Chega a ser engraçado quando pensamos como a Internet dominou tão rápido o nosso cotidiano, não é mesmo? E pensar que, há pouco mais de 10 anos, não tínhamos aquele desespero por checar os emails, as últimas novidades e conversar com os nossos amigos.
A Internet evoluiu tão rápido que os emails tornaram-se o nosso endereço virtual para muitas coisas, e não somente como correio eletrônico. E, como várias grandes invenções que temos hoje, tudo começou com uma simples brincadeira.
Para quem não sabe, email significa electronic mail — ou seja, correio eletrônico. Normalmente os endereços vêm com uma "@" (arroba) logo depois do nome do usuário. Em inglês, essa arroba é lida como "at", que significa o termo "em". Isso significa que o usuário está "em" um determinado domínio.
Esse termo, e o próprio email como conhecemos hoje, foram inventados por Ray Tomlinson, um programador dos Estados Unidos. Em 1971, o programador usou a ARPANET (a rede de computadores que deu origem à Internet como conhecemos hoje) para fazer envio e leitura de mensagens simples.
Tomlinson criou o aplicativo SNDMSG, um software extremamente simples, com somente 200 linhas de código, mas que permitia a troca de mensagens entre usuários conectados no mesmo PC.
Para adaptar o SNDMSG, Tomlinson usou um protocolo de transferência de arquivos chamado CYPNET. Assim, era possível que qualquer um que estivesse conectado à ARPANET trocasse mensagens, mesmo que não usasse o mesmo PC. E, da mesma maneira, resolveu adotar a "@" para identificar quem e de onde vinham as mensagens. Nem o próprio criador lembra qual foi a primeira mensagem, mas há rumores de que foi algo como "QWERTYUIOP".
É claro que tiveram protótipos semelhantes à proposta de Ray Tomlinson, mas foi a sua criação que realmente deu origem ao email como conhecemos hoje.
No início o email teve a função de trocar mensagens simples entre usuários da ARPANET, como se fosse o nosso SMS de hoje em dia. Conforme o sistema foi evoluindo, a possibilidade de mandar mensagens maiores foi aumentando cada vez mais. E assim, o email começou a ser mais visto como, de fato, um correio eletrônico.
É claro que, mais tarde, o email foi visto também como uma oportunidade comercial. Na verdade, já em 1978, Gary Thuerk enviou para cerca de 600 pessoas da ARPANET uma mensagem tentando vender o Decsystem-20, um computador novíssimo da época. Foi o primeiro SPAM de todos. E a reação dos que receberam foi como já é hoje em dia: nada boa.
Mas, a maior possibilidade que o email trouxe era o fato de poder se comunicar com outra pessoa de outro canto do mundo. Matar as saudades dos parentes distantes agora era possível, assim como conhecer novas pessoas e se comunicar de maneira mais prática. Esses eram os primeiros propósitos para o sistema que ainda estava se desenvolvendo.
Como nem todos tiveram a oportunidade de ter o seu próprio email na década de 1970, foi em meados de 1990 que começaram a surgir os primeiros serviços de hospedagem. Na verdade, já era normal que você recebesse o seu próprio email quando assinasse algum provedor.
O primeiro email gratuito foi o Hotmail, feito por um indiano chamado Sabeer Bhatia. A intenção era a de criar um email baseado na Web. Dessa forma, qualquer um poderia acessar o seu correio eletrônico de qualquer computador.
Em 1997, Bhatia vendeu o Hotmail para a Microsoft pela generosa soma de 400 milhões de dólares. Hoje, chamado de Windows Live Hotmail, integra vários serviços, como: Favoritos, Galeria de Imagens, Domínios, Blogs, Busca, Messenger e até XBox LIVE.
Ainda assim, há controvérsias de que, na verdade, o primeiro serviço de webmail gratuito foi o RocketMail, desenvolvido pela Four11 Corporation. Tanto o serviço quanto a empresa desenvolvedora foram comprados depois pela Yahoo!
E assim, na mesma época, também surgiram outros serviços de email, como o Yahoo! Mail e o AOL (hoje chamado de AIM). A maioria dos serviços de email eram pagos. Aqui na terra tupiniquim, os primeiros emails gratuitos só foram surgir no final dos anos 90. É o caso do ZipMail, que logo no começo já foi um verdadeiro sucesso. Não se sabe se foi a publicidade, o portal o excelente serviço ou todo o conjunto da obra.
Logo após, com os slogans "Todo brasileiro merece ter um e-mail grátis." e "O e-mail grátis do Brasil." surgia o Brasil OnLine, chamado comumente de BOL. Além de tanto afirmar ser gratuito (o que era estampado na maioria dos serviços da época), dizia-se ser a marca registrada do país e prometia velocidade e facilidade em seu uso.
É claro que a capacidade dos emails foi crescendo junto com a necessidade dos usuários (e até muito além disso). No começo as mensagens eram as mais simples possíveis, e não precisavam de uma super capacidade de armazenamento. Textos simples não ocupavam muito mais do que alguns KBytes de espaço.
O problema (ou melhor, a tendência) é que, cada vez mais, os usuários perceberam que o email era um local de fácil transferência de arquivos para os seus amigos, colegas e familiares. Por que não usar o próprio email para mandar o trabalho da faculdade, ou aquelas fotos da última viagem?
Assim sendo, a capacidade de 1MB (comum para os serviços de email) foi ficando cada vez mais estreita. E o aumento da capacidade era igualmente tímido: conforme os usuários pediam, o serviço aumentava mais 1 MB de espaço. Dessa forma, os usuários de emails sentiam-se obrigados a deletar as suas mensagens regularmente.
Antigamente o GMail até era chamado de Giga Mail ao invés de Google Mail. Até fazia sentido, já que a inovadora empresa estava oferecendo emails gratuitos com capacidade de armazenamento de cerca de 1 Gigabyte. O conceito era simples: "Nunca mais apague uma mensagem sequer." Mas, o serviço era tão exclusivo que era necessário ter convite de outro usuário.
O fato de o GMail oferecer tanto espaço foi um atrativo para grande parte dos usuários. E isso acabou afetando os outros serviços de email, que ofereciam cerca de míseros 4 Megabytes de espaço (como o Yahoo! Mail e o Hotmail).
Como eles se sentiam muito ameaçados, acabaram se rendendo com o tempo, e passaram a oferecer também bastante espaço de armazenamento. Hoje é muito difícil ver um grande serviço de email que não ofereça, ao menos, 1 Gigabyte de espaço para armazenamento de mensagens.
Como dito anteriormente, o principal propósito do email era permitir que as pessoas se comunicassem à longa distância. O problema é que, atualmente, o email não serve somente para isso. Assim, invadem as nossas caixas postais centenas (e até milhares) de SPAMS, correntes, slides com "bichinhos fofinhos" e mensagens mal intencionadas (com vírus e softwares maliciosos).
Atualmente, com tanto espaço de armazenamento, dificilmente as pessoas apagam alguma mensagem. Os SPAMS já são facilmente filtrados e não é difícil se organizar em pastas que dividem as mensagens.
É possível até mesmo criar filtros, para que uma determinada mensagem já seja guardada em uma pasta, por exemplo.
Enviar documentos e fotos tornou-se mais prático, bastando juntar tudo em um arquivo e anexá-lo em uma mensagem. Isso, é claro, tornou-se fácil graças à velocidade de conexão muito mais alta e à interface muito mais amigável. Aliás, quem é que nunca enviou um trabalho seu de escola ou faculdade para o próprio email devido à praticidade?
Falando em interfaces, o GMail é o que traz mais variedade dentro de sua interface. Através dele (sem mudar nenhuma página) é possível facilmente bater papo pelo Google Talk, ler emails, listar as tarefas (To-Do), ver os seus compromissos (Google Agenda) e até atualizar o Twitter. Muita gente acha isso prático, mas outras preferem a simplicidade.
Não somente o Google, mas a maioria dos grande portais associam as suas contas de email com os seus serviços. A Microsoft faz isso com o Hotmail, como dito acima, assim como a Yahoo!, ao associar o seu email ao Flickr, Yahoo! Respostas, Yahoo! Video e vários outros.
Tem quem diga que os mensageiros instantâneos, as redes sociais (como Twitter, Facebook e Orkut) e até mesmo os torpedos simplesmente deram um fim nos emails. Isso porque acabamos usando muito mais os modos de comunicação acima do que o próprio email.
Como dito anteriormente, o fato é que o email hoje tem a sua utilidade para comunicações formais, como as empresariais, para envio e troca de arquivos e guardar informações. Muitas pessoas só têm os seus emails pois precisam dele para se cadastrar em alguma rede social ou mensageiro instantâneo.
E é exatamente esse o ponto: há tantos serviços da chamada "Computação em Nuvens" que já estão sendo utilizados que fica óbvio que o email acabou se tornando, de fato, o seu endereço na Internet. E isso é comprovado com a utilização da Google Account, que surgiu do GMail e oferece serviços como: Google Docs, Google Reader, Google Latitude, Google Voice e, futuramente Google Wave. Ou seja, a maioria desses serviços afetam, de verdade, a nossa vida real.
Confira mais sobre o assunto no artigo: "O email está morrendo: verdade ou mentira?".
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