Um time de astrônomos da Universidade de Montreal, no Canadá, anunciou ter identificado vapor de água na atmosfera de um exoplaneta distante e, como você bem pode imaginar, essa notícia foi recebida com um enorme entusiasmo pela comunidade científica. Isso porque, a água é imprescindível para o surgimento e suporte de formas de vida – como conhecemos –, e é por isso que os “caçadores” de planetas vivem de olho na presença desse ingrediente.
Planeta (potencialmente) chuvoso
O exoplaneta em questão recebeu o nome de K2-18b e foi descoberto pelo telescópio espacial Kepler, da NASA, em 2015. Ele se encontra a 111 anos-luz da Terra, é pouco mais do que 2 vezes maior do que o nosso planeta e a sua massa foi estimada em 9 vezes à do nosso mundo. Além disso, o exoplaneta orbita ao redor de uma anã vermelha a uma distância semelhante à que o nosso mundo viaja em torno do Sol, na famosa “zona habitável”, o que significa que o K2-18b pode receber uma quantidade de energia de sua estrela semelhante à que nós recebemos da nossa.
Já o vapor de água foi descoberto a partir de dados coletados pelo telescópio espacial Hubble – também da NASA – e, depois de os pesquisadores de Montreal criarem uma porção de modelos climáticos e realizarem simulações, eles concluíram que, além de o exoplaneta possuir uma atmosfera contendo vapor, existe a possibilidade de que a água se condense e se precipite na forma de chuvas sobre a superfície.
Desafio cósmico
Não pense que é uma tarefa fácil detectar vapor de água em um exoplaneta distante, especialmente um como o K2-18b, que não é nenhum planetão gigante! Ele pertence a uma classe de planetas bastante abundantes no Universo conhecidos como “Mininetunos” e, para começar, confirmar que esses astros são mesmo planetas já é um desafio. Isso porque a identificação de exoplanetas ocorre por meio da investigação de trânsitos planetários – que causam variações regulares na quantidade de luz emitida por seus sóis – e, em se tratando de um mundo relativamente pequeno, é comum que o brilho de suas estrelas interfira nas observações. Agora, imagine a dificuldade de se analisar a atmosfera de um desses planetas.
Para determinar a composição da atmosfera, os cientistas precisam examinar como a luz emitida pela estrela é filtrada pelos gases que a compõem e como é a interação entre esses 2 componentes – para, então, estabelecer quais moléculas seriam responsáveis pelos efeitos observados. Segundo explicou um astrofísico da University College London, na Inglaterra, ao pessoal do site The Verge, esse tipo de estudo seria semelhante a uma equipe situada em Nova York focar em um holofote em Londres, observar um mosquito voando diante da luz e, depois, tentar determinar de que cor são as suas asinhas. É assim de complexo!
Avanço importantíssimo
A equipe de Montreal fez um trabalho incrível ao conseguir identificar o vapor de água – e prever que inclusive pode chover no K2-18b –, e a descoberta representa um dos mais importantes avanços no sentido de um dia finalmente encontrarmos formas de vida em outros planetas. No entanto, o mais provável é que não seja desta vez que esclareceremos a eterna dúvida sobre estarmos ou não sozinhos no Universo.
Apesar de todas as descobertas realizadas sobre o K2-18b, os cientistas não sabem nada a respeito de sua composição ou do que a sua atmosfera é feita (além de conter vapor de água). Como se trata de um mininetuno, o exoplaneta possivelmente conta com um núcleo rochoso, mas não com uma superfície sólida e, sendo assim, mesmo que chova por lá, a água não teria onde se acumular ou fluir, mesmo com o K2-18b orbitando na zona habitável de sua estrela.
Obviamente, será necessário conduzir novas observações e estudos para confirmar que essas são mesmo as condições presentes no exoplaneta e, com o desenvolvimento de telescópios e observatórios espaciais mais avançados e potentes, pode que os pesquisadores consigam obter respostas nos próximos anos.
Fontes
Categorias