Um estudo preliminar, postado no servidor de pré-impressão medRxiv e conduzido por pesquisadores brasileiros, indicou que a cidade de Manaus pode ter atingido a imunidade de rebanho contra o novo coronavírus.
Liderada por Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, a equipe afirma ter testado anticorpos para o vírus em sangue de hemocentros. Estima-se que entre 44% e 66% da população da capital amazonense está infectada desde que a cidade registrou o seu primeiro caso em março passado.
Em entrevista ao MIT Technology Review, a imunologista Ester Sabino afirmou: “Pelo o que aprendemos, essa é provavelmente a maior prevalência no mundo. As mortes caíram muito rapidamente, e o que estamos dizendo é que elas estão relacionadas”.
Fonte: Michel Dantas/AFPFonte: Michel Dantas/AFP
Os pesquisadores afirmam que a alta mortalidade e a queda sustentada de casos da doença na região indicam que a imunidade de rebanho, ou coletiva, teve papel importante na determinação do tamanho da epidemia em Manaus, embora outros fatores possam ser considerados, como o aumento do distanciamento social.
A região viveu um pesadelo com o vírus: alguns morreram em casa e grupos indígenas passaram a ser atingidos pela infecção. No entanto, em meados de agosto, um fato causou surpresa e foi noticiado no mundo inteiro: em uma reviravolta repentina, de um pico de 79 mortes por dia, a taxa de mortalidade recuou para 2 ou 3 mortes diárias em setembro.
O imunologista Florian Krammer, do Hospital Monte Sinal em Nova York, fez um alerta: “A imunidade comunitária via infecção natural não é uma estratégia, é um sinal de que o governo falhou em controlar um surto e está pagando por isso em vidas perdidas”.
Para os autores do estudo: “Manaus pode atuar como uma sentinela para determinar a longevidade da imunidade da população e a frequência das reinfecções”.
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