(Fonte da imagem: World Architecture News)
A busca por métodos mais econômicos para encontrar sistemas de refrigeração sustentáveis é uma dor de cabeça constante na vida dos arquitetos e engenheiros. Mas parece que o novo prédio do campus da Universidade de Washington, em Seattle, trouxe uma resposta interessante.
A solução? Deixar que o prédio derreta. Isso porque, no interior das paredes e do teto, há uma fina camada de um gel chamado PCM (“Phase Change Material” ou Material de Mudança de Fase, em português). Esse material, quando aquecido, muda do estado sólido para o líquido, ajudando a diminuir a temperatura do edifício.
Mas quão bom um gel PCM pode ser no resfriamento? Para efeito de comparação, uma “tira” de 1,25 cm de largura consegue se mostrar tão eficiente na retenção de calor quanto 25 cm de concreto, segundo a revista New Scientist. Em resumo, ele é 20 vezes mais potente para isso que o material usado atualmente na maioria das construções.
Se mesmo esses números não foram suficientes, a economia que ele gera deve certamente provar as vantagens do material: o PCM usado no prédio da Universidade de Washington deve reduzir o consumo de energia gasto com o resfriamento do ambiente em 98% – quando a construção estiver pronta.
Frio de dia, quente à noite
Que a verdade seja dita: esse gel não é capaz de resfriar o ambiente, não sozinho. O que ele faz, de acordo com o site World Architecture News, é absorver calor, desacelerando drasticamente a velocidade com que o prédio esquenta. Dessa forma, sistemas de ar-condicionado podem manter a construção resfriada com facilidade.
Mas o fato é que o PCM tem o efeito oposto durante a noite, horário em que a temperatura tende a cair consideravelmente. Nessa hora, ele libera todo o calor armazenado para dentro do ambiente, tornando sistemas de aquecimento completamente desnecessários.
Ao passar por esse processo, o gel volta para seu estado “sólido”. Assim, ele já está preparado para iniciar mais um ciclo de derretimento e absorção de calor no dia seguinte, com os primeiros raios de sol.
No caso do prédio da Universidade de Washington, o PCM recebe uma ajuda com muito estilo para liberar o calor: durante a madrugada, as janelas do prédio se abrem automaticamente. Assim, todo o ar do interior do local é resfriado, preparando o ambiente para os funcionários e estudantes que chegarão no dia seguinte.
Escolha o seu PCM
Existem muitos tipos diferentes de materiais PCM, entre eles um que você conhece muito bem: o gelo. Atualmente, esses géis são fabricados para alcançar os mais variados objetivos, como o resfriamento de supercomputadores ou até mesmo utilização em bolsas térmicas, mas seu principal uso ainda é o da construção.
Para os mais curiosos, a New Scientist preparou uma lista com informações de três das opções de maior importância no ramo.
Energain
O mais eficiente para ambientes que precisam de baixas temperaturas, o Energain derrete ao chegar a apenas 20°. Seu único problema é que, por ser feito de parafina, este é um gel extremamente inflamável.
Micronal
Entre os três da lista, este é o mais “verde” dos materiais. Seu sistema, formado de várias cápsulas de cera que são adicionadas ao material de construção, são livres de problemas de vazamento e aguentam temperaturas entre 21 e 26° antes de derreter. Assim como o Energain, este material é inflamável.
BioPCM
Feito de um óleo vegetal baseado na soja, o BioPCM é pouco inflamável, atingindo temperaturas entre 23 e 29°C antes de derreter. Dos três da lista, ele é o que pode vazar com mais facilidade no caso de um furo ocasional, motivo pelo qual é instalado na forma de pequenas bolsas de até 10 ml. Este foi o PCM utilizado pela Universidade de Washington em seu novo prédio.
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Os géis PCM já estão no mercado há algum tempo, embora nunca tivessem a devida atenção. Mas, ao que tudo indica, esse quadro deve mudar: segundo pesquisas feitas pela Lux Research, este material deve se tornar um dos materiais básicos das construções até 2020.
Caso isso realmente se torne verdade, só temos a ganhar, já que o material é uma solução extremamente eficiente, “verde” e, ainda, vai pesar muito menos no nosso bolso que um ar condicionado.
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