Uma medida comum adotada pelo governo de diversos países para frear os avanços de doenças como o coronavírus, que, segundo a Organização Mundial de Saúde, já matou mais de 1,7 mil pessoas, é a proibição ou restrição significativa das viagens que tenham como destino os locais afetados pelas epidemias. Entretanto, a eficácia dessas ações é desconhecida.
Um estudo publicado pela University of Washington e Johns Hopkins University, nos Estados Unidos, evidenciou que, apesar de benefícios em curto e médio prazo, não se sabe quais são os impactos dessas ações a longo prazo. "Algumas evidências sugerem que a proibição de viagens pode atrasar a chegada de doenças infecciosas a um país por dias ou semanas. Entretanto, há pouquíssima evidência que sugira a eliminação do risco de que a doença atravesse fronteiras a longo prazo", afirma a autora principal da pesquisa, Nicole Errett.
Ainda segundo a pesquisadora, a falta desse tipo de informação se dá, principalmente, pelo fato de haver poucos estudos relacionados a esses eventos. Em um levantamento, milhares de artigos publicados foram analisados para que fossem identificados aqueles que tratassem sobre proibições de viagens no combate à disseminação de Ebola, SARS (Síndrome respiratória aguda grave), MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) e Zika vírus. Apenas seis foram encontrados. Além disso, todos baseados em simulações e modelos, não dados reais.
Lauren Sauer, coautora da pesquisa, afirma a importância de dedicar recursos a esse tipo de pesquisa, pois, em caso de epidemia, por exemplo, as ações de prevenção devem causar o mínimo impacto social possível, mesmo que necessárias à preservação da saúde da população.
"Proibição de viagem é uma das muitas alternativas legais que governos encontraram para frear pandemias. Nosso estudo evidencia a importância de compreender a eficácia de respostas políticas e legais que visem proteger e promover a saúde pública", finaliza Lainie Rutkow, também coautora da pesquisa.
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