O que é Virtual Backlot?

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Imagine o seguinte cenário em um filme: uma ilha paradisíaca com uma água azul cristalina como você nunca viu. Ao fundo duas montanhas imponentes cobertas por arbustos e flores multicoloridas das mais variadas espécies.

Em meio a elas o sol brilha em todo seu esplendor banhando com seus raios uma bela mulher à beira dágua, confortavelmente deitada sobre uma esteira de praia. No mesmo instante você imagina: "que inveja dela, está descansando em um lugar como esse".

Pode não parecer, mas dependendo da produção em questão é bem provável que uma cena como essa esteja sendo gravada dentro de um estúdio e bem longe do ambiente maravilhoso descrito acima. E, o mais impressionante de tudo, é que provavelmente você jamais perceberá a diferença.

Tecnologias assim a cada dia se tornam mais comuns em filmes e séries norte-americanas. Pode parecer estranho, mas muitas vezes é mais barato gravar tudo em estúdio e inserir as cenas como plano de fundo do que deslocar uma equipe inteira para cenários paradisíacos.

Entendendo o Virtual Backlot

Uma das tecnologias mais difundidas em Hollywood e que permitem a colocação de praticamente qualquer elemento em um determinado cenário é a Virtual Backlot – também conhecida como Digital Backlot.

Trata-se de um estúdio equipado com fundos infinitos, câmeras de alta tecnologia e um poderoso jogo de iluminação, capaz de reproduzir artificialmente as mesmas condições do cenário projetado ao fundo.

Em evidência desde 2003, quando chamou a atenção no filme Capitão Sky e o Mundo de Amanhã – realizado em sua maior parte com cenários projetados – a Virtual Backlot hoje é uma realidade não só em filmes, mas também em séries de TV. Heroes, Grey’s Anatomy e Nightmares & Dreamscapes são apenas algumas delas.

Como funciona?

Para que tudo funcione perfeitamente e o espectador não consiga distinguir o que é real e o que é um truque tecnológico cada cena é pensada cuidadosamente antes de ser executada e requer algumas adaptações.

O Virtual Backlot é uma tecnologia de propriedade da empresa norte-americana Stargate Studios. Em tese, qualquer outro estúdio pode fazer algo similar, já que esta tecnologia não é tão complexa a ponto de ser exclusividade de uma única corporação. No entanto, o maior diferencial da Stargate é seu banco de imagens.

Vinte das principais cidades do planeta compõem o acervo do estúdio. Com essa quantidade tão grande de imagens, é possível pensar em cenas que se adaptem às características de cada lugar.

O trabalho começa antes mesmo da chegada dos atores. Em uma cena hipotética, como a que descrevemos no início do texto, primeiramente é escolhido o cenário em que a história vai se passar. Em seguida define-se como será a cena.

Uma série de storyboards (desenhos representado as cenas a serem filmadas) são criados, tendo em vista qual será o posicionamento da câmera, seu movimento e, principalmente, qual a perspectiva de iluminação a ser utilizada.

Com esses elementos definidos é hora da filmagem. A cena é filmada diante de um fundo infinito verde. Para quem imagina que os atores não precisam atuar por conta da tecnologia, o que acontece é justamente o contrário. Sem nenhuma bela paisagem por perto, o que eles precisam fazer é se imaginar no lugar e ser convincentes quanto a isso.

Pós-produção

Com as imagens captadas é hora de montar o resultado final. Todo o processo é feito diretamente no computador e requer a maior atenção possível, pois caso alguma coisa tenha saído errado nas filmagens, ainda é possível consertar nessa etapa.

Primeiramente é feita a fusão das imagens de fundo com as imagens captadas em estúdio. Para dar maior veracidade às imagens aspectos de cor, brilho e iluminação são corrigidos e equiparados para que não haja nenhum elemento destoante no processo.

Em seguida são aplicados os efeitos especiais, caso sejam necessários à cena em questão. Em geral, mesmo que não exista uma explosão falsa ou algo do gênero, alguns retoques sempre são feitos. Desde imperfeições no rosto de algum ator ou até mesmo alguma correção de sombra, tudo é passível de ajuste.

Ironicamente o propósito desta tecnologia é que ninguém perceba que ela existe. Pelo contrário. Quanto mais natural for o resultado final, maior terá sido a qualidade do trabalho empregado.

Tendências para o futuro

Alguns cinéfilos ainda torcem o nariz para os efeitos especiais. Para muitos os retoques virtuais não passam de um recurso estético para maquiar histórias que não são muito boas. Porém, atualmente, essa regra já perdeu muito de sua validade.

Não são apenas as grandes cenas repletas de efeitos especiais, que obviamente não são verdadeiras, que recebem alguns truques digitais. Cenas corriqueiras que bem poderiam ter sido filmadas de verdade acabam sendo substituídas por efeitos digitais. Tudo graças ao seu baixo custo se comparado às filmagens tradicionais.

Com o avanço das tecnologias de filmagem e captação em terceira dimensão – como as que surgiram no filme Avatar – a tendência é que cada vez mais recursos como esse sejam utilizados. Para o espectador, em geral, muito pouco deve mudar já que muitas das cenas editadas digitalmente nem sequer são perceptíveis, tamanha é a perfeição a que chegaram.

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