A Microsoft publicou ontem em seu canal no YouTube um vídeo bastante intrigante. Nele, a empresa demonstra o Windows 10 x86 rodando em um computador com processador Snapdragon, com direito a execução do Adobe Photoshop e tudo mais. Essa história pode trazer lembranças para você sobre o finado Windows RT, que parecia um sistema operacional desktop completo, mas que na verdade não era. No caso dessa demonstração de hoje, parece que não há nenhuma pegadinha.
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A empresa quer dar suporte a absolutamente todos os programas que já foram criados para o Windows
Em parceria com a Qualcomm, a Microsoft criou um emulador dentro do Windows que possibilita rodar apps x86 win32 em um ambiente ARM. Ou seja, essa versão emulada do sistema da Microsoft é capaz de rodar em um processador de smartphone, mas executar programas de PCs normais. Na época do Windows RT, apenas os apps modernos da Windows Store podiam ser executados. Agora, a empresa quer dar suporte a absolutamente todos os programas que já foram criados para o Windows.
No vídeo, é possível conferir o aparelho fazendo uma série de atividades que você normalmente faria em um PC comum, com processador Intel. As opções de conectividade de ferramentas corporativas do Windows estão todas ali, e não há qualquer mudança na forma de uso ou na interface. É realmente o SO x86 rodando em um processador ARM, de smartphone.
Bateria e conectividade
Em uma entrevista ao The Verge sobre o assunto, Terry Meyerson, chefe do Windows e de dispositivos na Microsoft, disse que a empresa resolveu trabalhar nesse projeto porque os usuários do seu sistema operacional estão desejando maior autonomia de bateria e mais conectividade mobile (4G LTE) em seus aparelhos.
Chips Intel estão demorando muito mais do que o esperado para chegar perto do que os processadores ARM oferecem nesses dois pontos. Por isso, a Qualcomm resolveu abordar a criadora do Windows para entrar no ramo dos desktops de uma vez por todas e dominar a indústria de semicondutores.
Desempenho
Mas existe um ponto negativo nessa mudança de plataforma. Há uma perda de desempenho considerável no sistema quando roda apps x86 em processadores ARM. Por isso, aplicações superexigentes, como editores profissionais de vídeo e games mais pesados, não vão se dar muito bem nessa nova plataforma. Contudo, programas de produtividade e até mesmo o Adobe Photoshop parecem funcionar normalmente nessa unidade demonstrativa que a Microsoft colocou no vídeo.
Programas de produtividade e até mesmo o Adobe Photoshop parecem funcionar normalmente
Vale destacar que os desenvolvedores de programas do Windows não precisarão fazer absolutamente nada para que seus softwares rodem em computadores com chips Snapdragon.
O emulador central vai dar conta de tudo, inclusive de lidar com a conexão de periféricos, algo que não deve sofrer nenhuma mudança. Contudo, apps x64 não poderão ser usados em máquinas dessa categoria. Mas como esses softwares não são muito comuns e, quando existem, sempre possuem suas versões x86, ninguém deve sofrer com a limitação.
Deixando a Intel de lado?
É possível interpretar essa aproximação da Microsoft com a Qualcomm de várias formas. A criadora do Windows poderia estar decepcionada com a lentidão da Intel em avançar na computação mobile, sem fazer chips econômicos o suficiente e com conectividade mobile embutida. A Qualcomm oferece isso e muito mais em seus processadores mobile.
Outra possibilidade seria o fato de a Microsoft estar de olho no Surface Phone, um smartphone quase mitológico que realmente poderia rodar programas do Windows tradicional quando conectado a um monitor e um teclado. Com essa solução que vimos no vídeo, isso finalmente poderia acontecer, realizando o sonho de milhões de usuários do Windows ao redor do mundo.
De qualquer forma, computadores Windows com chips Snapdragon só devem chegar ao mercado lá pelo fim de 2017. Não sabemos se eles serão mais caros ou mais baratos que os concorrentes com chips Intel nem se eles terão um desempenho realmente satisfatório. Seja como for, essa é uma história que a gente quer ver acontecer.
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