O jornal The New York Times noticiou ontem (16) que a empresa farmacêutica Moderna deu início a um estudo para validar a utilização de sua vacina contra a covid-19 em bebês e crianças abaixo de 12 anos. Participarão do ensaio clínico 6.750 crianças saudáveis dos Estados Unidos e do Canadá. A empresa não quis informar quantas crianças já se inscreveram ou receberam as primeiras doses.
Os testes atendem a uma crescente demanda dos pais americanos que, desejando vacinar seus filhos, se questionam sobre possíveis efeitos colaterais do imunizante nos pequenos. Além disso, vacinar essa faixa da população, conforme solicitado pela Academia Americana de Pediatria, pode ajudar na consolidação da imunidade coletiva, considerada fundamental para o fim da pandemia.
Os pais das crianças envolvidas no estudo da Moderna serão alertados sobre possíveis reações adversas da vacina, como febre, dor nos braços, fadiga e dores nas articulações e músculos que, nas crianças, tendem a ser mais intensas do que nos adultos.
A Moderna já tem um estudo clínico em andamento com 3 mil crianças, porém com idades entre 12 e 17 anos, cujos resultados deverão ser divulgados no próximo verão. Se a utilização das vacinas for considerada segura para essa faixa etária, ainda terá que ser autorizada, antes de efetivamente utilizada.
Como será feito o teste da vacina da Moderna em crianças?
Fonte: IAPHS/ReproduçãoFonte: IAPHS
Em um primeiro momento, cada criança irá receber duas doses da vacina, com intervalo de 28 dias entre as aplicações. Diferentemente das doses para adultos (que é sempre de 100 microgramas), crianças com menos de dois anos receberão injeções de 25, 50 ou 100 microgramas, enquanto os maiores de dois e menores do que 12 anos receberão doses de 50 ou 100 microgramas.
Nessa fase, as primeiras crianças receberão doses mais baixas em cada grupo, e serão monitoradas quanto às reações, antes que os demais participantes recebam doses mais altas. Em seguida, os pesquisadores realizarão uma análise provisória para saber qual dose é mais segura e com maior eficácia em cada faixa etária.
Em uma segunda fase do estudo, metade das crianças já irão receber as doses previamente selecionadas na análise inicial, e a outra metade, apenas injeções de placebo feitas de uma solução salina inerte.
Após a realização dos testes, todas as crianças vacinadas serão acompanhadas por um ano, tanto quanto aos efeitos colaterais como na medição dos níveis de anticorpos, que é o que efetivamente irá determinar se a vacina oferece proteção. Os pesquisadores investigarão também eventuais infecções por coronavírus, com ou sem sintomas.
Testes de outras farmacêuticas em crianças
Entrevistado pelo Times, o diretor médico da clínica de vacinas da Universidade da Carolina do Norte, dr. David Wohl (que não está envolvido no estudo), afirmou que que o ensaio clínico da Moderna, feito em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, foi bem desenhado e revela-se promissor, mas defende que as crianças menores deveriam ser testadas somente após os testes em adolescentes.
A Johnson & Johnson parece concordar com a ideia, pois já afirmou que testará sua vacina contra coronavírus em bebês e crianças apenas após testá-la em adolescentes. O consórcio Pfizer/BioNTech já está testando sua vacina em crianças de 12 a 15 anos, e anuncia que passará para grupos mais jovens.
A vacina da Pfizer já está autorizada para uso em pessoas com 16 anos ou mais nos EUA. O consórcio da AstraZeneca e Universidade de Oxford também iniciou os testes da sua vacina na Grã-Bretanha em crianças com idade de 6 anos e acima.
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