Apesar das leis que proíbem a direção após a ingestão de álcool, não é difícil encontrar por aí motoristas alterados por algumas biritas e tragos a mais. Principalmente na madruga, as vias boêmias de toda cidade grande são palcos de barbeiragens e até acidentes mais graves. Mas, se as leis não podem impedir isso fisicamente, talvez o próprio carro possa.
Assim que você entrar no veículo, um sistema dentro do automóvel poderá te perguntar coisas como: "Como foi o seu dia?", "Seu time ganhou ontem à noite?" e "E a água? Choveu?". Analisando as suas respostas e, principalmente, a maneira como você verbaliza, esse sistema pode identificar uma bebedeira e simplesmente não ligar o motor. A atitude ainda seria seguida por um pedido de táxi ou simplesmente: "Desculpe, você não pode dirigir agora".
Como isso é possível?
Cientistas alemães criaram a primeira base de dados de vocalização embriagada. Batizada de Alcohol Language Corpus (ALC), ela foi desenvolvida na Ludwig Maximilian University em conjunto com o Institute of Legal Medicine, em Munique, por Florian Schiel, Christian Heinrich e Sabine Barfüsser.
A pesquisa teve início com 126 homens e mulheres reunidos no instituto para ficarem bêbados. Parece bacana, não é? Nem tanto. Entre eles, foram necessários atingir níveis de embriaguez que variavam desde aquela leve alegria até aquele estado em que você fica babando e querendo colocar seus órgãos para fora.
Após a definição de quais homens e mulheres estariam felizes ou acabados, grupos foram divididos e colocados em carros. Um sistema dentro do veículo gravava todas as conversas e definia padrões na alteração da voz com o nível de embriaguez.
O estudo durou 3 anos e, como resultado, foi criada a primeira biblioteca de áudio de vocalização bêbada. E a ideia é trabalhar a partir dela em sistemas que protejam motoristas. Talvez isso não esteja tão distante quanto parece. "Os próprios carros poderão ouvir o motorista, detectar que ele está potencialmente intoxicado e prevenir as consequências seguintes".