Se você é um usuário assíduo de internet e tem o costume de baixar arquivos, provavelmente já fez uso de alguma rede P2P. Os mais “antigos” vão se lembrar do Kazaa, o primeiro grande nome do gênero, mas foi o protocolo BitTorrent o mais eficiente de todos – e um dos mais utilizados na atualidade – para a troca de arquivos entre internautas.
Há vários programas que suportam esse protocolo, além de uma variedade também grande de serviços que hospedam e indexam arquivos torrent, rastreando-os para que seu conteúdo seja enviado entre todos os usuários. The Pirate Bay, o mais famoso de todos, já teve, inclusive, uma série de problemas legais envolvendo a pirataria.
Quem paga a conta?
Que o tráfego de dados na web devido ao compartilhamento de dados é imenso, ninguém duvida, mas o que talvez poucos imaginassem é que quem “arca” com as despesas do volume de dados não são os grandes fornecedores de acesso à internet, os ISP (sigla em inglês para Internet Service Provider).
Um estudo levado a cabo nos Estados Unidos, mas com dados de internautas do mundo todo, afirma que os grandes ISPs não são onerados com o volume de dados transferidos via torrent na internet. A pesquisa, feita em parceria entre a Universidade de Nothwestern e a Telefônica Research, analisou dados de 500 mil usuários localizados em 169 países, em 3.150 redes diferentes.
O serviço BitTorrent ocupa entre 20% e 57% do fluxo de dados transferidos via P2P, e quem “paga” por esse grande volume são os pequenos provedores regionais de internet, além daqueles que operam em redes corporativas. Essa informação é do site Gigaom, baseando-se na análise da pesquisa.
Dados permanecem locais
A afirmação acima vem do estudo e é uma das confirmações da ideia de que, se há alguém que paga mais pelos dados, são os provedores regionais. O grupo de pesquisadores informa que 32% dos dados trocados em uma rede P2P via BitTorrent permanecem no país de origem e 49% do tráfego é intradomínio (aquele que permanece entre o servidor e o serviço que fornece a sua conexão com a internet).
Dados não alcançam grandes estruturas da internet
Comumente, os dados transferidos via BitTorrent, por grande parte deles permanecerem na rede de um mesmo país, não chegam aos grandes backbones dos provedores de internet. Vale reafirmar aqui que “provedores” não são aqueles que fornecem autenticação para sua conexão (como Terra ou UOL), mas sim aqueles que fornecem o serviço de acesso à rede.
Assim sendo, como o fluxo de dados normalmente não se expande por vários países, seu tráfego permanece dentro de uma mesma rede, que, na maioria dos casos, é mantida por uma empresa de hospedagem.
Uso de BitTorrent ocorre paralelamente aos “horários de pico”
É comum ouvir dizer que o compartilhamento de arquivos é maior durante a madrugada, porém, a pesquisa norte-americana mostra que esse comportamento já não é padrão, pois o fluxo de dados também é muito grande durante o dia. Inclusive, muitas das transferências ocorrem nos chamados “horários de pico”, quando a internet é mais usada por todos. Assim sendo, o tráfico “extra” gerado pelo BitTorrent sobrecarrega a rede.
Lucro ou prejuízo?
A conclusão da pesquisa é que o uso de BitTorrent gera receita para os grandes provedores de internet. Em contraponto, empresas de menor porte que compram o acesso das megacorporações das telecomunicações para revendê-lo, uma prática comum, acabam por pagar mais do que lucram com sua infraestrutura. Além disso, o estudo aponta ainda que redes corporativas ou existentes em universidades acabam pagando pelo excesso de tráfego.