Amanhã, a partir das 15 horas (horário de Brasília), a Microsoft realizará aquele que pode ser o seu evento mais importante de 2015. O lançamento do Windows 10 e a possível integração de todos os sistemas operacionais da empresa vêm chamando atenção dos consumidores e também despertando a curiosidade das empresas concorrentes.
Entretanto, com o sistema operacional para desktops consolidado no mercado, as atenções se voltam para o futuro do Windows Phone 8.1. Por mais que a Microsoft tenha feito uma série de avanços ao longo dos últimos dois anos, o SO para celulares não alcançou globalmente a fatia de mercado esperada pela empresa.
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Embora em alguns países, como o México e o Brasil, a situação seja um pouco diferente, é no mercado norte-americano que reside o maior problema da empresa em fazer o Windows Phone “decolar”. Por conta disso, a chegada do Windows 10 está sendo encarada pela empresa como o momento ideal para uma grande virada.
Adeus, Windows Phone. Olá, Windows 10!
A primeira mudança a ser percebida deve ser nominal. O nome “Windows Phone” deve sair de cena e dar espaço para o “Windows 10”. Ainda não se sabe se alguma terminação será acrescentada ao nome, mas o fato é que a nomenclatura “Windows Phone” não deve mais figurar no vocabulário dos consumidores do SO da Microsoft.
De acordo com as informações conhecidas até agora, o caminho mais provável é a integração dos sistemas Windows Phone e Windows RT em um único sistema operacional. O maior indício que temos relacionado a esse tema é o fato de que mesmo não tendo um SDK do Windows 10 para os desenvolvedores, a empresa tem recomendado que aqueles que queiram desenvolver apps para Windows Phone comecem a estudar o SDK do Windows RT.
Vale lembrar que os celulares da linha Lumia utilizam processadores ARM, e o Windows RT nada mais é do que o Windows 8.1 numa versão para processadores ARM. Ou seja, junte as duas informações e você já tem uma ideia do que virá pela frente. Será esse o caminho para colocar os smartphones da Microsoft entre os líderes de vendas ao redor do mundo?
O Windows 10 pode ser uma aposta excelente
O Windows RT está longe de ser uma unanimidade entre os consumidores. É grande o número de usuários que torce o nariz quando encontra o nome do SO em meio às especificações de um aparelho. Entretanto, embora ele tenha nascido com um número pequeno de aplicativos – e essa falha foi uma das principais responsáveis por fazer com que o sistema fosse visto com desconfiança –, até a chegada do Windows 8.1, muita coisa mudou.
O primeiro ponto a ser observado é que essa união pode trazer benefícios tanto para aqueles que usam os smartphones da Microsoft quanto para aqueles que possuem tablets ou PCs com Windows RT. Juntas, as duas lojas ultrapassam a marca de meio milhão de aplicativos – um número considerável de apps para uma plataforma com tão pouco tempo de vida.
Ainda não está confirmada essa integração, mas, caso ela aconteça, podemos ter softwares de um sistema rodando no outro. Se levarmos em consideração que o Windows RT recebeu uma atenção maior por parte dos desenvolvedores, quem ganha e muito com essa mudança são os proprietários de qualquer smartphone que possa ser compatível com o Windows 10.
Mais apps resolvem o problema? Não é só isso
A quantidade de apps disponíveis para Windows Phone não é mais um problema faz muito tempo. Entretanto, é inevitável que em um comparativo com o Android e o iOS essa característica pese contra o SO da Microsoft, uma vez que o número de softwares disponíveis é maior nas duas plataformas concorrentes. Porém, esse seria um problema perfeitamente contornável se os apps atuais saíssem de forma simultânea para as três plataformas.
A “culpa”, em parte, é da Microsoft. Apple e Google, quando começaram com seus sistemas, subsidiaram muitas coisas para atrair a atenção dos desenvolvedores. Já a Microsoft, por outro lado, apostou em uma migração natural dos programadores para a plataforma, baseada na demanda que deveria surgir com o aumento nas vendas. Esse movimento, infelizmente, aconteceu em uma escala pequena.
Sempre vale lembrar: de nada adianta a Microsoft se tornar bem-sucedida em países como Brasil ou México se nos Estados Unidos as coisas não forem bem. É lá que está sediada a maior base de desenvolvedores dos grandes jogos e aplicativos. Se eles não têm interesse na plataforma, os apps não saem. Se os apps não saem, quem se prejudica são os usuários de todo o mundo.
Windows 10 na prática
Com o Windows RT, a situação é um pouco diferente. Por conta do reinado absoluto do Windows, os desenvolvedores migraram naturalmente para o Windows RT como forma de alcançar um público maior de usuários de Windows com seus apps. Talvez, usar esse movimento em favor do mobile seja a decisão mais correta que a Microsoft pode tomar desde que entrou nessa briga.
Mas não podemos nos esquecer de algo importante: é preciso que a empresa faça a sua parte. Curiosamente, tem se tornado rotina a Microsoft oferecer serviços melhores ou mais atualizados nos SOs dos seus concorrentes do que no próprio Windows Phone. Embora o que circula na plataforma da Microsoft seja perfeitamente aceitável, esse “desprestígio” vindo da própria empresa frequentemente enche de dúvidas a cabeça dos usuários, que se perguntam se vale a pena ou não remar contra a correnteza e apostar em um sistema em que nem mesmo a criadora parece ter coragem de colocar todas as suas fichas.
Basicamente, a integração entre Windows Phone e Windows RT é uma notícia excelente para os desenvolvedores. Na prática, para o usuário final, ela só será excelente se houver adesão por parte da comunidade de programadores e, principalmente, se a Microsoft apostar de verdade no SO, trazendo conteúdo exclusivo e dando atenção total à integração com os seus próprios serviços. Caso contrário, o Windows 10 será “apenas” mais uma atualização, e o sistema continuará sofrendo os mesmos problemas no mercado, não por falta de qualidade, mas principalmente por falta de empenho da própria Microsoft.