No centro da Via Láctea, centenas de estrelas transitam em órbitas próximas a um buraco negro supermassivo – e, enquanto algumas possuem longas trajetórias, o suficiente para não serem sugadas, algumas delas, como a S62, são mais ousadas e se aventuram em distâncias muito menores que as das outras. O mais impressionante é que ela se move a 8% da velocidade da luz – a maior já vista pela humanidade.
O buraco negro em questão é o Sagittarius A*. Sua massa de cerca de 4 milhões de sóis só é conhecida porque cientistas se dedicam a acompanhar estrelas à sua volta. Entre os corpos celestes mais estudados está a S2, uma estrela gigante azul brilhante que o orbita a cada 16 anos, antiga rainha do posto de mais próxima dele.
Em 2018, ela chegou tão perto que foi possível observar um efeito da Teoria da Relatividade Geral proposta por Einstein, conhecido como desvio para o vermelho gravitacional. Para entender como ele funciona, imagine que, ao arremessar uma bola para o alto, a velocidade do objeto é reduzida durante a subida. No caso da luz isso não acontece, mas a gravidade tira parte de sua energia – alterando o feixe para o vermelho durante o deslocamento.
Esse efeito é constantemente observado em laboratórios, mas a S2 trouxe a prática para o "mundo real". Aí, em 2019, com Florian Peissker e sua equipe da Universidade de Colônia, na Alemanha, a S62 entrou em cena.
S62 é um tanto quanto veloz.Fonte: Reprodução
Aquela história de que tempo é relativo
Com cerca de duas vezes a massa do Sol, a S62 orbita o Sagittarius A* a cada aproximados 10 anos. A parte mais curiosa, entretanto, é como ela "brinca" com a Física – ou apenas mostra que Einstein tinha razão mais uma vez.
Pelos cálculos, na abordagem mais próxima do buraco negro, sua velocidade chega, como dito, a 8% da velocidade da luz – 24 mil quilômetros por segundo –, e isso é tão rápido que a dilatação do tempo entra em jogo. Uma hora em S62 duraria cerca de 100 minutos terrestres.
Em vez de uma elipse simples, ela segue um movimento espirográfico, que altera seu eixo cerca de 10 graus a cada ciclo – e, em 2022, os efeitos da relatividade poderão ser analisados de forma ainda mais precisa do que os vistos com a aproximação da S2, já que a S62 fará mais uma visitinha ao "centro de tudo".
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