É possível dizer que a internet surgiu de uma maneira muito semelhante aos outros meios de comunicação, como o rádio e a televisão, por exemplo.
Até alguns anos atrás, as pessoas não tinham a mínima noção da proporção que a internet tomaria, muito menos dos usos que se fariam dela. E é exatamente por isso que a rede é, de certa forma, desorganizada hoje em dia.
As leis na internet
Não há leis muito concretas, nem normas de conduta que as pessoas devem seguir obrigatoriamente. Há somente algumas pouquíssimas adaptações das leis que já existem normalmente para a internet.
As poucas leis que servem também para a internet correspondem, em sua maioria, às leis de defesa do consumidor, no caso de alguém comprar produtos em lojas virtuais. Nesse caso, as lojas acabam sendo consideradas da mesma maneira que as reais, não havendo uma diferenciação apropriada.
Fora as leis do consumidor, algumas outras também podem ser adaptadas para a internet, como quando ocorrem ataques pessoais, em que há danos morais. Mesmo assim, não é algo considerado como “lei digital”.
Se realmente houvesse organizações e leis digitais, não teríamos grandes problemas com roubos de contas e falta de privacidade. Mas é importante pensar até que ponto isso é realmente algo benéfico.
O anonimato
É possível dizer, com a maior segurança, que as pessoas têm todo tipo de anonimato que quiserem na internet. Ataques pessoais, por exemplo, podem surgir da maneira mais fácil possível. Comentários ofensivos em blogs e fotologs pessoais, por exemplo, é uma das maneiras mais comuns de ataques anônimos que existe.
E, através de alguns mecanismos, é possível enganar os servidores e fazer com que o seu computador seja visto como sendo um outro totalmente diferente. É como se você se disfarçasse para acessar um determinado site, por exemplo. Esses mecanismos são usados por hackers para invasão de contas em geral, como de bancos, para transferência ilegal de dinheiro.
Não é difícil de tentar visualizar esse anonimato no nosso cotidiano, fora da internet. Imagine um homem que rouba um banco tranquilamente e foge como se fosse simplesmente invisível. É claro que, na maioria das vezes, o rastreamento faz com que seja possível encontrar o criminoso por trás da tela do computador. Porém, isso dificilmente ocorre em casos menores.
O anonimato também invade a pessoalidade de cada um. No Orkut é possível criar um tópico como uma pessoa anônima, para depois jogar críticas e ataques livremente sobre qualquer um que contrariá-lo. O problema é que, apesar de ser possível excluir o tópico e até denunciar a pessoa para o Orkut, não há meios legais para se repreender o agressor.
Isso também acontece em comunidades totalmente anônimas, como é o caso do 4Chan e 55Chan, que funcionam como uma espécie de fórum de discussão. A diferença é que nesses fóruns, absolutamente todos os usuários são anônimos e podem trocar imagens e opiniões sem se identificar de forma alguma.
Na verdade estamos todos identificados
Quando você se conecta a uma rede interna ou de computadores, o seu PC recebe um endereço IP. Esse número é atribuído de maneira individual, para identificar cada um que está conectado. Dessa forma, não é possível anonimato na maioria dos casos, já que quando você utiliza a internet, deixa um “rastro”, que é o seu endereço IP.
Nós buscamos o não anonimato?
Na verdade, o que realmente se percebe, é que queremos perder o anonimato na internet. Pelo menos é isso que dá a entender, quando se veem pessoas que divulgam sem problemas os seus dados pessoais e até as localizações que se encontram em presentes momentos, através de diversas redes sociais. A maioria dos usuários quer, de fato, ser reconhecida.
Entretanto, essas pessoas podem acabar sendo prejudicadas por outras que se fazem anônimas, como citado acima, através dos mais variados ataques pessoais. Em alguns casos, os dados são obtidos de maneira anônima para atingir a vítima também fora do meio virtual.
A solução?
Em outubro, Eugene Kaspersky (CEO da Kaspersky) concordou que o maior problema da internet, em questão de segurança, é o fato das pessoas poderem se fazer anônimas.
A sugestão de Kaspersky para resolver o problema? Fazer com que todos se identifiquem obrigatoriamente na internet, através de passaportes. Para navegar, então, é obrigatório usar o seu. Se você imaginou um usuário e senha, acredite, vai mais longe que isso: seria como um documento de verdade, impresso.
Segundo o CEO, a atitude de liberar a internet para todos foi totalmente errada, pois ela começou como uma ferramenta militar, com a ARPANET (considerada o protótipo da internet). Ao aproximar o virtual do real, a intenção é de que a segurança seja a mesma. Se nossos documentos permitem que sejamos identificados, através de impressões digitais e fotos, por exemplo, será que isso não seria possível no meio virtual?
Como isso pode ser ruim?
Em primeiro lugar, esse “passaporte virtual” envolveria acordos internacionais extremamente complexos e alto custo para todos. Em segundo lugar, é fácil perceber que essa maneira sugerida pelo CEO da Kaspersky é ligada diretamente a uma possível espécie de vigilância.
Imagine se, em cada local que você fosse, no shopping ou no mercado, você precisasse apresentar a sua identidade e ser registrado no local, todas as vezes. Cada ação e passo seu são observados por alguém — e você não sabe quem é. Isso até lembra o clássico livro de George Orwell, chamado “1984”, em que o “Big Brother” observa tudo e todos.
O problema é simples: se acabar o anonimato, a privacidade também é, de certa forma, exterminada. Se bandidos perderem a falta de liberdade, você também vai perder. É uma atitude muito extremista.
E, se pararmos para pensar um pouco, os bandidos acabarão por achar uma maneira de usar identidades falsas, assim como já fazem ao burlar sistemas e roubar bancos virtuais. Sendo assim, se o “passaporte” realmente entrasse em cena para valer, acabaríamos perdendo a liberdade em vão.
Mas, ao mesmo tempo, seria possível que fosse criado um sistema praticamente infalível, de modo que quebrá-lo seria extremamente difícil. É claro, ainda com o custo da falta de liberdade.
E você, caro usuário, o que acha? Um novo sistema de segurança como o sugerido pode mesmo acabar com a liberdade dos usuários de internet? E será que isso realmente valeria a pena? Continue a discussão nos comentários.
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