Desde que a internet se popularizou entre usuários comuns, em meados dos anos 1990, as ameaças online sempre os cercaram: elas vão desde danificar seus dispositivos até mesmo desviar dinheiro de suas contas bancárias. O problema é que, quanto mais o mundo vai se tornando conectado, maior acaba sendo o risco que corremos na rede mundial de computadores.
O crescimento vertiginoso no número de downloads do WhatsApp – o famoso aplicativo de comunicação – chamou atenção dos criminosos, que passaram a ver na plataforma uma grande oportunidade de enganar pessoas, especialmente usuários menos experientes e mais distraídos, potenciais vítimas de todo tipo de golpe possível de ser feito através do aplicativo.
Cuidados com a segurança podem evitar golpes extremamente danosos para o usuário
Malandragem correndo solta
Os usuários que caíam no golpe respondiam a três perguntas relacionadas à marca e eram redirecionados para sites maliciosos
No começo do mês de abril, dois golpes afetaram muitos usuários do WhatsApp: o primeiro se tratava de um phishing – que “pesca” informações pessoais, como nome completo, telefone, CPF e números de contas bancárias – e utilizava o nome da empresa O Boticário para ganhar a confiança das pessoas.
O segundo caso se aproveitava da proximidade do feriado da Páscoa e prometia ovos de chocolate de graça em nome da Kopenhagen. Os usuários que caíam no golpe respondiam a três perguntas relacionadas à marca – que continham, inclusive, comentários falsos para aumentar sua credibilidade – e eram redirecionados para sites maliciosos que podiam infectar o celular e deixá-lo vulnerável.
O golpe que usou o nome d'O Boticário atingiu mais de 50 mil usuários brasileiros do WhatsApp
Como proceder?
Muito se fala por aí sobre a segurança dos dispositivos móveis, como smartphones e tablets, além de computadores desktop e notebooks. Pessoas utilizam programas antivírus e outros ainda mais complexos que combatem malwares e outras ameaças. Mas e se você já foi vítima do golpe? Como remediar a situação?
Fique craque na hora de desviar das malandragens feitas pelo aplicativo de comunicação
Para entender um pouco melhor sobre os golpes feitos por meio do WhatsApp, o TecMundo conversou com Ricardo Sordi Marchi, advogado do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia sobre a quais procedimentos o usuário pode recorrer ao ser vítima de artimanhas desse tipo. Confira a seguir a entrevista e fique craque na hora de desviar das malandragens feitas pelo aplicativo de comunicação:
Quais são os tipos mais comuns de golpes no WhatsApp que levam as pessoas a buscar ajuda jurídica?
Ricardo Marchi: Normalmente, os golpes estão ligados à obtenção de dados e informações pessoais e financeiras arquivados em computadores e celulares. Quando as pessoas detectam prejuízos, elas buscam apoio de uma assessoria jurídica para apurar se é possível conseguir a reparação e também buscam orientações para denúncia às autoridades competentes.
Como é possível detectar um golpe feito pelo WhatsApp? Existe algum segredo que ajuda a perceber quando se trata de um link falso?
Ricardo Marchi: Primeiramente, antes de se clicar em um link, é importante que a pessoa apure se a promoção ou informação ali constantes possuem algum vínculo com empresa conhecida cujo site possa ser consultado (para conferir se esse tipo de informação é colhido por meio eletrônico). Desconfie de preços muito abaixo do mercado.
Quando a pessoa tem a assessoria de um departamento de T.I., é importante que ela o consulte para obter informações sobre os riscos existentes
Quando a pessoa tem a assessoria de um departamento de T.I. dentro de uma empresa, por exemplo, é importante que ela o consulte para obter informações sobre os riscos existentes ao clicar em um link. Isso serve para o WhatsApp e também para eventuais emails recebidos com arquivos anexados e links para clicar.
Links suspeitos que oferecem muitas vantagens quase sempre são golpe
Quais cuidados o usuário deve tomar para evitar cair nesses golpes?
Ricardo Marchi: Manter sistemas operacionais e aplicativos atualizados, não utilizando softwares piratas, por exemplo. Também um programa de antivírus atualizado pode ser usado para detectar e bloquear ameaças, assim como utilizar redes confiáveis, evitando WiFi públicos.
Os estelionatários sempre estão buscando golpes mais apurados e inteligentes
Ao efetuar compras, verifique a reputação do site (se existem reclamações etc.). Desconfie sempre de pesquisas e prêmios em dinheiro. Nunca forneça dados pessoais desnecessários. Sempre use a internet com o máximo de bom senso.
Se eu utilizar aplicativos antivírus no celular, posso ficar totalmente despreocupado com esses golpes?
Ricardo Marchi: Totalmente despreocupado nunca, a preocupação deve existir. Os estelionatários sempre estão buscando golpes mais apurados e inteligentes, então o melhor é que os usuários sempre sigam as regras básicas que já indicamos nas respostas anteriores.
Quais tipos de danos esses golpes podem causar para o usuário?
Ricardo Marchi: Os danos podem ser financeiros, quando há acesso a contas ou a dados de cartões, com a aquisição de bens e serviços indevidamente, ou também pessoais, quando há invasão de perfis em redes sociais, violação de informações em celulares, acesso a fotos, vídeos e até mesmo com destruição do conteúdo.
Quando há invasão de vírus em dados da rede da empresa em que o usuário trabalha, os danos podem até atingir a corporação
Não se pode deixar de notar que, quando há invasão de vírus em dados da rede da empresa em que o usuário trabalha, os danos podem até atingir a corporação, fato que vem sendo tratado com muito cuidado pelas empresas, com políticas severas de acesso à internet.
Caí em um golpe e acabei enviando dados pessoais. Como isso pode me prejudicar e o que eu posso fazer a respeito?
Ricardo Marchi: Se foram acessadas senhas ou dados pessoais, é importante cancelar cartões de crédito e débito para evitar compras indevidas. A instituição financeira também pode ser informada para cancelar e fazer novas senhas. Deve ser lavrado um B.O. com o máximo de dados possível para que a autoridade policial também tente descobrir quem está por trás do crime.
Dados de cartões de crédito enviados pelo WhatsApp podem causar uma enorme dor de cabeça
Devo entrar em contato com a polícia ou alguma autoridade quando receber uma mensagem que se parece com um golpe?
Ricardo Marchi: Sim, pode ser feita uma comunicação para uma autoridade policial. Hoje, inclusive, é possível fazer Boletim de Ocorrência até pela internet, facilitando a informação e permitindo que sejam buscadas rápidas medidas para evitar que o crime virtual se propague.
Fontes