Vivemos em uma época em que, por mais que não se compare com a Guerra Fria, a ameaça de um ataque nuclear não é algo assim tão distante. As disputas políticas e ideológicas entre Estados Unidos e Coreia do Norte e os conflitos incessantes na Síria são palcos perfeitos para um bombardeio nuclear surpresa, o que poderia ser catastrófico para o planeta inteiro.
Pensando nesse risco que a humanidade corre, uma organização especial foi criada para fazer a vigilância desse tipo de evento, mais precisamente de testes nucleares que são proibidos há 22 anos por meio de um tratado intermediado pela ONU, mas que nem todo país aceitou (como a Coreia do Norte, o Irã, a China e, claro, os Estados Unidos).
Sistema de monitoramento mundial da CTBTO
Teste nucleares proibidos
O sistema automatizado alerta os responsáveis por essa fiscalização quando identifica ondas sísmicas diferentes das naturais – aquelas produzidas pela movimentação das placas tectônicas
A Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares), também conhecida como CTBTO, é uma espécie de instituto que tem a responsabilidade de fiscalizar se testes clandestinos estão sendo feitos em qualquer lugar do mundo. A CTBTO tem sede em Viena, na Áustria, e conta com cientistas – especialmente sismólogos – especialistas em identificar possíveis explosões atômicas, como a que aconteceu perto da Coreia do Norte em setembro do ano passado.
São quatro cientistas que ficam em alerta – de olho em seus celulares – durante as 24 horas do dia caso os sensores do CTBTO detectem algum tipo de atividade sísmica que pode ser ligada à detonação de bombas nucleares. O sistema automatizado alerta os responsáveis por essa fiscalização quando identifica ondas sísmicas diferentes das naturais – aquelas produzidas pela movimentação das placas tectônicas e que podem causar terremotos e outros tremores.
Cientistas do CTBTO, da esquerda para a direita: Haijun Wang, Marcela Villaroel Garrido, Fekadu Kebede Alamneh e Ezekiel Jonathan
Análise que não permite erros
É o trabalho dos cientistas em alerta analisar o registro e entender se aquilo realmente não se trata de dados equivocados ou algum erro dos sensores. As ondas sísmicas têm sua profundidade, direção, tipo e localização encaminhados para os países que assinaram o tratado de 22 anos atrás para que seus cientistas cheguem à conclusão que se trata mesmo de uma detonação atômica e não alguma manifestação natural.
Com o mundo com os nervos à flor da pele como está nesse momento, provavelmente os cientistas do CTBTO vão estar muito mais alertas do que o comum
A responsabilidade pelo envio dos dados, porém, é dos cientistas do CTBTO e qualquer erro que possam cometer é capaz de desencadear uma sequência de análises e decisões equivocadas por parte dos países membros da organização, o que pode ter consequências gravíssimas, como até declarações de guerra infundadas.
Com o mundo com os nervos à flor da pele como está nesse momento, provavelmente os cientistas do CTBTO vão estar muito mais alertas do que o comum para tentar flagrar testes nucleares que podem levar a grandes catástrofes no mundo. Só nos resta torcer para que tenham menos trabalho do que o esperado.
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