Os testes com os antivirais Remdesivir e Interferon, medicamentos que representavam a esperança por um tratamento contra a covid-19, falharam em aumentar a sobrevida de pacientes infectados com o novo coronavírus.
O estudo Solidariedade, da Organização Mundial da Saúde (OMS) envolveu mais de 11,3 mil adultos internados em 405 hospitais de 30 países. Foram quatro os medicamentos testados, isoladamente ou combinados entre si: Remdesivir, Hidroxicloroquina, Lopinavir, Interferon ou Interferon mais Lopinavir.
Cerca de 4,1 mil formaram o chamado grupo placebo. No caso do Remdesivir, dos 2.743 pacientes hospitalizados que receberam o medicamento, 11% morreram, contra 11,2% do grupo de controle.
Para o diretor do Scripps Research Translational Institute, o cardiologista Eric Topol, “os resultados mais decepcionantes são os do Interferon”. A pesquisa aponta que a mortalidade entre os 2.050 pacientes aos quais foi administrado a proteína pura ou combinada com Lopinavir ou Ritonavir foi de 11,9%, contra 10,5% no grupo de controle.
O Remdesivir recebeu aprovação parcial para uso nos EUA e na União Europeia em abril.Fonte: EPA/Sascha Steinbach/Reprodução
O Remdesivir sempre foi considerado a droga mais promissora contra o Sars-CoV-2. Um estudo com mil pacientes americanos, publicado na semana passada, mostrou que o medicamento diminuiu o tempo de recuperação de pacientes hospitalizados, mas não fez diferença significativa na mortalidade (o mesmo resultado foi alcançado por outros dois estudos nos EUA).
Última esperança
Dos quatro estudos feitos pela OMS, dois foram abandonados em junho, quando uma pesquisa no Reino Unido com a Hidroxicloroquina e a combinação de Ritonavir e Lopinavir revelou que nenhum deles aumentou a sobrevida de pacientes com covid-19.
Depois de analisar o trabalho de seus cientistas e o dos pesquisadores britânicos, a OMS retirou os medicamentos do Solidariedade. Restaram o Remdesivir e o Interferon, que se mostraram ineficazes em reduzir a mortalidade, a necessidade de ventilação mecânica ou o tempo de internação hospitalar.
“É melhor saber se uma droga funciona ou não do que não saber e continuar a usá-la”, disse a cientista-chefe da OMS, a pediatra Soumya Swaminathan.
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