Tudo sobre o Threads: ‘clone’ do Twitter pode superá-lo?

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O Threads, ‘clone’ do Twitter desenvolvido pela Meta, finalmente chegou para sacudir o mundinho das redes sociais e engrossar a rinha de bilionários. Tudo começou ainda na noite de quarta-feira (05), quando o Twitter e Instagram ficaram inundados de pessoas postando que já tinham entrado na nova plataforma. 

 Assim, muita gente atravessou a madrugada comentando, entrando e interagindo por lá – não víamos nada assim desde a fatídica festa do BBB 21. O Tio Mark Zuckerberg estava em polvorosa: comemorou, por meio de posts, os rápidos e históricos números alcançados em pouquíssimo tempo.  

 Segundo ele, em 7h foram 10 milhões de inscritos, um recorde na história da internet que tinha sido do ChatGPT (que levou 5 dias para reunir 1 milhão). Na manhã de quinta, já se contabilizavam 30 milhões de pessoas (!). Ele mesmo, no momento da edição desta matéria, acumulava 1,5 milhão de seguidores. Mas aí fica a pergunta: a nova rede vai dar bom? Vamos analisar por partes. 

Mark Zuckerberg comemoraMark Zuckerberg comemorou números recordes de inscritos no Threads.

Threads veio na esteira de decisões polêmicas

Ao que tudo indica, os olhos de Mark brilharam com as recentes decisões controversas de Elon Musk sobre o Twitter. Uma das primeiras insatisfações da galera tuiteira veio na esteira da remoção de selos de verificado enquanto um dos privilégios do Twitter Blue, sua versão paga.  

Não dá para negar que o formato antigo do selo azul fazia mais sentido, afinal para recebê-lo era necessário passar por um “sistema” de validação de perfil. Assim qualquer pessoa, bem ou mal-intencionada, poderia exibir o status. Musk também fez outras alterações que impactaram não pagantes:  

  • ampliou o tamanho dos tuítes  
  • retirou a função de tradução de posts 
  • limitou o número de tuítes e retuítes (foram 3 modificações em 24h). 

Elon Musk perdeu para a Meta?

Desde que comprou o Twitter e assumiu a cadeira de CEO (hoje ocupada por Linda Yaccarino), o bilionário passou como um vendaval dentro da companhia. Um de seus primeiros atos foi demitir funcionários (inclusive do Brasil), de modo que o número passou de 7,5 mil para menos de 2 mil. Outros profissionais, que discordavam de sua visão de “trabalhar com intensidade” (vulgo por longas jornadas), pediram as contas. 

As defesas de Elon a respeito de uma suposta liberdade de expressão foram ainda rebatidas dentro e fora da rede. Para muita gente, isso só aplicava ao ponto de vista dele e abria brechas para casos de ódio, bem como de assédio por lá. 

  • Desde então, diversos anunciantes importantes deixaram a plataforma — lembrando que a fonte de receita sempre foi um impasse por lá. De acordo com um estudo da PewResearch Center, houve queda de 25% no número de tuítes desde a aquisição do Passarinho, em outubro de 2022. 

Na semana passada ainda rolou um boom de inscritos no Bluesky, outra rival do Twitter, criada por seu cofundador Jack Dorsey. O motivo? A limitação de tuítes, como falamos ali em cima. Além disso, a mudança do algoritmo, influenciada pela lógica do TikTok, parece não ter funcionado para a nação tuiteira. 

A relação de Mark e Elon inclusive não andava das melhores. O dono da Tesla chegou a ‘convocar’ o rival para uma luta corpo a corpo com Mark (de cá torcemos pela briga) há algumas semanas. 

Mark lutandiMark Zuckerberg andou treinando para lutas (quem sabe com Elon)?

Meta também tem seus problemas

Mark, por outro lado, vinha tentando emplacar novidades nos últimos anos que não deram lá muito certo: o metaverso foi engolido pelo hype da IA e seus headsets de realidade virtual Oculos Quest ainda não são bem um sucesso de vendas. 

  • Embora ainda seja a maior rede social do mundo, o Facebook vem perdendo na renovação de usuários tanto para o Insta quanto para o TikTok. Fora os escândalos do caso Cambridge Analytica, problemas massivos de desinformação, redes de pedofilia operando na plataforma de imagens, influência negativa na saúde de jovens etc. 

Mas isso não tem sido o suficiente para parar o cofundador do Facebook. E ele, que não é bobo nem nada, soube construir seu império comprando e/ou copiando rivais (o Snap sentiu isso na pele). Antes do Threads, o Mastodon e Koo (lembra-se dele?) tentaram pegar uma fatia público do Twitter, mas sem sucesso. 

O Twitter vai acabar?

Olhando o conjunto da ‘obra’ não podemos negar que Musk entregou, de bandeja, mais uma fonte de negócio para Zuckerberg. A Meta é uma empresa de valor de mercado de quase USD 750 bilhões e até pioneira quando o assunto é operar diferentes redes sociais. Por esse motivo, existem chances de o Thread funcionar – inclusive tem até usuários já descrevendo-o como “viciante”.

Mas, mesmo com o hype, é possível perceber que a rede foi criada às pressas. Prova disso é que seu logo é basicamente o arroba usado nos stories do Instagram (saca o print aqui embaixo).

Logo da ThreadsLogo do Threads nada mais é que uma reprodução de um '@' de menção em stories do Instagram

Além disso, o Threads não tem algumas funcionalidades importantes do Twitter, como:

  • top trends
  • hashtags e tags
  • mensagens privadas
  • botão de salvar tuítes (itens salvos)
  • uma função de streaming de áudio, como o Spaces
  • uma interface de web (parece estar em construção)
  • opções de monetização
  • busca de posts
  • não é possível deletar a conta do Threads sem excluir a conta do Instagram.

Em termos de privacidade, o Threads coleta praticamente os mesmos dados de qualquer outra plataforma – localização, histórico de buscas, informações de uso, contatos, conteúdo consumidos e afins. Entretanto uma matéria da turma do Núcleo descobriu existir dois campos no mínimo estranhos: informações confidenciais e outros dados.

Threads animou o mercado

Apesar dos problemas, o mercado financeiro ficou animado com a novidade, pois as ações da Meta fecharam o pregão de quarta (05) com quase +3% na Bolsa de Nova York. Elas ainda saltaram 1,7% depois do período regular de negociações.

 Analistas do banco Wells Fargo, segundo uma reportagem do site Investing, preveem que a plataforma adicione entre “1% e 3% na receita e no lucro por ação” da Meta – o maior impacto viria dos EUA. No entanto, esse resultado rolaria somente no longo prazo a partir do estabelecimento da rede social, servindo como mais uma opção de publicidade on-line.

Elon Musk e Mark Zuckerberg vão brigar na justiça?

E é claro que houve trocas de farpas entre os bilionários: depois de 11 anos sem tuitar, Mark Zuckerberg postou o meme de dois Homens-Aranha apontando um para o outro – provavelmente referindo-se à cópia de sua rede social.

Musk não deixou barato e lançou uma indireta ao rival, também por meio de um tuíte, dizendo: 

“É preferível ser atacado por estranhos no Twitter do que ser entregue à falsa felicidade de esconder a dor do Instagram”.

O bilionário parece mesmo ter sentido a provocação de Mark, tanto que o site Semafor divulgou na quinta (06) que o advogado do Twitter, Alex Sapiro, teria direcionado uma carta a Zuckerberg com ameaça de processo. Dentre as acusações estaria a de “apropriação de segredos comerciais do Twitter e outras propriedades intelectuais”.

O documento ainda dizia que a Meta teria contratado dezenas de ex-colaboradores do Twitter, que sabiam de vários desses segredos, incluindo alguns “altamente confidenciais”.

Como dá para notar, certamente falaremos bastante da nova rede social e seus desdobramentos. Não podemos inclusive nos esquecer de concorrentes que estão a caminho, como é o caso do Bluesky – ninguém entende mais a lógica ‘de Twitter’ do que Dorsey.

Os órgãos reguladores dos EUA e União Europeia estão cada vez mais combatendo potenciais práticas anticompetitivas de big techs. Mark sozinho tem o Instagram, Facebook, Threads e WhatsApp. Então será que ele vai conseguir ir longe com tanta rede e dados em mãos?

*Esta é uma matéria exclusiva do The BRIEF, newsletter dedicada a tecnologia, negócios e comportamento, para o TecMundo. Curtiu? Assine já!

 

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