Os eclipses solares chamam muita atenção aqui na Terra por serem fenômenos mais raros. Mas você já pensou como eles ocorrem em outros planetas? Marte, por exemplo, possui dois satélites naturais – Fobos e Deimos –, permitindo uma incidência muito maior desses eventos. Outro detalhe é que, em apenas 1 dia, Fobos dá 3 voltas em torno da região equatorial do Planeta Vermelho.
Por possuir satélites menores, Marte nunca tem eclipse solares totais, apenas anulares ou parciais. Fobos, por exemplo, tem diâmetro médio de 11 quilômetros, bem inferior aos 1,7 mil quilômetros da Lua. Esse satélite possui uma velocidade orbital muito grande, por isso os eclipses que ele causa duram poucos segundos. A sonda Mars InSight conseguiu capturar um desses momentos e revelar detalhes curiosos do fenômeno.
O sismômetro presente na sonda notou uma inclinação quase imperceptível. O instrumento é usado para monitorar possíveis terremotos em solo marciano. Na Terra, os eclipses geram diversas alterações, como declínios de temperatura e rajadas de vento à medida que a sombra atinge uma determinada região.
O trânsito de Fobos em frente ao Sol observado do solo de Marte.Fonte: NASA
Os instrumentos da Mars InSight não notaram mudanças de ventos ou temperatura. Apenas as células solares registraram o trânsito de Fobos, que bloqueia cerca de 40% da luz do Sol. Com isso, houve uma diminuição na criação de energia, o que pôde ser medido pelos equipamentos – até aí, entretanto, são resultados esperados.
A questão do sismômetro chamou a atenção devido à minúscula alteração em seu alinhamento. Ela foi observada ao menos três vezes, tirando a possibilidade de um falso positivo. Em comparação com outras atividades sísmicas, não havia nenhuma semelhança.
Os cientistas acreditam que uma mudança de temperatura do solo possa ter influenciado essa movimentação do aparelho. Durante a passagem mais lenta de Fobos, houve uma ligeira queda de temperatura, registrada por um radiômetro infravermelho. Depois, o solo levou cerca de 1 minuto e meio para voltar à temperatura anterior. A deformação causada pela contração e expansão do solo deve ter influenciado o instrumento.
Fobos tem diâmetro médio de 11 quilômetros.
Fonte: Wikipedia
Esse tipo de situação já havia acontecido anteriormente, por acaso, aqui na Terra. Em um observatório na Alemanha em 1997, um técnico esqueceu a luz acesa ao sair da área de estudo do sismômetro, criando ruídos nos dados analisados. Depois de um tempo de pesquisa, notou-se que o calor da lâmpada afetava o concreto no qual estava o equipamento. Com isso em mente, os cientistas recriaram o cenário com os dados da Mars Insight e reproduziram a inclinação detectada em nosso planeta vizinho.
Compreender mais detalhes de Fobos tem sido uma das metas dos cientistas. Sua órbita está diminuindo a uma velocidade de 1,8 centímetro por ano, cada vez mais perto de Marte. Eventualmente, acabará se desintegrando, criando um anel de destroços ao redor do planeta. Entender esse fenômeno dará outras respostas, como a temperatura interna do planeta e a sua formação.
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