Cientistas da Google, em parceria com uma equipe do Janelia Research Campus, na Virgínia, divulgaram o maior mapa de conectividade cerebral de um animal em alta resolução. Através de um vídeo, é possível ver 20 milhões de sinapses que conectam 25 mil neurônios do cérebro de uma mosca do gênero Drosophila.
O mapa, conhecido como Connectomeome, representa cerca de um terço de todo o cérebro da mosca, o que mostra a complexidade da estrutura neural do órgão. Anteriormente, uma lombriga da espécie C. elegans havia sido o único animal com o cérebro totalmente mapeado pela mesma técnica. Diferente da mosca, o verme possui uma estrutura muito mais simples, com cerca de 7 mil conexões entre pouco mais de 300 neurônios.
Apesar disso, a novidade não é unânime no meio científico. Enquanto alguns pesquisadores ressaltam a importância do mapa na identificação de quais partes do cérebro atuam em diferentes comportamentos, outros afirmam que há poucos avanços reais no Connectomeome.
Mark Humphries, neurocientista da Universidade de Nottingham, reconheceu o mapa como um avanço importante, durante uma entrevista ao The Verge. Porém, ele afirma que isso é apenas uma parte do avanço, e que é importante fazer a pesquisa avançar para novas áreas.
“A reconstrução é sem dúvida uma maravilha técnica”, afirmou Humphries. “Ele [o mapa] não responde por si só a questões científicas urgentes; mas pode levantar algumas dúvidas interessantes”.
Foram necessários dois anos para que o mapa pudesse ser feito. O processo começa cortando o cérebro das moscas em lâminas com 20 mícrons de espessura, aproximadamente um terço da largura de um cabelo humano. As fatias são fotografadas por um microscópio eletrônico de varredura, dando origem a cerca de 50 trilhões de voxels (pixels 3D). Em seguida, um algoritmo começa a rastrear as conexões entre os neurônios.
O processo se torna demorado, porque a partir desta etapa, é necessário que os cientistas revisem o mapa, conferindo cada um dos caminhos realizados pelas 20 milhões de sinapses. Todo esse processo cobre apenas um terço de todo o cérebro da mosca, que possui 100 mil neurônios, apenas uma fração dos 86 bilhões presentes no cérebro humano, mas representa um importante passo para que no futuro possamos compreender melhor o nosso cérebro.
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