Em 2010, a Google anunciou uma tecnologia de vídeo nova com uma proposta ousada: ser o futuro da transmissão de vídeos pela internet. Pensando em todo o potencial da Gigante da Web, a ideia nem é tão megalomaníaca assim — especialmente porque o YouTube, principal portal de vídeos da rede mundial na atualidade, pertence à empresa.
A tal tecnologia é o WebM, um “formato” de vídeo que trabalha em conjunto com o HTML5 e oferece resultados mais satisfatórios se comparado com métodos tradicionais, como vídeos em Flash ou mesmo GIFs animados.
Falando em termos técnicos, esse formato trabalha com mais cores, demora menos para carregar e exibe vídeos a 60 quadros por segundo. Ele combina recursos distintos em um pacote desenvolvido pensando na web, o que o coloca em vantagem em relação a outros concorrentes.
A própria Google já usa o WebM há algum tempo de forma experimental no YouTube — se você ativou o player de vídeo no formato HTML5, saiba que as exibições são feitas nesse novo formato —, mas, apesar de todas as vantagens, será que ele tem potencial para ir mais longe e ser de fato o futuro das imagens na internet?
Tecnologia aberta e em expansão
O WebM é uma tecnologia de código aberto que trabalha com padrões abertos de multimídia: estrutura baseada no container Matroska, codec de vídeo VP8 (também desenvolvido pela Google) e o fluxo de áudio Vorbis. Assim, a tecnologia pode ser modificada, aplicada e redistribuída gratuitamente por quem mais quiser abraçar a ideia, e alguns sites e navegadores já têm feito isso.
Atualmente, Mozilla Firefox, Google Chrome e Opera já suportam o WebM de forma nativa, já podendo aproveitar as páginas que oferecem conteúdo nesse formato. O Internet Explorer e o Safari não rodam WebM nativamente, mas existem complementos que podem ser instalados para dar a eles essa função.
Pensando nos portáteis, cada vez mais significativos para a navegação na web, apenas o Chrome apresenta suporte completo para o novo formato — Firefox, Opera Mobile e o navegador nativo do Android apresentam suporte parcial. As versões para portáteis do Safari e do Internet Explorer não trabalham com o WebM.
Atualmente, diversos serviços da web já utilizam o formato:
- YouTube: no player de vídeo de HTML5;
- Wikimedia: também em um reprodutor multimídia em HTML5 com WebM;
- Skype: implementou o codec VP8 para a transmissão de vídeo em sua versão 5.0;
- 4chan: passou a permitir a postagem de vídeos em WebM, limitando o tempo de reprodução a 120 segundos e o tamanho do arquivo a 3 MB — tudo isso sem áudio;
- Logitech: planeja utilizar o método em um serviço de videochamada;
- NVIDIA: anunciou um serviço de vídeo em HTML5 por meio da tecnologia 3D Vision;
- Nintendo: o Nintendo Wii utiliza o formato WebM nos streaming de vídeos;
- NeoGAF: um dos maiores fóruns da internet pode receber o formato por meio de um complemento para o Firefox.
E quais são as vantagens?
O WebM é um formato pensado para a web, portanto ele é desenvolvido levando em conta algumas peculiaridades da rede, como desempenho aprimorado para evitar perda de banda, melhor relação entre qualidade e tamanho de arquivo e por aí vai.
Nesse ponto, o WebM consome baixos recursos de hardware, apresentando performance satisfatória também em equipamentos mais simples. De modo simples, pode-se afirmar que a capacidade de oferecer conteúdos de alta qualidade, de modo aberto e sem sobrecarregar o PC ou mesmo a conexão com a internet são os principais diferenciais desse método.
Desempenho
Dá para dizer que as possibilidades de sucesso do WebM vêm essencialmente da combinação de vários bons elementos em sua composição. A escolha do Matroska como base para tudo, por exemplo, torna o controle sobre a execução de vídeo muito mais preciso, pois esse formato apresenta excelente tempo de resposta para buscas no vídeo.
Outras funções avançadas, como múltiplas faixas de áudio, de vídeo e de legenda durante um streaming e também a recuperação de uma falha de transmissão do mesmo ponto em que ela havia parado, dão conta de como o Matroska é um container competente e pode servir aos propósitos do WebM.
Tamanho e qualidade
A relação tamanho/qualidade é provavelmente um dos desafios dos serviços de streaming de vídeo, afinal o ideal é oferecer a melhor qualidade em arquivos com o menor tamanho possível. O WebM consegue bons resultados nesse aspecto pela utilização do codec de vídeo VP8, desenvolvido pela ON2 — empresa adquirida pela Google.
Esse codec é apontado como um dos poucos padrões existentes na atualidade capazes de garantir um ótimo equilíbrio entre qualidade de imagem e tamanho de arquivo durante a compressão em MPEG4. Não por acaso ele foi adquirido pela Google e transformado em uma licença aberta depois disso.
A parte sonora fica por conta do codec open source Vorbis, que complementa a questão da qualidade. Mais conhecido pelo formato OGG, ele rivaliza com o MP3 e trabalha bem na compressão de áudio para evitar grandes perdas de qualidade na hora de passar de um formato superior.
O futuro?
Claro que fazer previsões no mundo da tecnologia não é o mais esperto a ser fazer, afinal o dinamismo desse ramo, especialmente se estamos falando de conteúdo para a internet, é especialista em criar “ex-futuros grandes”. Entretanto, o WebM tem o suporte de gente grande e vem sendo implementado aos poucos, mostrando bons resultados e dando uma certa segurança de que seu estabelecimento é só questão de tempo.
As vantagens parecem bem evidentes quando questões técnicas são colocadas lado a lado com os concorrentes. Se comparar o WebM com GIF, por exemplo, ele vence por ter qualidade de imagem muito superior, suportar áudio e tudo oferecendo arquivos menores, mas sempre com o mesmo potencial de fácil compartilhamento.
O quanto ainda vai levar para que o futuro promissor do WebM chegue é difícil falar, mas os movimentos iniciais nesses primeiros quatro anos de tecnologia indicam um caminho de grande sucesso pela frente.