.
Um estudo recente publicado na revista científica The Lancet aponta a hipótese de que pessoas infectadas pela covid-19 precisariam de apenas uma dose de vacina para obter a mesma proteção alcançada por uma pessoa que tomou duas doses da vacina contra o novo coronavírus, mas nunca foi infectada. A hipótese ainda precisa ser confirmada por outros estudos e chancelada por organizações de saúde nacionais e internacionais.
Resposta difícil para uma pergunta complicada
A resposta imune ao novo coronavírus varia de uma pessoa para outra, o que faz, no momento, não existir respostas concretas sobre quantas doses cada pessoa deve tomar. Mas é certo o que é preciso: "O ideal é garantir a proteção mais completa possível", diz o bioquímico José Manuel Bautista, professor da Universidade Complutense de Madrid, na Espanha, em entrevista à BBC Mundo. "As vacinas têm-se mostrado muito eficazes, algumas com taxas de proteção superiores a 90%, que é um indicador muito confiável. E nós sabemos que as manifestações da doença são heterogêneas", acrescentou.
Covid-19: todos devem tomar a vacina.Fonte: Pixabay
Portanto, em cada pessoa, a covid-19 se manifesta de uma maneira diferente: causando sintomas diferenciados, deixando sequelas variadas e, por consequência, níveis de proteção divergentes. Estudos apontam que duas doses do imunizante da Pfizer conferem proteção contra o vírus equivalente à adquirida por quem teve a doença e tomou apenas uma dose do imunizante.
As vacinas aplicadas no Brasil, CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan) e CoviShield (Universidade de Oxford/AstraZeneca/FioCruz), apontaram em ensaios clínicos que precisam de duas doses para oferecer proteção completa contra o Sars-Cov-2. A primeira dose produz resposta imune e anticorpos, e a segunda reforça a proteção, o que faz com que dure mais tempo — o quanto, ainda não se sabe, mas pode ser como a vacina do sarampo, que oferece proteção de longa duração, ou durar meses, como a vacina da gripe. Só o tempo vai dizer.
Vacinação em recuperados ao redor do mundo
Na Espanha, a vacinação de pessoas que já tiveram a doença e têm menos de 55 anos foi adiada em 6 meses. Já no Equador, recuperados de covid-19 não recebem a vacina. As autoridades brasileiras ainda não se manifestaram oficialmente quanto a um plano de imunização para pessoas que já tiveram contato com o vírus da covid-19. Até o momento, o Brasil imunizou 4,9% da população, segundo dados do site Our World In Data. Para Bautista, administrar apenas uma dose da vacina em quem já foi infectado pode ser uma resposta: a atitude ajudaria a contornar os problemas de distribuição que muitos governos vêm enfrentando.
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