Se as gigantescas estruturas para escavar o solo extraterrestre são ainda cenários de ficção científica, a mineração espacial já é realidade em pequenas estruturas do tamanho de caixas de fósforos, a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) – e os mineiros não são, obviamente, seres humanos mas sim, bactérias.
Os 18 protótipos para a chamada biomineração subiram ao espaço em julho do ano passado. O projeto RioRock, de astrobiólogos da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, teve como objetivo revelar como a baixa gravidade afeta a capacidade natural das bactérias de extrair materiais úteis das rochas.
Os protótipos de biomineração levados ao espaço.Fonte: UK Centre for Astrobiology/University of Edinburgh
Em cada reator biomineral, foram postos pequenos pedaços de rocha de basalto imersos em soluções contendo culturas das bactérias Sphingomonas desiccabilis, Bacillus subtilis e Cupriavidus metallidurans (além de uma solução sem bactérias para controle). Por três semanas, os cientistas observaram se as bactérias se comportariam como na Terra, mas sob gravidades simuladas da Lua e de Marte.
Bactérias Sphingomonas desiccabilis crescem em uma rocha feita de basalto.Fonte: UK Centre for Astrobiology/University of Edinburgh
Ao se reproduzirem, as bactérias criam biofilmes, comunidades de células aderidas a uma superfície e entre si e protegidas por um slime. Quando ele se forma, é tão coeso e aderido à superfície onde se reproduziu que é quase impossível deter sua expansão. ]
Já era sabido que a baixa ou ausente gravidade afeta a aderência das bactérias às superfícies (se não consegue aderir à rocha e cobri-la, elas não conseguem digeri-la). Com as informações obtidas, será possível controlar o processo na Terra.
Mundos desolados em férteis
O experimento revelou que as bactérias podem aumentar a extração de metais de terras raras (são pela indústria tecnológica) do basalto em até 400%.
O astronauta italiano Luca Parmitano maneja um reatores de biomineração na ISS.Fonte: ESA/Divulgação
Essas bactérias podem ser ainda a chave para transformar as superfícies de mundos desolados em terras férteis. Segundo o astrofísico Charles Cockell, “minas robóticas na região do Oceanus Procellarum da Lua, que tem rochas de metais de terras raras, seriam um avanço científico e econômico humano além da Terra.”
O próximo experimento na ISS será o BioAsteroid; semelhante ao BioRock, ele usará como base não basalto, mas o material colhido de asteroides.
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