(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)
Por mais que o mundo da tecnologia evolua em ritmo extremamente rápido, nenhum aparelho está livre de apresentar problemas. Embora novos materiais e técnicas de fabricação garantam uma qualidade e durabilidade cada vez maior aos produtos que chegam às lojas, muitas vezes basta tirar um dispositivo da caixa para que um defeito venha à tona.
Quando se fala especificamente de displays, um velho inimigo dos consumidores parece voltar à tona de tempos em tempos: o famoso efeito “Burn-in”, em que determinadas imagens ficam “queimadas” na tela. A ele, se juntou recentemente um problema conhecido como “efeito Mura”, que costuma dar muita dor de cabeça a quem investe em produtos com tela OLED.
Neste artigo, vamos explicar em detalhes como cada um desses efeitos ocorre, e quais são as condições mais comuns para que eles surjam. Confira nossas explicações e, após finalizar a leitura, não se esqueça de deixar sua opinião sobre o assunto em nossa seção de comentários.
Burn-in: queimando elementos em sua tela
O efeito conhecido como “Burn-in”, também chamado de “imagem fantasma”, não é algo exatamente novo. Até mesmo os antigos televisores de tubo conviviam com o problema, em que um determinado elemento fica marcado na tela mesmo após o aparelho ter sido desconectado de qualquer fonte de energia.
(Fonte da imagem: Reprodução/NeoGAF)
O problema é reflexo de um uso não uniforme dos pixels que constituem uma tela, cuja degradação de luminescência pode fazer com que determinados elementos fiquem marcados permanentemente em uma área. Quanto mais tempo um item específico aparece de maneira fixa na tela (como os indicadores de um jogo, por exemplo), maiores as chances de que a “queimadura” ocorra.
O tempo que leva para o efeito surgir varia conforme os elementos que são exibidos de maneira constante pelo produto utilizado: um smartphone que exibe uma barra lateral permanente, por exemplo, têm mais chances de ficar com essa imagem marcada do que um produto em que esse elemento desaparece de forma automática.
Embora o “Burn-in” seja associado geralmente a displays de Plasma, não são somente eles que apresentam o problema. Em telas OLED, por exemplo, a degradação natural dos componentes faz com que os pixels tendam a dar preferência a uma única cor (normalmente, eles alternam entre tons de verde, vermelho e azul), o que pode fazer com que surjam certas marcações em locais fixos.
(Fonte da imagem: Reprodução/CNET)
Já em painéis LCD convencionais, o efeito ocorre porque determinados pixels perdem a capacidade de retornar a seu estado “relaxado”. Nesse caso, também ocorre um efeito conhecido como “permanência de imagem transiente”, causado por um acúmulo de carga em determinadas áreas — conforme o próprio nome desse problema deixa claro, ele não tem consequências permanentes e tende a sumir em pouco tempo.
Como evitar o problema?
Para evitar que esse problema ocorra, foram desenvolvidas soluções como os protetores de tela, aquelas pequenas animações que passam enquanto seu computador entra em repouso. Esse recurso atua como uma forma de se certificar de que nenhum pixel vai ficar estático, o que evita o efeito de “queimadura” deixado na tela.
Nos casos em que esse tipo de solução se mostra pouco prática, como em televisores com display de Plasma, fabricantes utilizam métodos variados para evitar ou reduzir o efeito. Entre eles está a rotação discreta dos pixels exibidos na tela, algo que, embora não seja notado pelo olho humano, acaba reduzindo de forma substancial a aparição do problema.
Mura: nuvens em sua tela
Semelhante ao “Burn-in” em sua capacidade de causar irritações, o efeito “Mura” (o equivalente japonês à palavra “irregularidade”) é constituído pela aparição de áreas semelhantes a nuvens em displays LCD. Relativamente comum, o problema é causado por uma falta de consistência no processador de um aparelho no que diz respeito ao controle da intensidade de luz exibida por diferentes pontos de uma tela.
Um PlayStation Vita com um caso grave de efeito Mura (Fonte da imagem: Reprodução/NeoGAF)
Esse erro de calibragem geralmente é responsabilidade das próprias linhas de montagem, e sua solução envolve a substituição de partes eletrônicas internas, algo que nem sempre se mostra possível. O efeito é resultado de painéis montados de forma incorreta (cuja pressão acaba destruindo determinados pixels), de células de iluminação com tamanho não uniforme e de impurezas como elementos químicos ou poeira que se infiltram nos painéis durante seu processo de produção.
Para detectar se o seu dispositivo sofre com o problema, é possível realizar alguns testes simples e observar se há a ocorrência de disparidades na iluminação da tela. Primeiro certifique-se de que o nível de retroiluminação do painel corresponde às determinações de fábrica, e em seguida observe o desempenho de seu produto em condições com baixa luminosidade ambiente e em situações em que há diversos elementos negros em uma cena escura.
Como se prevenir?
Infelizmente, não existe uma forma garantida de se prevenir contra o efeito Mura, já que ele é mais uma consequência de processos de fabricação falhos do que de atitudes que o consumidor possa realizar. No entanto, é possível limitar a aparição do problema deixando seu monitor ou televisão em um ambiente bem iluminado, o que vai exigir um nível de retroiluminação menos intenso.
(Fonte da imagem: Reprodução/BeHardware)
Vale notar que isso não vai significar o desaparecimento do efeito, simplesmente vai fazer com que ele não seja notado de maneira tão clara. O fato é que esse problema não é exatamente novo, embora somente agora tenha começado a chamar atenção — o motivo para isso é simples: conforme painéis LCD enormes se tornam cada vez mais comuns dentro de nossas casas, mais notáveis ficam as deficiências com as quais as fabricantes não precisavam se importar tanto até pouco tempo atrás.
Ninguém está a salvo
Apesar de ambos os problemas listados neste artigo não serem algo que afeta todos os televisores, smartphones ou video games portáteis vendidos atualmente, é preciso ficar atento ao fato de que, eventualmente, você poderá ter que lidar com eles. Isso porque os dois efeitos são consequências naturais das tecnologias e processos de montagem usados pela indústria dos eletrônicos.
Assim, a melhor forma de se precaver é procurar fazer testes compreensivos de um produto antes de levá-lo para casa. Certas linhas de televisores, por exemplo, costumam apresentar mais o efeito Mura do que outras fabricadas pela mesma empresa — resultado de linhas de produção diferenciadas.
(Fonte da imagem: Reprodução/Sony Clouding)
Da mesma forma, a presença de imagens “queimadas” na tela também pode ocorrer em qualquer produto eletrônico, esteja ele equipado com um painel LCD ou Plasma. Nesse caso, atitudes simples como trocar de canal ou de jogo eletrônico de tempos em tempos (evitando que certos elementos fixos sejam exibidos durante um período extenso) ou usar protetores de tela podem evitar que o problema ocorra — porém, na prática, ele ainda pode acontecer.
Conforme a indústria evolui, a expectativa é que o surgimento desses e de outros defeitos tenda a diminuir, embora seja difícil acreditar que eles vão desaparecer completamente. Dessa forma, a melhor forma de se precaver é observar com cuidado os produtos disponíveis nas lojas e ouvir a opinião de conhecidos e amigos antes de levar para casa um produto que pode gerar mais dor de cabeça do que satisfação.
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