Poderia ser o nome de uma banda, mas assar meteoritos é uma técnica utilizada para descobrir o que há na atmosfera de planetas distantes da Terra. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, analisaram os gases liberados por três meteoritos enquanto eram aquecidos a 1.200 graus Celsius em um forno. Com a ajuda de um espectrômetro de massa, foi medida a abundância de voláteis liberados durante o processo de aquecimento.
Master Chef espacial
A ideia de assar meteoritos surgiu porque essas rochas são amostras representativas de blocos de construção planetários. Todo o progresso astronômico atual leva a crer que as atmosferas iniciais dos exoplanetas (planetas fora do nosso sistema solar) são formadas pela liberação de gases durante e após o processo de acreção – que é a acumulação de matéria na superfície de um astro, através da ação da gravidade. Sendo assim, ao assar meteoritos os cientistas tentaram reproduzir o processo de criação de um planeta rochoso.
Meteorito entrando na atmosfera terrestre.Fonte: Pixabay
Foram utilizadas no experimento três amostras de condrita carbonácea, um tipo de meteorito caracterizado pela presença de compostos de carbono, incluindo aminoácidos, e com alta proporção de compostos voláteis – materiais de composição próxima à do Sol e dos planetas se formaram em nosso Sistema Solar.
Como resultado do experimento, as amostras produziram atmosferas ricas em vapor de água (uma média de 66%), com cerca de 18% de monóxido de carbono (CO) e 15% de dióxido de carbono (CO2). Também foram encontradas quantidades menores de gás hidrogênio (H2) e sulfeto de hidrogênio (H2S), ambas com até 1% de presença.
Orgulho da profissão
Na construção de um planeta, com o aquecimento da atmosfera os blocos de construção planetários se juntam e, depois, o calor continua por conta da atividade vulcânica. "Quando os blocos de construção de um planeta estão se juntando, o material é aquecido, liberando gases e, se o planeta for grande o suficiente, os gases serão retidos como uma atmosfera", explicou a professora Myriam Telus, uma das autoras do estudo californiano.
Atmosfera de exoplaneta rochoso parece ser rica em carbono e vapor de água.Fonte: Pixabay
Os resultados sugerem que as atmosferas iniciais de planetas rochosos podem ser bem diferentes do que se supunha em modelos teóricos de atmosferas planetárias. "Esta informação será importante quando começarmos a observar as atmosferas de exoplanetas com novos telescópios e instrumentação avançada," afirma a pesquisadora Maggie Thompson. Os modelos de atmosferas planetárias vigentes (abundâncias solares) assumem que a composição desses ambientes primordiais seriam semelhantes ao Sol e, portanto, compostos principalmente por hidrogênio e hélio.
"Com base na liberação de gases dos meteoritos, no entanto, você deve esperar que o vapor d'água seja o gás dominante, seguido pelo monóxido de carbono e dióxido de carbono," diz Maggie. "Usar abundâncias solares é justificável para planetas grandes, do tamanho de Júpiter, que adquirem suas atmosferas da nebulosa solar, mas planetas menores obtêm suas atmosferas mais com a liberação de gases. Você precisa de experimentos para ver o que realmente acontece na prática. Queremos fazer isso em uma grande variedade de meteoritos para fornecer melhores restrições para os modelos teóricos das atmosferas exoplanetárias".
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