Na última sexta-feira (28), Elon Musk exibiu ao mundo como o chip Neuralink funcionaria em um cérebro humano utilizando um porco; segundo ele, a solução, ainda em desenvolvimento, poderia tratar inúmeras condições, desde depressões até danos cerebrais. A demonstração, entretanto, gerou controvérsias que foram além de acusações de maus-tratos a animais. Em entrevista ao Inverse, neurologistas reconhecem a evolução por trás do dispositivo, mas acham que precipitação não é o melhor caminho.
Grande parte das críticas foi direcionada às promessas realizadas pelo empresário, já que, de acordo com especialistas, qualquer finalidade prática demandaria anos para ser concretizada. Kevin Tracey, professor de Neurocirurgia e presidente do Feinstein Institutes for Medical, não consegue imaginar, por exemplo, que haja alguma solução para os problemas citados antes de, pelo menos, 10 anos.
Especialistas afirmam que promessas não seriam cumpridas rapidamente.Fonte: Reprodução
Quanto a outras finalidades, o professor de Neurologia John Krakauer, da Universidade Johns Hopkins, vê impedimentos substanciais. "Deixe-me ser um pouco mais específico. O dispositivo que vimos foi colocado em uma única área sensório-motora. Se quisermos ler pensamentos em vez de movimentos (presumindo que conheçamos sua base neural), onde o implantaríamos? De quantos precisaríamos? Como evitaríamos que o couro cabeludo fosse cravejado deles? Nada foi dito, claro", reflete.
Krakauer vai além e declara que, apesar da animação gerada pela possibilidade de o Neuralink transformar pessoas em X-Men, já existem soluções menos invasivas para tratar as condições apontadas por Musk. "Temo que a parte divertida da coisa atrapalhe o pensamento crítico", complementa.
Detalhes importantes teriam ficado de fora da apresentação.Fonte: Reprodução
Por outro lado...
Entretanto, há quem ache a iniciativa um grande passo; um exemplo é Ralph Adolphs, professor do California Institute of Technology: "Este é um ótimo exemplo de como a tecnologia ultrapassa nossa capacidade atual de uso." Ele também discorda de que o "fuzuê" deva ser desaconselhado. "Precisamos de mais hype agora."
"Nos Estados Unidos, nos últimos 20 anos o investimento do governo federal em apoio à pesquisa não acompanhou a inflação. Existe a ideia de que as coisas estão muito boas e de que não precisamos gastar tanto dinheiro em estudos. Isso é um absurdo. A covid-19 provou que precisamos aumentar o entusiasmo e investir."
De todo modo, independentemente do posicionamento da comunidade científica, não se pode negar: o bilionário sabe realmente chamar a atenção.
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