Pia, balcão, fogão, forno e refrigerador. Basicamente é isso – com o acréscimo do freezer e do micro-ondas – que existe em uma cozinha. Claro que vários eletrodomésticos e outros acessórios são bastante comuns, mas uma sala de azulejos apenas com um micro-ondas não é uma cozinha de verdade, não é mesmo?
Apesar de diversas inovações em termos de eficiência energética e – principalmente – design, os equipamentos de cozinha são praticamente os mesmos desde a época dos seus avós. Mas as empresas de eletrodomésticos e utensílios estão ligadas na inovação tecnológica e apostam em diversas novas tecnologias para conseguir a cozinha do futuro.
Pequenos passos
Não só de enormes equipamentos sobrevive a indústria da inovação. Opções de design – incorporando novas tecnologias ou concentrando tecnologias já existentes em um único produto – podem transformar “mais um” em sonho de consumo. Bons exemplos desse tipo de prática, que visa principalmente aumentar o conforto do usuário, estão espalhados pelos mais diversos equipamentos.
A geladeira modular da Electrolux, por exemplo, foi criada pensando no conforto de pessoas que dividem apartamentos ou dormitórios. Cada módulo é independente e apenas a base com o compressor é compartilhada por todos. Assim tornam-se desnecessários os avisos e etiquetas de declaração de propriedade.
Outro equipamento que se utiliza de tecnologias já existentes reunidas em um único eletrodoméstico é a batedeira Planetária Deluxe da Arno. Com um novo sistema de abertura, bocal de alimentação e velocidade variável – que evitam respingos ao adicionar ingredientes ou durante o acionamento do aparelho – a Planetária Deluxe reúne praticidade e desempenho mesmo ao bater massas pesadas.
Limpeza e saúde
A preocupação com a higiene – essencial em um ambiente onde se prepara alimentos – desta simples lixeira de cozinha é um exemplo de inovação usando tecnologia existente. Cortar cebolas, descascar tomates ou mesmo desossar um pedaço de carne gera uma quantia significativa de resíduos, e a lixeira – mesmo em cozinhas asseadas – é hospedagem de germes e micróbios que podem causar doenças.
Para evitar o contato do cozinheiro com esses patógenos, sensores semelhantes aos das portas automáticas foram instalados na parte da frente do recipiente. Ao colocar o pé em frente ao sensor, a tampa abre automaticamente.
Segundo Michelle Baiak - a especialista em cozinha da NZN, do site Tudo Gostoso – se a abertura da tampa for rápida o suficiente, pode ser que a tecnologia valha a pena. Na correria da cozinha, diz Michelle, com quatro ou cinco pratos sendo preparados juntos, não há tempo de esperar um dispositivo desses colaborar com o chef.
Outra tecnologia – utilizada hoje principalmente em consultórios médicos e na indústria – diz respeito à limpeza de utensílios como talheres, panelas e pratos.
Ao invés de estragar as mãos com detergente e esponja, ou gastar uma enorme quantidade de água em uma lava-louças, a higienização do material poderia ser feita por meio de tanques de limpeza ultrassônica, onde os materiais seriam submetidos a vibrações de altíssima frequência. Esses sistemas garantem a limpeza de partículas minúsculas – inclusive micróbios – sem gastar quase nada de água nem ressecar a pele das mãos.
A Michelle do Tudo Gostoso comentou que poucas coisas são tão terríveis – na cozinha – quanto limpar um forno. Uma das soluções para isso já está no mercado, apesar de indisponível no Brasil.
O Superpaper é uma embalagem de alta resistência térmica, podendo ser levada ao forno em temperaturas de até quase 230º. Esse material pode, inclusive, substituir o uso de panelas, além de evitar respingos e estouros de gordura ou outros materiais dentro do forno, facilitando a limpeza das paredes internas do equipamento.
Equipamento de amanhã, hoje...
Inovação. Por definição, é algo que chega quebrando paradigmas e apresentando soluções novas e resolvendo problemas de difícil solução. Essa é a palavra-chave na tecnologia, especialmente quando aplicada à cozinha.
Um excelente exemplo da inovação no preparo de alimentos é o fogão por indução. Semelhante a um fogão elétrico, o aparelho gera um campo eletromagnético entre sua superfície e a panela. Esse campo dificulta a dissipação do calor, aumentando a eficiência do fogão e diminuindo o tempo de cozimento.
Outra vantagem – dependendo do local onde você mora – do fogão por indução é a não interferência ambiental. Como o campo eletromagnético impede que o calor se dissipe normalmente, a temperatura da cozinha não sofre alterações, mesmo com o fogão ligado durante longos períodos.
As geladeiras – ícones da cozinha, assim como o forno e o fogão – também recebem características high-tech. Além dos dispensadores de gelo e água – e em alguns modelos até de cerveja ou café –, os refrigeradores também são alvo de invenções e novidades.
Telas touchscreen, conexão Wi-Fi e até mesmo reconhecimento RFID já são integrados a determinados modelos de luxo. As etiquetas de rádio, inclusive, são responsáveis por um sistema que avisa ao cozinheiro quando o estoque de determinado produto está acabando.
Digno de ficção científica
No mundo da alta tecnologia, muita coisa fica apenas no “vaporware”, ou seja, é anunciado, explicado, mas nunca chega a ser produzido. Conceitos de design e de funcionalidade costumam abraçar esse status com facilidade, seja por falta de capacidade produtiva ou por exigências do mercado, muita coisa nunca faz a passagem do projeto para o produto.
É difícil imaginar – por exemplo – que este conceito da Electrolux de cozinha “tudo em um” venha a ser produzido, pelo menos pensando em tecnologia existente. O projeto é de uma bancada inteligente, com touchscreen para controle, em que toda a superfície pode funcionar como balcão de preparo, interface de redes sociais – para pesquisar receitas, por exemplo – e fogão de indução.
Novamente, depois dos fogões, as geladeiras. A NASA utiliza em satélites e outros equipamentos com necessidade de refrigeração um sistema chamado de refrigeração pulse-tube.
Basicamente é um compressor – a parte que força o resfriamento da câmara interna da geladeira – que não utiliza gases tóxicos como o freon. Atualmente o rendimento desse tipo de solução em condições normais não é suficiente para concorrer com os equipamentos tradicionais, mas a tecnologia existe, e é desenvolvida.
Quem sabe em um futuro próximo não estará em sua casa uma cozinha como esta, proposta pela General Electric americana? Nela todas as superfícies verticais se tornam uma grande tela OLED com ativação pela voz, portas de vidro deslizante e utilidades integradas, como um fogão por indução autolimpante embutido como uma gaveta. É só puxar e começar a cozinhar.
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