Pressionado inclusive pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para elaborar um plano de vacinação em massa contra a covid-19, o Ministério da Saúde finalmente apresentou nesta terça (1ª) um cronograma (provisório) para a imunização da população brasileira. As vacinas serão distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em quatro fases.
O primeiro grupo a ser vacinado englobará funcionários do sistema de saúde, populações indígenas, idosos com mais de 75 anos e os indivíduos com mais de 60 anos que morem em asilos, casas de repouso e instituições psiquiátricas.
A segunda fase do cronograma vai imunizar pessoas de 60 a 74 anos; o terceiro grupo será formado por indivíduos que tenham doenças que possam agravar a covid-19 (como doenças renais crônicas e cardiovasculares). A última fase deve imunizar professores, policiais e bombeiros, funcionários do sistema penitenciário e detentos.
Funcionários do sistema penitenciário e detentos serão imunizados na última fase do cronograma de vacinação.Fonte: Governo do estado do Amazonas/Divulgação
Menos 60 milhões de doses
Pelas estimativas do MS, ao fim da campanha 109,5 milhões de pessoas terão recebido as vacinas já compradas pela União: 42,5 milhões do Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility) e 100,4 milhões da AstraZeneca /Universidade de Oxford – destas, as primeiras 15 milhões de doses deverão chegar ao país em janeiro, segundo anunciou nesta quarta o ministro Eduardo Pazuello.
Todo o lote, adquirido pela União por R$ 1,9 bilhão, será entregue no primeiro semestre. O acordo ainda prevê a transferência de tecnologia, o que possibilitará ao país produzir mais 160 milhões de doses na segunda metade do ano.
Nos cálculos do governo não foram contabilizadas as doses da CoronaVac, do laboratório Sinovac Biotech, que mantém acordo com o Instituto Butantan, em São Paulo, para a produção de 60 milhões de doses da vacina até meados do ano que vem. As primeiras 120 mil doses do imunizante chegaram a São Paulo no último dia 19 de novembro,
A chinesa CoronaVac ficou de fora dos planos do Ministério da Saúde.Fonte: Sinovac/Divulgação
“Nenhuma vacina será descartada. Estamos na prospecção de todas”, disse o ministro Eduardo Pazuello. Além da aquisição de vacinas, já está em andamento o processo de compra de 300 milhões de seringas descartáveis nacionais e mais 40 milhões no mercado internacional.
“O planejamento é preliminar e pode sofrer alterações, a depender de novos acordos de aquisição de vacinas com outras farmacêuticas”, disse a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do ministério, Francieli Fontana.
O governo sinalizou que não tem interesse na vacina gênica da Pfizer, recém aprovada no Reino Unido.Fonte: BioNTech/Divulgação
Para o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Correia de Medeiros, as vacinas devem "idealmente ser feitas em dose única e fundamentalmente que sejam termoestáveis por longos períodos, armazenadas em temperaturas de 2°C a 8°C. Por quê? Nossa rede de frios montada e estabelecida trabalha nessas temperaturas”. Isso descartaria as vacinas genéticas (as que estão na reta final para serem aprovadas são as da Pfizer e da Moderna, que exigem temperaturas de - 70°C). Além disso, a maioria das vacinas para covid-19 desenvolvidas até agora precisam ser aplicadas em duas doses na mesma pessoa.
O menos preparado
Segundo o levantamento da consultoria alemã em mercado Statista, entre 12 países no ranking dos mais bem preparados para vacinar a população, o Brasil ocupa o nono lugar, com 0,9 dose por habitante, à frente apenas da Indonésia, do México e da Suíça (com meia dose). O Canadá aparece em primeiro, com 9,5 doses per capita.
Os dados foram coletados pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela Universidade Duke e pelo Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat).
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