Cientistas de Hong Kong anunciaram, nesta segunda-feira (24) o primeiro caso de reinfecção pelo Sars-CoV-2, vírus causador da covid-19. Trata-se de um jovem aparentemente saudável, que após 4 meses e meio da primeira infecção, foi contaminado novamente pelo vírus.
A descoberta será publicada no periódico Clinical Infectious Diseases, da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Nesse estudo, os pesquisadores identificaram que o paciente, um homem de 33 anos, teve apenas sintomas leves na primeira vez e, na segunda, nenhum sintoma. Segundo a equipe, o vírus da segunda infecção pertencia a uma linhagem diferente da primeira.
"Nossos resultados provam que a segunda infecção é causada por um novo vírus, que ele adquiriu recentemente, em vez de uma disseminação viral prolongada", afirmou o microbiologista clínico Kelvin Kai-Wang To, da Universidade de Hong Kong.
Covid-19 pode ser endêmica
A pesquisadora Ester Sabino, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que fez parte da equipe que sequenciou o genoma da covid-19 no Brasil, explicou ao G1 que aconteceu uma reinfecção, não uma mutação do vírus que já estava no organismo do paciente.
"Em primeiro lugar, é improvável que a imunidade de rebanho possa eliminar o Sars-CoV-2, embora seja possível que as infecções subsequentes sejam mais leves do que a primeira, como nesse paciente", disse a pesquisadora.
Com isso, talvez essa doença se torne endêmica e seja encontrada regularmente em uma determinada área ou população. Esse fator gera muitos obstáculos na criação de uma vacina eficaz em longo prazo, já que o vírus possui muitas variações e o organismo pode ter dificuldades em reconhecê-lo.
A líder técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, reconhece a possibilidade de reinfecções. Em sua declaração, ela explicou que os estudos indicam que todos infectados pelo Sars-CoV-2 desenvolvem algum nível de imunidade. No entanto, ainda não se sabe o nível dessa imunidade ou quanto tempo ela dura.
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