O crescimento do comércio online global aponta que esse será um dos seguimentos que mais deve crescer na próxima década. Mesmo em um momento de recessão global o segmento cresce a largos passos, especialmente em países em que as plataformas online não foram totalmente exploradas.
O Brasil é um exemplo de país em que o comércio online ganha cada vez mais espaço. No Natal de 2010 foram obtidas vendas de cerca de 1,6 bilhão de reais, crescimento de 28% em relação ao mesmo período de 2009. O cenário é ainda mais surpreendente quando comparado ao varejo físico, que obteve crescimento de 6,8% no mesmo período.
Porém, por maior que seja o crescimento do comércio online, isso não quer dizer que as vendas físicas estão condenadas ao esquecimento. Apesar das comodidades do meio virtual, ainda há setores em que o conforto de ficar em casa não compensa a perda de experiências como provar o caimento de uma roupa ou conferir de perto a aparência de um alimento, para citar alguns exemplos.
Algumas novidades tecnológicas prometem revolucionar o modo como fazemos compras em lojas físicas, facilitando o trabalho do vendedor e diminuindo o tempo gasto em tarefas rotineiras como abastecer a dispensa de casa.
Este artigo apresenta algumas das novidades que em breve devem fazer parte de nossa rotina, e mostra como o meio virtual pode se tornar um parceiro de lojas físicas para fortalecer o comércio e tornar mais fácil a vida do consumidor.
Lojas inteiras dentro do computador
Partindo do comércio online, um campo que promete ganhar espaço no futuro é o das lojas virtuais, em que o consumidor acessa uma versão tridimensional do ambiente de compra e interagie com os produtos e atendentes, tudo no conforto de casa.
Quem aposta nessa tendência tenta aproximar o ambiente virtual do real, trazendo alguns elementos que faltam aos tradicionais sites de comércio online. Não é difícil encontrar situações em que se desiste de uma compra por não haver alguém responsável por responder dúvidas ou por falta de certeza se determinada roupa ou acessório ficaria bem em seu corpo.
Os ambientes online para a compra de produtos prometem introduzir cada vez mais elementos encontrados em universos como o Second Life, em que é possível interagir com ambientes realistas por meio de um personagem que simula as características do usuário.
A combinação desses elementos com a tecnologia da realidade aumentada promete trazer uma experiência muito mais cômoda e acabar com algumas dúvidas comuns nos sites atuais. Não sabe como determinada camisa ou calça vai cair no seu corpo, ou se está comprando o tamanho certo? Nas lojas virtuais do futuro bastará ligar a webcam para ver uma representação realista do produto escolhido na tela do computador.
O celular mostra sua versatilidade
Os smartphones disponíveis no mercado estão cada vez mais poderosos, podendo ser comparados a versões mais simples de computadores domésticos. Pensando nas facilidades de uso e praticidade que smartphones oferecem, empresas como o eBay estão desenvolvendo softwares próprios que permitem ao usuário comprar e vender produtos de qualquer lugar em que estejam.
O celular também apresenta uma alternativa para quem procura mais praticidade na hora de realizar compras em lojas físicas. Um supermercado da Alemanha já permite que clientes utilizem seus aparelhos portáteis como verdadeiros leitores de códigos de barra.
Basta instalar um software próprio e acionar a câmera do dispositivo: uma foto do código de barras do produto selecionado o adiciona automaticamente à lista de compras, mostrando o valor total na tela do aparelho.
Quando finaliza as compras, basta selecionar uma opção para exibir um código de barras na tela do aparelho que, ao ser passado em um leitor especial, desconta o valor direto na conta do usuário.
O supermercado do futuro já existe
A prova de que a tecnologia disponível atualmente já é capaz de modificar o jeito com que fazemos compras é a Future Store (Loja do Futuro, em uma tradução livre), localizada na cidade de Rheinberg, na Alemanha.
Uma experiência patrocinada por marcas como a Intel, Cisco Systems, Coca-Cola, Hewlett Packard, IBM, Kraft Foods, Nestlé, Philips e outros nomes de peso, o supermercado conta com o que há de mais novo em tecnologia para deixar mais cômoda e agradável a experiência de realizar as compras do mês.
A diferença começa logo na entrada: cada carrinho é equipado com um monitor próprio, no qual é possível verificar o preço de cada produto, obter dicas de receitas e utilizar um prático mapa para identificar a localização de cada produto nas estantes.
Caso o cliente assine um plano de fidelidade, ainda tem a possibilidade de fazer o upload de listas de compras feitas online, o que traz mais praticidade à experiência.
Na hora de consultar preços, outra facilidade: em vez dos velhos papéis indicando ofertas e valores cobrados (quem já não deixou de comprar algo por ter dado pela falta do preço?), pequenos painéis eletrônicos informam quanto o cliente vai gastar.
Isso permite modificar os valores de maneira rápida e realizar facilmente ofertas por tempo limitado - que são enviadas para o monitor do carrinho utilizado, permitindo que todos saibam o que está acontecendo.
Quando é preciso pesar frutas, nada de esperar sua vez em filas imensas enquanto aguarda um funcionário realizar o serviço: diversas balanças com câmeras espalhadas pelo mercado reconhecem o tipo de alimento e seu peso, fabricando automaticamente a etiqueta adequada. Em caso de dúvidas, um monitor permite que o usuário selecione qual a fruta correta para pesagem.
Terminais espalhados pela loja permitem que a pessoa aprofunde o conhecimento sobre cada produto disponível, obtendo informações de uso ou comparando preços entre marcas semelhantes. Dessa forma, é possível saber qual vinho comprar para combinar com o prato que se pretende cozinhar no jantar, além de obter alguns detalhes sobre sua história e local de origem.
Porém, o grande destaque da loja é a utilização de etiquetas RFID (Radio Frequency Identification, ou Identificação por Frequência de Rádio), que permitem saber quando está acabando o estoque de algum produto ou se é preciso substituir algo cujo prazo de validade está espirando.
RFID, etiquetas inteligentes que podem ser o futuro das compras
Para entender como funcionam as RFID é preciso comparar a tecnologia com os códigos de barras comuns, encontrados em praticamente qualquer produto disponível atualmente.
Imagine se em vez de ter que passá-los um por um em um leitor próprio, esses códigos de barra fossem capaz de enviar sinais indicando a quais produtos pertencem e sua localização exata? É justamente isso que faz o RFID, proporcionando mais praticidade ao cliente e à loja.
Dessa forma, quando for preciso passar pelo caixa na hora de retirar os produtos da loja, basta ao atendente passar o carrinho por um sensor para identificar em poucos instantes tudo o que se está comprando e o preço total obtido. Assim, não é mais preciso passar pelo processo chato de colocar e tirar as compras do carrinho diversas vezes.
A tecnologia também permite maior segurança, ao permitir que guardas do local verifiquem com maior facilidade atividades suspeitas e evitem roubos. Além disso, seu uso inteligente permite verificar com eficiência o transporte de produtos ou permitir o manuseio de equipamento somente por quem estiver com o uniforme necessário, isso só para citar alguns exemplos.
Como toda nova tecnologia, o RFID gera polêmica por abrir a possibilidade de que a privacidade do cliente seja violada, já que as etiquetas permitem localizar os produtos em qualquer lugar que estejam.
Embora essa seja uma preocupação real, existem soluções como apagar todos os dados sobre o produto assim que o pagamento fosse feito. Porém, isso traria como consequência negativa a impossibilidade de realizar compras mais personalizadas ou facilitar a troca de produtos defeituosos.