Sabe-se que aqui na Via Láctea, dos corpos que orbitam o Sol, Júpiter é de longe o mais influente. Devido à sua massa gigantesca (equivalente a 300 planetas Terra), até o menor movimento que faz é sentido por todos os outros astros – graças ao impressionante poder gravitacional emanado por ele. Não é à toa que o planeta leva o nome do líder dos deuses romanos. Entretanto, essa hierarquia não é exclusividade nossa.
Outros sistemas também têm seus monarcas, e eles podem ser “depostos” a qualquer momento. Esse foi o caso do sistema Kepler-88, que acaba de ganhar uma nova imperatriz. Uma equipe de astrônomos do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí descobriu um planeta com três vezes a massa de Júpiter.
Localizado na constelação de Lira, a 1,2 mil anos-luz de distância daqui, Kepler-88 já havia chamado a atenção dos cientistas pela descoberta, em 2013, da presença de dois exoplanetas com um comportamento um tanto quanto exótico. Ambos homônimos do sistema, são diferenciados pelas letras b e c em seus nomes, sendo que o planeta b, de categoria sub-Netuno, orbita a estrela em apenas 11 dias. Isso corresponde a quase metade do período orbital de 22 dias do planeta c, o qual apresenta massa semelhante à de Júpiter e era considerado o imperador local até agora.
“Com massa equivalente a três vezes à de Júpiter, Kepler-88 d provavelmente teve mais influência na história do sistema que o rei de lá até então, o Kepler-88 c, com um terço do tamanho da novidade. Logo, Kepler-88 d ocupa a posição principal da monarquia desse império – é a nova imperatriz”, declararam Lauren Weiss, bolsista de pós-doutorado, e Beatrice Watson Parrent, líder dos pesquisadores que anunciaram o achado.
A imperatriz se revela
Kepler-88 d foi detectado a partir da análise de dados coletados durante 6 anos pelo Observatório W. M. Keck por meio de um instrumento chamado de espectrômetro de Echelle de alta resolução, responsável pela análise da dispersão de luz do local analisado em 2 estágios, convertendo os resultados em um padrão 2D.
É preciso entender que cada variação mínima na emissão da luz pode trazer informações inéditas, como a gravidade exercida sobre ela, permitindo um olhar mais atento para encontrar corpos celestes que possam ser responsáveis pelas alterações. Foi aí que o espectrômetro acoplado ao telescópio Keck I fez a diferença.
Keck I, telescópio utilizado para revelar a imperatriz do sistema Kepler-88.Fonte: W. M. Keck Observatory
A título de curiosidade, o mais interessante da interação entre os 2 primeiros planetas descobertos é que o maior (Kepler-88 c) parece “empurrar” o menor (Kepler-88 b) com sua força gravitacional – tal qual um pai empurra seu filho em um balanço. O fato explica a eficiência energética da órbita de ambos ao redor da estrela, trazendo essa característica tão marcante de diferença temporal. As análises foram possíveis graças à sonda Kepler, “aposentada” em 2018.
Tudo isso, claro, traz novas maneiras de aprimorar pesquisas e revelar lugares ainda desconhecidos pela humanidade.
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