Morando na pequena cidade de Boca Chica, a fotojornalista Mary Pointer recebeu aviso para sair de casa às 8h desta quarta (3), pois a versão SN10 da nave espacial Starship, já no campo de lançamento da base da SpaceX no Texas, deverá subir em horário ainda não programado para um teste de altitude.
A expectativa é grande, principalmente depois da explosão da antecessora SN9, que ficou sem um dos motores Raptor e, inclinada, caiu depois de um voo de seda em grande altitude.
Os destroços foram varridos e os preparativos para a chegada da SN10 se seguiram – os protótipos saem da área de montagem em sequência. O deslocamento da nave para a área de lançamento quando a SN9 ainda nem havia sido lançada aconteceu para abrir espaço na chamada High Bay, onde os motores auxiliares dos foguetes Super Heavy estão sendo guardados.
SN17 em montagem
Enquanto os técnicos da SpaceX fazem os últimos ajustes no próximo da fila a subir, nos galpões a montagem da naves sucessoras não para. A Starship SN11, estacionada na Mid Bay e ainda sem seu nariz (que já está quase pronto), deve ser levada para a High Bay em breve.
A SN12, SN13 e SN14 talvez nem levantem voo: a SN15 é vizinha de porta da SN11, e o fluxo de trabalho de montagem da nave tem acontecido a todo vapor (segundo Mary Pointer, partes da SN12 foram desmontadas há uma semana). Pedaços da SN16 e SN17 estão espalhados fora dos galpões, mas algumas seções da primeira já estão sendo levadas onde a SN15 está.
Elon Musk chama as explosões que acontecem nos testes da Starship de “desmontagem rápida não programada” – dentro do fluxo de trabalho e desenvolvimento dos veículos da SpaceX, é exatamente isso o que os desastres são. Essa é a base do processo chamado de iteração, a maneira como é aperfeiçoado o design de suas naves. Grosso modo, é a repetição contínua de algo, sempre com alguma mudança.
No caso da SpaceX, seu design iterativo envolve testar a espaçonave, reconhecer possíveis falhas, corrigi-las e aprimorar o projeto a partir daí, recomeçando o ciclo várias vezes. Algo como “errar até acertar”.
A SN9 e a SN10, juntas, nas proximidades da área de lançamento.Fonte: SpaceX/Divulgação
Segundo Elon Musk, "construir muitos foguetes permite iterações sucessivas, aplicando uma equação simples ao processo: progresso em qualquer tecnologia é o número de iterações multiplicadas pelo progresso entre iterações.” O modelo da nave é testado continuamente, sendo construídas e postas à prova uma atrás da outra, com cada nova versão melhorando a última (a SN8 também explodiu no pouso).
Quando a SN9 foi pelos ares, no início de fevereiro, a Federal Aviation Administration (FAA — Administração Federal de Aviação, órgão que autoriza os voos) abriu uma investigação sobre o pouso desastroso da nave.
No dia 19, um porta-voz da entidade, por e-mail, afirmou que "o veículo SN9 falhou dentro dos limites da análise de segurança da FAA. O pouso malsucedido e a explosão não colocaram em perigo o público ou a propriedade. Todos os destroços foram contidos na área de risco designada. A FAA aprovou o relatório final do acidente, incluindo as causas prováveis e ações corretivas”.
Menos de 1 semana depois, a SpaceX recebeu a permissão de voo para a SN10. O lançamento, programado para a última sexta-feira (26 de fevereiro) acabou desmarcado depois que, mesmo com a troca de um dos motores Raptor, os resultados de um teste de fogo estático se mostraram insatisfatórios. A SpaceX decidiu, então, cancelar a subida da nave também para a data seguinte marcada, segunda-feira (1º de março).
Se tudo correr bem, a Starship SN10 vai decolar amanhã, com streaming do canal LabPadre (24 horas no ar).
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