Ainda que muitos jamais tenham reparado, a Microsoft implementou um recurso bem interessante nas últimas atualizações das versões 8 e RT de seu sistema operacional Windows.
Estamos falando do Connected Standby (ou “Espera Conectada”, em uma tradução livre), um modo de suspensão de energia desenvolvido pela companhia com o intuito de tornar os PCs e notebooks mais parecidos com os tablets e smartphones.
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Contudo, para entender o exato propósito do Connected Standby, é preciso antes de tudo observar uma diferença crítica entre o funcionamento de seus dispositivos móveis e os “computadores maiores”.
Quando você não deseja usar seu celular por algum tempo, basta bloquear a sua tela e abandoná-lo em qualquer lugar. Seu display ficará apagado – o que economiza a bateria – e alguns processos serão congelados, mas o aparelho continuará conectado à internet e completamente capaz de receber novos dados em tempo real (mensagens, emails, atualizações etc.). Dessa forma, assim que você precisar utilizar o gadget, basta apertar um botão para “acordá-lo” e você o terá pronto para uso, devidamente conectado e com novos dados recebidos.
Já nos PCs tradicionais...
Mas a situação sempre foi diferente nos laptops e computadores de mesa. Estamos acostumados a usar os modos “Suspensão” e “Hibernação”, que congelam os processos em execução na memória RAM e mantêm a máquina dormindo até que você a ative. Com isso, assim que você acordar o PC, os programas e as tarefas que estavam em execução estarão devidamente prontos para uso no mesmo estado em que você os deixou ao ativar o standby.
Porém, diferente dos tablets e celulares, os computadores não se mantêm em atividade constante durante os modos de espera. Sem receber dados da internet, eles são incapazes de obter os últimos emails de sua caixa de entrada e notificar o usuário caso ele receba alguma mensagem importante.
Além disso, acordar uma máquina em suspensão ou hibernação está longe de ser uma tarefa tão rápida quanto desbloquear a tela de um smartphone. Por mais rápido que seu PC seja, ele vai demorar alguns segundos para “descongelar” a memória, se reconectar em uma rede, checar a existência de novos pacotes de dados, conferir atualizações do sistema e assim por diante.
Como esse modo funciona?
Basicamente, o Connected Standby é uma evolução dos modos de suspensão e hibernação convencionais. Ele faz com que seu aparelho continue sempre conectado e ativo enquanto estiver em qualquer modo de descanso – a tela é desligada e os programas de desktop são congelados, mas os apps de tela cheia (obtidos na Loja) continuam trabalhando a todo vapor.
A novidade, contudo, não está disponível para qualquer gadget. Inicialmente, o Connected Standby estava presente com exclusividade nos aparelhos cujos processadores utilizam a arquitetura ARM – ou seja, Surface RT, Surface 2 e Nokia Lumia 2520. Afinal, o recurso não é apenas um truque de software: também é necessário que o hardware seja compatível com essa forma diferenciada de gerenciar sua própria energia.
Recentemente, a Intel também decidiu entrar na brincadeira e começou a fabricar chips com suporte para o recurso; a título de exemplo, podemos citar a linha Clover Trail (últimos modelos dos processadores Atom), que equipa alguns tablets mais modernos como o Lenovo Thinkpad Tablet 2.
Há uma maneira simples de descobrir se o seu aparelho é compatível com o Connected Standby. Basta abrir o Prompt de Comando (CMD) e digitar powercfg /a, apertando Enter logo em seguida. O sistema retornará a lista de modos de espera que estão disponíveis para seu computador: basta conferir se a opção “Standby (Connected”) é citada ou não.
O lado negativo
Ainda que o Connected Standby possa ser um recurso atraente para muitos usuários, a verdade é que há centenas de pessoas procurando diariamente uma forma de desligar essa funcionalidade e economizar a bateria do dispositivo. De fato, esse modo de espera pode se mostrar inconveniente por conta de seu alto consumo de energia – afinal, diferente de máquinas normais, um gadget sempre conectado está trabalhando de forma ininterrupta e recebendo pacotes de dados a todo instante.
Infelizmente, temos uma má notícia para você: é impossível desativar o Connected Standby. Ele é um recurso nativo do sistema e está incorporado à hibernação e à suspensão tradicionais dos dispositivos com processadores compatíveis. Ele sequer é citado em quaisquer menus de configuração ou customização dos modos de energia que estamos acostumados a acessar em nossas máquinas.
Como economizar a bateria?
Ainda que você não possa desativar o Connected Standby, há algumas maneiras de driblá-lo para economizar a bateria do seu computador. A principal delas é a mais simples, básica e óbvia: desligar completamente o aparelho. Sim, sabemos que isso vai fazer com que você perca um bom tempo quando for necessário religá-lo, mas é a solução caso você pretenda deixar o dispositivo abandonado por muito tempo (mas não quer que sua bateria se esgote durante esse intervalo).
Outra opção interessante é ativar o Modo Avião antes de suspender ou hibernar a máquina. Dessa forma, ele continuará “semiacordado” graças ao Connected Standby, mas não conseguirá baixar novos pacotes de dados por estar com suas conexões de rede desligadas (e, consequentemente, gastando menos energia elétrica). Esta alternativa se torna ainda mais vantajosa quando nos lembramos de que o Windows 8 possui um atalho bastante prático para a ativação dessa funcionalidade.
Em suma, o Connected Standby é uma inovação interessante e necessária — os dispositivos always-on são uma forte tendência no mercado de tecnologia e certamente apresentam mais benefícios do que desvantagens. Contudo, ainda assim seria bom caso a Microsoft oferecesse ao usuário a liberdade de desligar esse recurso caso ele quisesse — quem sabe ela não adiciona essa opção em uma futura atualização?