Estrelas devoradas pelas companheiras, ejetando gás quente em sua agonia: foi esse cenário de morte e destruição que o telescópio espacial Hubble revelou à equipe do astrofísico Joel Kastner, do Instituto de Tecnologia Rochester (RIT), ao examinar duas nebulosas (NGC 6302 e NGC 7027) no espectro infravermelho próximo. "As imagens fornecem a visão mais abrangente até agora dessas duas nebulosas espetaculares", disse Kastner, principal autor do estudo publicado na revista Galaxies.
No sistema estelar binário no interior da nebulosa NGC 6302, a estrela de menor massa está sendo absorvida pela companheira, uma gigante vermelha, lançando gás aquecido a 20.000 °C. Esse processo aparece nas imagens captadas como um S causado pelo emissão de átomos de ferro ionizados.
Nebulosa Borboleta: asas formadas por gás incandescente.Fonte: NASA/ESA/J. Kastner
Raridade em nebulosas
"Isso é observado em remanescentes de supernovas, núcleos galácticos ativos e estrelas recém-nascidas, mas é muito raro detectar esse padrão em nebulosas", explicou o astrônomo da Universidade de Washington, Bruce Balick, coautor do estudo.
"O fato de a emissão de ferro se dar em direções opostas implica que sua fonte oscila com o tempo, como um pião que está prestes a cair. Esse é outro sinal revelador da presença de um companheiro estelar binário", complementou Kastner.
Morte silenciosa
A nebulosa NGC 7027 também está emitindo átomos de ferro ionizados e, silenciosamente, dobrando sua massa e mudando de forma e de estrutura. "Algo deu muito errado em seu centro, com material sendo disparado em direções específicas", explicou o astrofísico do RIT.
A nebulosa conhecida como Joia do Inseto está mudando de forma há séculos.Fonte: NASA/ESA/J. Kastner
As novas imagens são semelhantes às captadas em 2000 pelo Observatório de raios x Chandra, da NASA, e em 2014 pela equipe do astrofísico Rodolfo Montez Jr. "Essa nebulosa é um ótimo exemplo do que acontece quando uma gigante vermelha engole sua companheira", disse Montez Jr.
A nebulosa NGC 7027 e sua bolha de gás de 3.000.000 °C fotografada pelo Observatório de raio x Chandra.Fonte: NASA/RIT/ J.Kastner et al
Categorias