Agendada para o final deste semestre, Blood and Wine, a nova expansão de The Witcher 3, também é, infelizmente, a última. Portanto, a despedida de Geralt de Rívia, ao mesmo tempo em que contém todos os ingredientes de uma escala épica, é triste, pois representa o fim dessa longa jornada – e, possivelmente, da franquia.
A convite da CD Projekt Red, o TecMundo teve a chance de botar as mãos no conteúdo adicional por quase três horas. Épico, brutal, intenso, inteligente e enorme: esses são apenas cinco adjetivos que definem, ou humildemente tentam, a escala de Blood and Wine, que mais tem cara de jogo completo do que de expansão propriamente dita – até porque há, pelo menos, 20 horas de diversão aqui, ou mais de 30 para quem decidir fazer tudo.
E não é só pelo volume de atividades a fazer ou pelo tamanho do mundo em si que a expansão se destaca: é pela densidade da história, pelo desenvolvimento estendido de Geralt de Rívia, pelo amadurecimento dos personagens e, novamente, pela esplêndida dublagem em português brasileiro, liderada pelo ator Sérgio Moreno na pele do bruxo.
A jogatina rolou num bar com um ambiente adequado ao que vemos nos jogos da série
Toussaint, o admirável mundo novo
Batizada de Toussaint, a nova área do jogo fica ao sul do continente, no extremo sudeste de Skellige, Velen e Novigrad, os três espaços principais que constituem o mundo aberto de The Witcher 3. Para que se tenha um parâmetro, o tamanho da nova região é similar ao de Skellige, mas troque todos os trechos preenchidos de mar por terra firme.
Sim, é um mundo aberto colossal. Muito maior que o de vários jogos caça-níqueis à solta por aí – e isso que estamos falando da área da uma única expansão. E atenção: “expansão” não significa, necessariamente, uma mera “extensão” do conteúdo original. Em palavras resumidas, Toussaint traz:
- Novo vigor
- Novas culturas
- Novos dialetos dos habitantes locais
- Outros costumes e hábitos peculiares
- Criaturas inéditas e monstros tenebrosos – absurdamente maiores, em tamanho e importância
- Vegetações diferentes, com campos verdejantes, plantas exóticas e flores raras, cujas cores se misturam à paleta medieval que a franquia imprime, e isso resulta em nuances que são um colírio aos olhos
A nova área tem fauna e flora incríveis
- Personagens inéditos, com carisma diferente e temperamento imprevisível
Ao mesmo tempo em que sustenta tantas novidades para uma “mera” expansão, Blood and Wine consegue, sobretudo, respeitar o enorme legado que The Witcher 3 construiu e se insere nesse mundo trazendo um novo vigor, mas com a mesma essência. É o famoso (e raro) meio-termo: é novo, mas é velho. É velho, mas é novo. Ser os dois é a melhor fórmula possível.
Vilão memorável: a cereja que estava faltando no bolo
A CD Projekt Red já havia afirmado que, na visão dela própria, “faltou um vilão memorável” na história original de The Witcher 3, ainda que o antagonista de Hearts of Stone, a primeira expansão, tenha sido um ponto alto. Portanto, esse é um dos focos de Blood and Wine: apresentar, aos jogadores, um vilão do qual eles jamais vão se esquecer, ou seja, um personagem que tenha a dose certa de carisma e maldade – tanto na parte “mental” quanto na treta mano a mano.
Se há um presidente sofrendo impeachment na vida real, por que não transpor isso num jogo de fantasia medieval? Tudo serve como inspiração
“Nos inspiramos em praticamente tudo do mundo real: política, catástrofes, situações do cotidiano. Tudo pode contribuir para um mundo de fantasia como o de The Witcher. É por isso que sempre existe algo para ser explorado. Vocês ainda vão ver muita coisa do vilão que preparamos. Tem que ter significado, carisma, personalidade”, contou Alex Boirat, designer de quests do jogo, ao TecMundo.
Alex Boirat, quest designer do jogo
Além disso, haverá, de acordo com Boirat, mais “complexidade” do que muitos imaginam na expansão – ele até fez uma alusão ao contexto político que o Brasil enfrenta atualmente. “Ué, se a gente vê um presidente sofrendo impeachment na vida real, por que não transpor isso num jogo? Com um rei, de repente? Eu digo, não que vá acontecer [na expansão], mas tudo serve como inspiração. Blood and Wine será complexo nesse sentido, com toda uma nova cultura que vai ditar muita coisa ali”, explicou o polonês.
Geralt de Rívia agora tem sua própria casa e pode ser ferreiro/armeiro
Outra novidade de Blood and Wine é a residência de Geralt, um local em que o bruxo pode estocar sua coleção de espadas e construir uma série de melhorias que liberam novas áreas dentro da casa – mansão, melhor dizendo –, dando acesso a novas possibilidades.
Uma delas é a habilidade do bruxo em, finalmente, poder construir seu próprio equipamento, o que inclui espadas de aço/prata, jaquetas, manoplas, botas, calças e mais. Exatamente: você é o seu próprio ferreiro/armeiro e não depende mais de mão de obra terceirizada para realizar o serviço.
Geralt de Rívia tem muito mais autonomia na nova aventura
O acervo de espadas também foi uma ótima sacada. “Não é chato quando você vai até uma caverna distante, investiga os arredores, derrota um monstro após uma árdua batalha e aí, de recompensa, ganha uma linda espada que será vendida ou desmontada porque é pior do que a sua? Muitos jogadores reportaram isso no feedback, e nós escutamos tudo”, afirmou Boirat a nós.
Para aplicar melhorias em sua casa e ampliar os espaços, Geralt precisa desembolsar uma gorda quantia em dinheiro. Há uma espécie de decorador que auxilia o bruxo com dicas e conselhos de áreas que podem ser aprimoradas. É a esse cara que você deposita seu rico dinheirinho para que as construções sejam realizadas – e acredite, essa atividade tem potencial para ocupar horas de sua jogatina.
Menus redesenhados e mais intuitivos
Sempre atenta às palavras dos fãs nos fóruns oficiais da franquia, a CD Projekt Red trará, junto com a expansão, uma atualização imprescindível para novatos e veteranos: menus completamente redesenhados. O que inclui inventários, sistema de alquimia, separação dos itens, das espadas, dos equipamentos, das bombas, dos óleos. O apelo dos jogadores é escutado em todos os cantos nos corredores da desenvolvedora, que fica lá na Polônia.
A expansão conta com criaturas inéditas e colossais
O visual está muito mais agradável. Não que deixasse de ser assim antes, mas os ícones estão maiores, com mais visibilidade, bem como as descrições que os definem e os ingredientes necessários para criar determinado objeto. É um impacto que o jogador vai sentir à primeira vista – positivo a novatos e veteranos que almejam desbravar um New Game+.
A atualização, convém ressaltar, será disponibilizada ao jogo base, The Witcher 3: Wild Hunt, e à primeira expansão, Hearts of Stone, além, é claro, de Blood and Wine. Ainda não há data, mas a ideia é entregar essas melhorias até o final deste semestre, quando a nova aventura, também sem dia definido, será lançada.
O figurino é outro aspecto de destaque nos jogos da série – e Blood and Wine está caprichado nesse sentido
O fim de The Witcher?
É cedo para afirmar isso, até porque The Witcher 3, apesar de ter sido lançado no meio de 2015, ainda está sendo digerido por muitos jogadores, tamanha a quantidade de atividades para fazer e a densidade da história. Mas Blood and Wine sela, definitivamente, as aventuras de Geralt de Rívia.
“Ele precisa de um descanso!”, exclamou Boirat quando perguntado pelo TecMundo sobre isso. “E nós precisamos dar isso a ele. Sabe, ele é um bruxo, passou por mutações, enfrentou milhares de monstros, perdeu pessoas, salvou reinados. Ele precisa de um descanso. Não estou insinuando nada, só digo que ele precisa dessa aposentadoria. (...) Trabalhamos nessa franquia há mais de 10 anos. O primeiro é de 2007, mas temos de considerar que ele começou a ser desenvolvido antes disso. Foi uma longa jornada. Precisamos partir para outra”, revelou o designer de quests na entrevista concedida a nós.
Logo, repetimos: é cedo para afirmar qualquer coisa. O universo continuará ali. Quem sabe ele não é explorado por outro bruxo num spin-off? Ou um guerreiro desprovido de habilidades especiais? Ou, quiçá, por alguma criatura inteligente? Enfim, não custa sonhar.
Eis uma minúscula porção da gigantesca área de Toussaint
Blood and Wine custará US$ 20 e também será lançado em versão física, assim como Hearts of Stone, além do produto digital. Ainda não há dia exato definido, mas a previsão permanece para o fim deste semestre no PlayStation 4, Xbox One e PC.
Agora é só imaginar a escala megascópica que terá Cyberpunk 2077, a próxima empreitada da CD Projekt Red, ainda sem data de lançamento. Esse é um sonho mais factível.
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