Vista você ou não uma camisa estampada com a logo da Nintendo, há algo que deve se tornar realidade muito em breve: a Big N dará o pontapé inicial para a oitava geração de consoles, quando o Wii U der as caras no final deste ano (segundo as promessas). Juntamente com o console, uma nova proposta de jogabilidade, devidamente ancorada na chamada “tradição familiar” da companhia.
Mas, entre linguajar publicitário e vídeos multicoloridos — cheios de pessoas sorridentes, como tem que ser —, no que consiste exatamente o Wii U? Qual é o real potencial do sistema? A qualidade visual realmente faz jus à tradição de “nova geração, novos gráficos”?
(Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo)
Além disso, o que ainda deve deixar muita gente com o Pikmin atrás da orelha: será mesmo possível que a Nintendo finalmente consiga aliar a sua já previsível aposta em um nicho familiar (um outro termo para “casual”, na verdade) às exigências quase diametralmente opostas de um público mais hardcore? Afinal, desde tempos imemoriais, é notório que a empresa não representa a melhor plataforma para parcerias third party... E há mais.
A corrida atrás do bonde...
Embora tenha sido um excelente produto, não se pode dizer que o Wii realmente acertou a mão em relação ao mercado de games. Sim, venderam-se “absurdilhões” de unidades, alavancando a receita da Nintendo e conquistando um nicho até então quase indiferente em relação ao entretenimento eletrônico — digamos, herdeiros dos tradicionais jogadores de mini games com “999 jogos em 1”.
Entretanto, do ponto de vista estritamente tecnológico, seria impossível negar que a alardeada nova jogabilidade da Nintendo acabou comendo uma boa quantia de poeira. Em suma: excentricidade em lugar dos tradicionais saltos qualitativos. Uma troca economicamente justa, ao que parece, mas sempre com a obsolescência “fungando no cangote”, como dizem.
(Fonte da imagem: Baixaki Jogos)
Esse cenário foi destacado em uma autocrítica já em 2008, quando a Nintendo resolveu reconhecer não apenas as limitações como a quase irreversível imagem estritamente casual junto ao público. Uma espécie de rendição culminou com Shigeru Miyamoto admitindo que a falta de gráficos de alta definição e de uma infraestrutura online de qualidade deixaram o Wii em desvantagem. Uma nova proposta se fazia necessário.
Bem, caso você queira conferir em primeira mão o feeling por trás do Wii U, então pode ser uma boa dar uma olhada no artigo especial recentemente postado pelo Baixaki Jogos, no qual o nosso bom redator, Durval Ramos, compartilhou diretamente da E3 (Electronic Entertainment Expo) as impressões iniciais deixadas pela próxima moradia dos Miis. Do contrário, siga pelo artigo abaixo... Enquanto nós dissecamos o novo sistema da Nintendo.
Sim, o seu controle é um tablet
Dos karaokês à “jogabilidade assimétrica”
Embora o nome possa sugerir, não, o Wii U não é mais um dos periféricos mirabolantes do Wii — que já contou até mesmo com montaria inflável, embora isso jamais tenha saído do papel. Trata-se, como bem demonstrou a última edição da feira E3, de um sistema inteiramente novo... O primeiro salto para a oitava geração de consoles.
(Fonte da imagem: Baixaki Jogos)
A inspiração para o sistema foi bastante singular. Sim, é verdade que os tablets dividem hoje o horizonte tecnológico com as formas mais tradicionais de jogabilidade, o que certamente é uma influência. Entretanto, eis a curiosidade: a existência de uma segunda tela, centrada no controle do Wii U, deve-se aos tradicionais mecanismos de karaokê japoneses, que já utilizam esse recurso há tempos — para exibir informações adicionais aos usuários, enquanto o saquê embala versões nipônicas do trololó em noites bastante saudáveis.
De acordo com Satoru Iwata, trata-se do recurso que deve dar a profundidade adicional ao Wii U, em um esquema denominado de “jogabilidade assimétrica”. Em termos práticos, a vantagem pode ser tanto um complemento para alguns jogos quanto a possibilidade de que mais alguém utilize a TV para qualquer outra coisa.
IPad + controle de Super Nintendo
A tela de 6,2 polegadas, naturalmente, é sensível ao toque, não devendo nada ao DS ou ao 3DS. A ideia é que os desenvolvedores utilizem o espaço como recurso adicional na hora de exibir dados sobre o jogo... Da mesma forma que fazia um japonês no seu karaokê descrito acima. Pode ser um mapa em um jogo de FPS (tiro em primeira pessoa) ou a formação de um time em um jogo de futebol. Enfim, nesse ponto, a bola está mesmo com os desenvolvedores.
(Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo)
Quanto às demais funcionalidades, não há realmente nada aqui que não tenha sido visto anteriormente. Trata-se da interface eternizada pelo Super Nes e também pelo Nintendo 64: botões “B”, “A”, “X”, “Y”, dois bumpers e dois gatilhos. Há também dois analógicos, trazendo ainda uma óbvia vantagem: eles são pressionáveis, o que garante dois botões extras. Enfim, sim: você poderá ir muito além dos clones de Angry Birds e Freak Ninja.
Além disso, há também:
- Tecnologia NFC (near-field communication): trata-se do mesmo sistema utilizado em Skylanders para reconhecer os simpáticos bonequinhos de plástico, que então ganhavam versões virtuais dentro do jogo. A aposta parece ser a mesma: um recurso físico adicional para desenvolvedores de games... E brinquedos, é claro. (Sim, Pokémon deve estar nos planos).
- Botão TV: funcionalidade simples, mas útil. O GamePad do Wii U pode servir também como controle remoto para o seu aparelho de televisão. Além disso, também será possível efetuar chamadas em vídeo — utilizando a tela do controle ou da TV.
Pro Controller
A despeito do que o tamanho poderia indicar, o GamePad é sim bastante anatômico e confortável. Entretanto, caso você prefira algo mais saudoso, tradicional, há também o Pro Controller. Sem mais, trata-se de um equivalente ao Classic Controller do Wii. Sem problemas para migrantes do PlayStation ou do Xbox, portanto.
(Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo)
A oitava geração de bigodes
Novos gráficos, nova comunidade online
Fora o que se pode ver no belo design do GamePad ou na singular caixinha que empacota a tecnologia do Wii U (confira as configurações completas abaixo), o que há aqui, espera-se, é o primeiro passo de Mario Bros., Link e Cia. na oitava geração de consoles. Afinal, além de gráficos 1080p gerados diretamente — sem renderização em 720p para adaptação posterior, portanto —, há ainda a primeira possibilidade de uma comunidade online genuína em um console da Nintendo.
(Fonte da imagem: Baixaki Jogos)
Miiverse
Ok, é verdade que com os Miis do Wii a Nintendo já havia dados alguns passos tímidos na direção de uma comunidade integrada. Entretanto, detalhes como os famigerados “friend codes” acabaram por tornar a experiência um tanto limitada.
Sim, isso deve ser diferente com o Wii U. Pelo menos é o que indica a nova marca registrada da Nintendo: o Miiverse. Em suma, trata-se de uma superestrutura de integração focada em fóruns de discussão e atualizações de status de forma semelhante ao que se vê hoje nas comunidades online. Entre as vantagens, por exemplo, há a possibilidade de deixar mensagens em áreas particulares de jogos, como avisos (ou não) para outros jogadores que passem por lá.
Um pioneiro
Enfim, embora em termos estritamente gráficos o Wii U tenha feito algumas pessoas torcerem o nariz durante a E3, é fato que se trata ainda dos primeiros movimentos. Além disso, convenhamos: a qualidade da jogatina, atualmente, não é mais inteiramente definida por texturas perfeitas e fotorrealismo. Enfim, resta aguardar. E que venha a oitava geração de bigodes.
Via BJ