Enquanto se discute se São Paulo ficou às escuras no meio da tarde por conta de uma frente fria ou por causa das queimadas, um radar de laser que permite o sensoriamento remoto ativo da atmosfera para a detecção de poluentes registrou, já no último domingo (18), uma nuvem comprida e densa (ou, como os pesquisadores chamam, uma pluma de material particulado) a mais de três mil metros de altitude. A observação foi feita por uma equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) por meio do sistema LIDAR (Light Detection And Ranging, ou Detecção de Luz e Medição de Distâncias).
O funcionamento do sistema baseia-se na emissão de luz que as partículas presentes no ar refletem. A imagem é capturada por um telescópio e posteriormente analisada. Isso possibilita identificar o tipo de partícula e a distância da superfície em que ela se encontra.
Segundo o professor Eduardo Landulfo, há 20 anos trabalhando com o LIDAR, a pluma de poluição foi produzida por queimadas ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Norte (entre Paraguai e Mato Grosso), abrangendo trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Chuva negra sobre São Paulo
"Os ventos fizeram o rio de fumaça vindo da região Norte se curvar em direção ao Sudeste. Além da fuligem, monóxido e dióxido de carbono, ozônio, óxido nitroso e metano se juntaram às nuvens trazidas por uma frente fria, o que acabou formando o smog, mistura de fumaça e neblina", explicou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Saulo Ribeiro de Freitas.
Uma equipe do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) analisou a água negra da chuva que caiu no fim do domingo e confirmou a presença de reteno, substância considerada um marcador de queimadas.
Fontes
Categorias