Uma doença que afetou mais de 1 milhão de soldados durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) foi identificada em um ex-morador de rua de Winnipeg, Canadá, acometido pela febre das trincheiras, transmitida por piolhos ou por lesões de pele e causada pela bactéria Bartonella quintana. O fato despertou preocupações de autoridades locais quanto à saúde desta população vulnerável.
Sintomas da condição incluem febre recorrente, dores de cabeça, nas canelas e nas costas e tonturas. Inflamações do revestimento do coração, conhecidas como endocardites, podem levar o paciente à morte. Outros três casos foram identificados na cidade nos últimos seis meses – e uma das pessoas desenvolveu paralisia e dificuldade de fala após um sangramento cerebral gerado pela manifestação.
"Esta é uma doença das condições de guerra, é uma doença dos campos de refugiados e é algo contra o qual muitas sociedades industrializadas ainda lutam", aponta Carl Boodman, especialista em doenças infecciosas e microbiologia médica da Universidade de Manitoba. "Isso apenas reflete o fato de que existem pessoas em nossa sociedade que vivem em condições que não devemos tolerar", complementa.
Doença afetou mais de 1 milhão de soldados durante a Primeira Guerra Mundial.Fonte: Reprodução
Cuidados vitais
De acordo com os responsáveis pelo atendimento, um homem de 48 anos chegou ao departamento de emergências com dores no peito e falta de ar, que teriam se iniciado dois dias antes. HIV positivo e ex-usuário de drogas, tomava seus medicamentos antirretrovirais e havia procurado ajuda quanto à presença de piolhos pelo corpo. Exames, então, foram realizados.
A equipe, depois, identificou sinais de picadas de insetos na pele do paciente, bloqueios nos vasos dos pulmões, baço dilatado e fraqueza nas paredes de vasos sanguíneos importantes. Mesmo sendo colocado em um respirador, ele piorou, apesar do tratamento, o que revelou danos às válvulas cardíacas. Aí, foi submetido a uma cirurgia de substituição de válvula – e testes de sangue, com sequenciamento genético, trouxeram o caso à luz.
Felizmente, três meses depois, recebeu alta. A atenção médica para a recuperação foi fundamental, ressalta Jon Sparkes, chefe-executivo da organização de caridade para sem-teto Crisis: "Os cuidados de saúde preventivos e especializados que são verdadeiramente acessíveis aos sem-teto são vitais e, por sua vez, evitarão a propagação de doenças e reduzirão a dependência de serviços de saúde de emergência."
"Todos merecemos a oportunidade de construir uma vida saudável para nós mesmos. Por isso, é justo garantir que isso seja uma realidade para as pessoas que enfrentam a falta de moradia", finaliza.
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