Um biomarcador no sangue pode determinar os danos causados pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC) com precisão, segundo uma análise de pesquisadores da Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos na Flórida. Embora já existam exames que mostrem a extensão do derrame, seu nível de exatidão ainda não é muito alto.
A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (11) na revista Science Translational Medicine e deve auxiliar os médicos a preverem o prognóstico da doença. Vale destacar que esse estudo pode ser um grande avanço para a ciência, visto que o AVC constitui hoje a segunda maior causa de mortes no mundo.
Como funciona o biomarcador?
Antes de abordar o estudo em si, é importante explicar o mecanismo dos diferentes tipos de derrame. O primeiro é o AVC hemorrágico, causado por um sangramento de uma veia, artéria ou vaso dentro do cérebro. Nessa hipótese, o sangue vaza e se espalha, elevando a pressão naquele ponto.
Há ainda o AVC isquêmico, que é o mais comum. Esse ocorre uma artéria é obstruída, o que impede a chegada do sangue ao cérebro. Nos dois casos, os neurônios sofrem algum tipo de lesão.
Neles existe uma proteína conhecida como luz de neurofilamento (NFL). Durante o derrame, essa proteína é liberada no líquido cefalorraquidiano (que banha o cérebro) e, em seguida, no sangue. Esse é biomarcador que os pesquisadores descobriram. Segundo os pesquisadores, a quantidade de NFL liberada durante o AVC indica a gravidade da lesão causada no cérebro.
Realização do estudo
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram as concentrações de NFL no sangue de 396 voluntários. Desse grupo, 317 pacientes se recuperavam de um AVC, enquanto 79 estavam saudáveis.
Além de observar os níveis de NFL no sangue após o derrame, a equipe também examinou se os números poderiam indicar a gravidade da doença ou uma possível recuperação. Para tanto, os níveis da proteína foram comparados ao grau de lesão cerebral e estado neurológico, funcional ou cognitivo dos participantes.
Tratamentos e reabilitação mais precisos
Através da análise dessa proteína, os médicos poderão agir com maior segurança, determinando tratamentos e reabilitações mais específicas para cada caso.
O chefe do Departamento de Neurologia da Mayo Clinic, James Meschia, afirmou que as “descobertas irão, em última instância, mudar a forma como os pacientes são tratados usando biomarcadores da NFL em ensaios clínicos para permitir a detecção mais rápida e confiável dos efeitos terapêuticos”.
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