Uma equipe de pesquisadores conseguiu datar partículas de poeira estelar contidas no interior de um meteorito, descobrindo que as suas idades rondam entre os 5 bilhões e os 7,5 bilhões de anos – o que significa que o pozinho é inclusive mais “velho” do que o nosso Sol! A “cápsula do tempo cósmica” contendo o material é conhecida como Meteorito Murchinson, uma rocha espacial que caiu na Austrália no finalzinho nos anos 60, mas que teve que aguardar décadas até que novas tecnologias e técnicas de pesquisa fossem desenvolvidas para que seu valioso conteúdo pudesse ser devidamente analisado e datado.
Mais "velho" que o Sol
Segundo explicaram os cientistas, a poeira estelar encontrada no interior do meteorito é proveniente de estrelas bem mais antigas do que o nosso Sol – que se formou há cerca de 4,6 bilhões de anos – e que explodiram, lançando partículas pelos cosmos. E como é que os pesquisadores conseguiram datar o pó e concluir que os grãozinhos são provenientes de corpos celestes tão “idosos”?
Primeiro, o time teve que obter as amostras (obviamente) e, para isso, pulverizaram fragmentos do meteorito. Depois, os pesquisadores usaram um ácido para dissolver os pedacinhos de rocha misturados ao pó estelar, uma mistura que resultou em uma pasta fedorenta que, de acordo com os cientistas, tinha cheiro parecido ao de pasta de amendoim podre. Por fim, um ácido foi adicionado à mistura e tudo foi processado até que restassem apenas os grãozinhos que interessavam.
A próxima etapa envolveu medir a quantidade de isótopos de neônio presentes na superfície do pó, uma vez que eles se acumulam conforme a matéria é atingida por raios cósmicos. Mais especificamente, esse método permite a datação porque quanto mais tempo um corpo fica exposto ao bombardeio de radiação no espaço, mais isótopos e elementos ele incorpora, indicando, dessa forma, a sua idade.
Os pesquisadores acreditam que o pó de estrela encontrado no interior do meteorito é de um período de grande atividade cósmica durante o qual se originou boa parte da matéria que formou muitas das estrelas que, posteriormente, acabaram por fornecer os ingredientes necessários para o nascimento de novas estrelas, planetas e outros corpos celestes. E, pelo menos até que outra “cápsula do tempo cósmica” seja aberta e estudada, os grãos de poeira coletados no interior do Meteorito Murchinson consistem no material sólido mais antigo já descoberto na Terra.
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