Segundo um estudo envolvendo 86 países realizado pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, as classes – e nações – mais ricas poluem muito mais do que as mais pobres e seriam as culpadas pela crise ambiental que estamos vivendo no mundo atualmente. O levantamento levou em consideração aspectos como o consumo de energia e combustíveis e, em alguns casos, apontou verdadeiros abismos entre os mais e menos afortunados.
Desigualdades
O levantamento foi realizado a partir de dados fornecidos pelo Banco Mundial e pela União Europeia, e os resultados foram obtidos através do cálculo de como diferentes classes sociais gastam sua renda. Para se ter ideia, de acordo com Roger Harrabin, da BBC, o estudo revelou que quanto mais rica é uma pessoa, maior é o seu consumo de eletricidade – tanto que a parcela que corresponde aos 10% mais ricos da população pode chegar a usar 20 vezes mais energia do que a dos 10% mais pobres.
Enquanto uns poucos têm muito...Fonte: The New York Times / Reprodução
E quando o assunto são os combustíveis fósseis usados nos mais variados meios de transporte, os 10% mais ricos chegam a “queimar” até 187 vezes mais que os 10% mais pobres. Segundo Roger, o estudo apontou que os únicos quesitos em que a diferença no consumo dos mais ricos e dos mais pobres foi menor foram o de aquecimento e recursos utilizados para o preparo de alimentos. Ainda assim, o top 10% das classes mais abastadas usaram cerca de 1/3 a mais de recursos do que as menos.
A título de comparação, cerca de 1/5 da população do Reino Unido está entre os 5% maiores consumidores de energia do mundo, juntamente com 40% da população da Alemanha e 100% da de Luxemburgo. Por outro lado, apenas 2% da população da China está entre o top 5% global, e só 0,02% da população da Índia se encontra no mesmo patamar. Aliás, considerando esse panorama, os pesquisadores por trás do estudo chegaram à conclusão de que a crise ambiental que estamos vivendo no mundo atualmente é muito mais uma consequência do comportamento dos ricos do que dos pobres.
Obviamente, no caso dos combustíveis, o abismo colossal se dá por conta de os mais pobres raramente poderem arcar com os custos de ter um carro próprio ou mesmo de dirigir um veículo, enquanto a situação da diferença no consumo de energia pode ser explicada através da disparidade entre posses de eletroeletrônicos e tamanho das residências, por exemplo.
Alternativas
O triste é que as desigualdades no consumo foram observadas em maior ou menor grau em todos os países examinados na pesquisa – sem exceção – e, mesmo que ocorra uma melhora nos níveis de eficiência energética, a tendência é que o consumo em 2050 seja o dobro do registrado em 2011, enquanto que o de combustíveis poderá sofrer uma alta de 31% no mesmo período se nada for feito, o que poderia ser desastroso para o meio ambiente.
Precisamos rever nossos modelosFonte: Institute for New Economic Thinking / Reprodução
Mas nem tudo são más notícias, pois os autores do levantamento aproveitaram para sugerir algumas soluções para diminuir a desigualdade na distribuição energética e de combustíveis – e, de quebra, trazer impactos positivos ao meio ambiente. Entre as alternativas sugeridas, os pesquisadores propuseram a melhoria e ampliação do transporte público e, para reduzir a circulação de veículos em geral, a imposição de impostos mais elevados para automóveis maiores e a cobrança de taxas extra para pessoas que voam a lazer com mais frequência.
Ademais, outras opções seriam adequar as residências para reduzir o consumo energético e acelerar a conversão de veículos movidos a combustíveis fósseis a elétricos, mas inclusive essa alternativa deve ser considerada com cautela, uma vez que, se o número de carros em circulação não for reduzido, a produção e distribuição de energia também causarão impacto ambiental.
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