Os jogadores que usam o computador para se divertir nos mais variados tipos de games sabem que há inúmeros fatores que podem interferir no desempenho geral e, principalmente, na jogabilidade.
Um dos tantos aspectos discutidos nesse sentido é a sincronização vertical, também conhecida como V-Sync. Esta tecnologia já está presente em quase todos os jogos há um bom tempo, mas muitas pessoas nunca a utilizam por um problema chamado input lag.
O input lag é a demora que existe entre um comando realizado em um dispositivo de entrada (como o mouse ou o teclado) e a exibição da ação na tela do seu computador. Muitos jogadores reclamam justamente do aumento deste atraso quando o V-Sync está ativado, mas será que esta configuração realmente causa tal problema? Vamos descobrir.
Entendendo o V-Sync
Bom, antes de chegar à história do lag e argumentar se ele realmente existe (ou se é coisa de alguns jogadores), vale um pequeno falatório sobre o V-Sync para quem não é muito ligado neste meio gamer. Essa configuração surgiu com o intuito de corrigir um problema chamado screen tearing.
O screen tearing é basicamente um “rasgo” que aparece na tela quando o computador envia mais quadros (frames por segundos) do que o monitor utilizado consegue reproduzir (devido à limitação da taxa de atualização).
O display precisa exibir um quadro completo, para então atualizar a tela e exibir o próximo quadro. Isso acontece sucessivamente até que o computador envie a quantidade de frames que dá a sensação de movimento em um único segundo.
O problema é que se o computador envia mais quadros do que o monitor consegue exibir, alguns defeitos de continuidade começam a aparecer. Basicamente, se a placa de vídeo renderiza um jogo a 80 quadros por segundo, mas o monitor só consegue exibir 60 quadros neste espaço de tempo, o tal do screen tearing vai incomodar na jogatina.
O V-Sync vem justamente para sincronizar a taxa de atualização da tela com a quantidade de quadros gerados no chip gráfico. Em teoria, essa tecnologia deveria resolver o problema e oferecer uma qualidade impecável na jogatina. Para muitos, o V-Sync funciona muito bem, mas há pessoas que acabam identificando um problema de atraso.
Tudo leva tempo para ser processado
É importante pensar que o computador é uma máquina que trabalha com base em algumas variáveis. No caso dos jogos, a principal variável é a ação do jogador, algo que deve ser processado em tempo real. Não há como ter todas as combinações possíveis de movimentação calculadas e realizar as vontades do jogador em tão pouco tempo.
Basicamente, o computador precisa aguardar o comando do jogador. Uma vez que você mexe o mouse, o comando pode levar 1 milissegundo para chegar até o controlador que repassará a informação ao processador — isso pode levar mais uns 4 milissegundos.
Uma vez que a ordem é dada para o processador, ele pode interagir com o código principal do jogo (a engine) e, então, repassar os comandos para que a GPU processe a parte gráfica. O processamento da ação leva somente 1 milissegundo, pois são meros cálculos matemáticos que não dão trabalho algum à CPU.
Contudo, dependendo da lógica do jogo, todo o processo entre captar a ação no mouse e enviar os dados à placa de vídeo pode levar até 21 milissegundos (o que é um tempo considerável). Ao chegar à GPU, é preciso aguardar até que texturas, sombras e outros efeitos sejam processados. Isso sim demora muito!
No fim das contas, o atraso entre a interação e a imagem gerada pelo processador gráfico pode levar até 58 milissegundos de input lag! Ok, dependendo do game, esse número pode cair para 13 milissegundos. Todavia, a história não acaba por aqui.
Após processar os quadros, a placa de vídeo envia o conteúdo para a saída de vídeo que levará o sinal até o monitor. Uma vez feito isso, as imagens começam a ser exibidas, mas há um atraso de até 16,67 milissegundos até que a transmissão seja completada. Acontece que a história muda completamente quando o V-Sync entra no enredo.
Afinal, V-Sync causa lag ou não?
Continuando nossa história, quando o V-Sync é ativado temos um grande p epino na mão. Além de todo o atraso que existe no processamento e envio, o V-Sync precisa aguardar um sinal do monitor para continuar enviando imagens ou para interromper o envio de mais quadros.
Independe se temos mais ou menos quadros, o V-Sync força um atraso de mais 16,67 milissegundos (que é o tempo para gerar a transmissão completa, conforme comentamos acima) para que haja a tal sincronização vertical à qual ele se propõe e para não atropelar as capacidades do monitor.
Conforme o site AnandTech explica, o input lag existe sim e pode chegar a absurdos 135 milissegundos caso o V-Sync esteja ativado e o jogador esteja com um monitor de péssimo desempenho. Para a maioria das pessoas, esse atraso deve ficar em torno de 33 a 80 ms, sendo que o valor mais elevado já representa um cenário bem ruim.
É importante ressaltar ainda que os atrasos com o V-Sync não dependem somente do processamento do computador e do monitor, mas também podem estar relacionados a problemas com o jogo. Há alguns games que trazem a opção de sincronização vertical, mas que simplesmente não sabem trabalhar com esse tipo de tecnologia.
Por fim, temos ainda a questão da percepção de cada jogador, e isso depende apenas do olho humano. Se você costuma verificar muitos problemas de atrasos e seus amigos não, é bem possível que seu olho seja um pouco mais apurado. Azar o seu que é ligeiro e vai ter que se contentar com atrasos no V-Sync ou rasgos de screen tearing.
Enfim, esta é a explicação sobre o input lag e o V-Sync, portanto não precisa mais perder tempo discutindo, pois o atraso realmente existe.
Fontes
Categorias