Novos dados divulgados pelo Sloan Digital Sky Survey e pela Missão Espacial Gaia sugerem que a Via Láctea passa por uma estranha distorção contínua há um bom tempo e que toda essa agitação teria se iniciado a partir da interação do aglomerado com algum outro sistema há "apenas" 3 bilhões de anos.
O fenômeno, apontam cientistas, é observado em cerca de 50% a 70% das galáxias espirais como a nossa. Ainda assim, devido à distância entre a Terra e o centro da região em que nos encontramos, pouco sabemos, efetivamente, sobre os fatos que nos circundam, já que, por enquanto, não fomos capazes de ir muito além do Sistema Solar.
Posição da Terra dificulta a identificação de fenômenos na Via Láctea.Fonte: Reprodução
De todo modo, ao observarmos o comportamento de outros astros, é possível entendermos algumas coisas que ocorrem por aqui. Neste caso, os cientistas responsáveis pelo estudo analisaram os movimentos e as posições de estrelas da Via Láctea, e as pesquisas revelaram que, a cada 440 milhões de anos, uma "comemoração" astral é finalizada.
Xinlun Cheng, autor principal do estudo, exemplifica: "Imagine que você está nas arquibancadas de um jogo de futebol e a multidão começa a fazer o 'ola'. Tudo o que você faz é se levantar e se sentar, mas o efeito gerado pela onda aparente percorre todo o estádio. É o mesmo com a deformação galáctica. As estrelas sobem e descem, e isso acontece ao redor de toda a região."
Complexidade dos movimentos da galáxia supera nossa imaginação.Fonte: Reprodução
"Nossa imagem usual de uma galáxia espiral é como um disco plano, mais fino do que uma panqueca, girando pacificamente em torno de seu centro. Mas a realidade é mais complicada", complementa.
Juntando as peças
Para chegarem a essa conclusão, os responsáveis pelo método, primeiramente, se valeram das observações de centenas de milhares de estrelas realizadas na última década pelo Apache Point Observatory Galactic Evolution Experiment (APOGEE).
O equipamento, explicam, reúne o espectro dos astros que analisa – coletando diferentes comprimentos de onda de luz emitidos pelos exemplares, fundamentais para a pesquisa à qual se lançaram. Entretanto, foi preciso mais.
Então, levantamentos do telescópio espacial Gaia, por sua vez, com suas mensurações de distâncias cósmicas existentes entre as estrelas de toda a Via Láctea, deram conta do recado e preencheram as lacunas.
Ao combinarem as informações de ambas as fontes, os cientistas chegaram a um mapa tridimensional dos corpos celestes que iluminam a galáxia, contendo, inclusive, suas velocidades e estruturas químicas. Bingo! Viu-se o 'ola' gigantesco.
Satélite da Missão Espacial Gaia.Fonte: Reprodução
A abordagem, apresentada na 237ª reunião da American Astronomical Society, realizada virtualmente de 11 a 15 de janeiro, pode auxiliar na criação de modelos mais precisos a respeito da próxima colisão da Via Láctea com a Galáxia de Andrômeda (M31).
E aí, já escolheu sua roupa para a ocasião, marcada para daqui a mais ou menos 4,5 bilhões de anos?
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