A mais recente demonstração da Neuralink, empresa de experimentos científicos de Elon Musk, deu o que falar.
No vídeo divulgado na última sexta-feira (9), um macaco aparece jogando o clássico video-game Pong usando a mente, a partir um dispositivo implantado no córtex cerebral do bichinho, capaz de ler impulsos e transformá-los em movimento na tela.
Embora tenha sido bastante elogiado, o vídeo não impressionou toda a comunidade científica. Um dos críticos é o neurobiólogo Andrew Schwartz, professor da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e especialista em interfaces visuais controladas pelo cérebro.
Poderia ser melhor
Em entrevista ao site Inverse, Schwartz chamou o desempenho mostrado no vídeo de "bastante rudimentar". Segundo ele, cientistas já são capazes de realizar feitos muito parecidos de controle em pesquisas há 20 anos.
Por isso, a Neuralink deveria demonstrar "um controle muito melhor" com o equipamento criado, que grava simultaneamente a atividade de diversos neurônios.
Schwarz.Fonte: University of Pittsburgh
"Parece legal, mas em termos do que eles deveriam ser capazes de fazer com um sinal tão rico, é desapontador. Eles deveriam conseguir pelo menos fazer o que conseguidos com uma ou duas centenas de eletrodos, deviam ao menos ter dez graus de liberdade de movimentação", elabora o cientista.
Para Schwartz, isso significa que a Neuralink já deveria ser capaz de fazer o macaco do vídeo movimentar objetos 3D sem grandes problemas.
E o professor tem gabarito para fazer essas observações: em 2008, uma equipe liderada por ele conseguiu reproduzir um teste com macacos que eram capazes de mover alimentos para perto de si mesmos usando um braço robótico totalmente controlado pelo cérebro.
Quando os primeiros testes da companhia em animais foram divulgados, utilizando os sinais cerebrais de um porco, as críticas de pesquisadores da área foram parecidas. Além disso, até startups europeias afirmaram que estavam mais avançadas no setor.
Pontos positivos
Por outro lado, o pesquisador elogiou o equipamento utilizado pela Neuralink, que consiste em uma quantidade alta de eletrodos (1.024 unidades) totalmente implantados e um dispositivo próprio e avançado para envio de dados.
"Tecnicamente, de um ponto de vista de engenharia, o equipamento de gravação e transmissão de dados parece muito bom e esse pode ser um avanço", explicou. O problema, portanto, seria o pouco avanço divulgado em comparação com os estudos atuais e a capacidade do equipamento do Neuralink.
A promessa de Musk é de que o comando neural possa, na hipótese mais avançada e otimista, ajudar pessoas tetraplégicas a recuperarem movimentos do corpo.
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