Entre os dias 10 e 12 de julho de 2017, se desprendeu da plataforma antártica de gelo Larsen C aquele que é hoje o maior iceberg do mundo, o A68a. Três anos depois, ele está rumando para o Território Britânico Ultramarino da Geórgia do Sul, lar de milhões de focas e pinguins – e isso pode significar a fome e a morte para essas espécies, especialmente os filhotes.
Se as rotas de alimentação até o mar forem bloqueadas, os animais morrerão de fome; além disso, o gigantesco bloco de gelo pode encalhar e terminar ancorado na costa da ilha; colônias de animais marinhos no fundo do oceano serão esmagadas.
"Os ecossistemas sempre se recuperam, mas, se o iceberg ficar preso, ele pode permanecer ali por uma década”, disse o glaciologista Geraint Tarling, do British Antarctic Survey (BAS).
Filhotes mortos
Não é o primeiro colosso que vai em direção da Geórgia do Sul – a ilha, por conta das correntes marítimas que empurram os blocos de gelo em sua direção, é conhecida como o cemitério dos maiores icebergs da Antártica, que terminam encalhando na parte rasa da plataforma continental que a circunda.
Agora a poucas centenas de quilômetros a sudoeste de lá, o A68a tem centenas de bilhões de toneladas, espalhadas por 4.200 km2 e 200m de espessura – por ter pouca área submersa, ele pode flutuar até dar às costas da Geórgia do Sul.
"Pinguins e focas, no período de criação de filhotes, tem que andar até a costa para buscar peixe e krill para alimentá-los. Se tiverem que fazer um grande desvio, não vão conseguir voltar para suas crias a tempo de evitar que elas morram de fome", explicou Tarling.
A ilha já passou por situação semelhante, quando o igualmente colossal iceberg A38 seguiu a mesma rota; milhares de filhotes de pinguins e focas foram achados mortos pela fome em colônias e praias da região.
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