10 projetos científicos malucos ou falhos apoiados pela DARPA

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É possível que você já tenha lido aqui no TecMundo alguma notícia ou artigo que mencionava ou explicava projetos e tecnologias da DARPA. A Defense Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, foi criada em 1958 — embora tivesse um nome diferente — durante o mandato do presidente Eisenhower.

Essa agência foi pensada como uma resposta dos EUA à vitória tecnológica da União Soviética que foi marcada pelo lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik 1. A missão principal dessa instituição era e ainda é manter a superioridade tecnológica do país.

Atualmente, a DARPA atua de forma independente, conta com 240 funcionários e um orçamento de US$ 2,8 bilhões — estando submetida diretamente ao Departamento de Defesa estadunidense. Ela esteve envolvida em projetos que colaboraram para o desenvolvimento da internet e dos sistemas de geolocalização (GPS), entre inúmeros outros projetos inovadores e relevantes para a vida militar e, por tabela, civil.

Contudo, em meio a essa gigantesca quantidade de pesquisas, nem todas elas obtiveram sucesso. O site io9 fez um levantamento de projetos bizarros e misteriosos desenvolvidos pela DARPA que não deram certo. Nós adaptamos essa seleção e trazemos nessa matéria alguns desses projetos mal sucedidos — ou é assim que eles querem que pensemos.

1. Elefante mecânico

Entre os anos de 1955 e 1975, os EUA estiveram envolvidos no conflito que ficou conhecido como Guerra do Vietnã. Nesse período, mais especificamente em 1966, o país designou à DARPA a realização de um estudo para analisar o terreno do Vietnã e as diversas variáveis que poderiam interferir nas missões realizadas no país.

Le Grand Éléphant, elefante confeccionado de madeira e metal que é atração turística na cidade de Nantes, na França.

A ideia era obter informações suficientes para o desenvolvimento de um novo tipo de veículo que pudesse transportar tanto pessoas quanto cargas pelas regiões que beiravam os conflitos. Depois de um amontoado de relatórios impressos e alguns meses de trabalho em um de seus galpões, a agência obteve como resultado um elefante mecânico.

2. Poder da mente

A espionagem existe e não é de hoje. O que muitos não sabem é que as centrais de inteligência ficam de olho em muito mais projetos de outros países além de meros armamentos bélicos ou sistemas de rastreamento. Por exemplo, a DARPA esteve de olho no avanço do controle de atividades paranormais na antiga União Soviética.

O relatório de uma observação efetuada em 1973 indicou avanços soviéticos nos campos da telepatia, telecinésia, precognição e percepção dermo-óptica. As conclusões desse levantamento apontavam que, se esses fenômenos pudessem ser comprovados, a URSS estaria muito à frente dos EUA em relação a estudos orientados para a compreensão biológica e psicológica de suas tropas.

A agência teria gastado milhões de dólares para identificar e recrutar telepatas com o intuito de conduzir “espionagens remotas”. Porém, não se sabe ao certo quanto foi gastado e não existem registros da eficácia dos métodos adotados. Aparentemente, os investimentos não tiveram o retorno desejado. Aparentemente.

3. A bomba que nunca saiu do papel

Outro projeto da Defense Advanced Research Projects Agency custou US$ 30 milhões e deveria resultar em uma bomba de háfnio — elemento químico descoberto em 1923 que consiste em um metal sólido presente principalmente nos filamentos das lâmpadas incandescentes e processadores de computadores.

O explosivo teria o poder de destruição de uma pequena arma nuclear tática. Essa bomba teria a vantagem ainda de ser acionada por um dispositivo com base em um fenômeno eletromagnético. Assim, ela não emitiria nenhuma radiação e não precisaria ficar submetida a qualquer tipo de tratado relacionado a armamentos nucleares.

Porém, ninguém conseguiu reproduzir os resultados alcançados por Carl Collins, nem mesmo um seleto grupo de cientistas experientes e especialistas no assunto. Depois de analisarem o projeto, eles concluíram que o trabalho era falho e que não deveria ter passado por revisões. Assim, o armamento nunca existiu e provavelmente nunca será construído.

4. Skynet da vida real

De 1983 a 1993, a DARPA gastou US$ 1 bilhão no desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial com a capacidade de auxiliar os seus combatentes nos campos de batalha e, em alguns casos, atuar autonomamente.

Batizada de Strategic Computing Initiative (SCI), em seu projeto original, essa máquina teria capacidade de executar dez bilhões de instruções por segundo com objetivo de “ver, ouvir, falar e pensar como um ser humano", segundo menções de Alex Roland e Philip Shiman em um de seus artigos coautorais, com foco em três aplicações militares.

O exército dos EUA ganharia uma classe de "veículos terrestres autônomos", os quais não só poderiam se movimentar de forma independente, mas também “interpretar” o ambiente, planejar ações usando dados monitorizados e se comunicar tanto com homens quanto com máquinas.

Para a Força Aérea, a DARPA imaginou uma espécie de piloto auxiliar. Ele ajudaria os operadores de aeronaves a processar a enorme quantidade de dados gerada durante um voo, permitindo a tomada de decisões com maior precisão e diminuindo os riscos de uma operação. Por fim, a marinha estadunidense contaria com um "sistema de gerenciamento de batalha", o qual teria a missão de realizar previsões de eventos com base em dados coletados. Aqui, nos veio à mente um tipo de avanço de Batalha Naval.

Porém, com o passar do tempo e a dificuldade de atingir as tecnologias necessárias para obter uma inteligência artificial dessa magnitude, o projeto foi ridicularizado como fantasioso pelos críticos da área. E ainda foi deixado um questionamento pertinente: se tanto a guerra como o comportamento humano são imprevisíveis, como poderia uma máquina adivinhar o que vai acontecer?

5. Arma biológica nem tão letal assim

No ano de 1997, foi tornada pública a existência de um programa da DARPA para o desenvolvimento de armas biológicas. O projeto consumiu US$ 300 mil e visava desenvolver e demonstrar tecnologias defensivas que protegessem os soldados dos EUA durante suas operações militares.

Porém, o tiro saiu pela culatra e os três cientistas responsáveis pela pesquisa acharam que seria uma boa ideia sintetizar o vírus da poliomielite. Em 2002, o estudo foi publicado em uma revista científica bem conceituada e causou certa polêmica.

O primeiro argumento contrário foi que um estudo dessa natureza não deveria ser publicado, pois estaria entregando informações técnicas valiosas para qualquer pessoa. Além disso, o programa usou um vírus que não é tão infecioso e letal quanto o de outras doenças. Assim, a comunidade cientifica encarou a iniciativa como um “feito incendiário”, mas sem aplicação prática.

6. O blindado voador

Nem tão no passado, em 2010, foi revelado o projeto "Transformer", uma mistura de helicóptero, avião e Humvee — tradicional veículo militar tático que possui características de um jipe combinadas a de tanques blindados.

Ele comportaria quatro soldados e apresentaria como diferenciais as capacidades de superar obstruções de estradas e armadilhas, transportar pequenas cargas e promover maior mobilidade para os combatentes na hora de percorrer um percurso sinuoso, mantendo a possibilidade de disparar contra possíveis oponentes.

Ilustração das possibilidades de uso do Aerial Reconfigurable Embedded System (ARES).

Porém foram percebidos alguns problemas com o projeto, como o alto consumo de combustível e o fato de os veículos ficarem relativamente mais expostos, se tornando alvos fáceis para artilharias antiaéreas.

O projeto não chegou a ser abandonado por causa desses empecilhos, mas em 2013 a DARPA mudou o rumo do projeto, que acabou se tornando o programa Aerial Reconfigurable Embedded System (ARES). Agora, o veículo pretende servir como um sistema de carga não tripulado, com módulos removíveis, para apenas levar equipamentos de vigilância, resgatar feridos ou transportar até 3 mil quilos de carga.

7. Mercado de apostas do terrorismo

A ideia pode até parecer ridícula ou esdrúxula, mas a DARPA já pensou em criar um mercado de apostas do terrorismo. Isso mesmo: as pessoas apostariam em possíveis ataques terroristas em determinadas regiões do globo terrestre e períodos de tempo. Os acertadores levariam prêmios em dinheiro para casa, assim como acontece com vários esportes.

O projeto surgiu em 2003 e foi chamado de Future Markets Applied to Prediction, ou simplesmente FutureMAP. Ele consistiria basicamente em um site público que incentivaria internautas anônimos a apostar na probabilidade de ataques terroristas, assassinatos e golpes de Estado no Oriente Médio, por exemplo.

Obviamente, a iniciativa não demorou muito para ser derrubada. Senadores disseram que mais de US$ 500 mil pagos pelos contribuintes do país chegaram a ser gastos para desenvolver o projeto. Além disso, o Pentágono teria solicitado um orçamento de US$ 8 milhões para os dois anos seguintes.

Os defensores do programa alegavam que os mercados de apostas futuras provaram ser excelentes mecanismos de previsões, como resultados de eleições, e que eles seriam muitas vezes melhor do que a opinião de “especialistas”. Apesar dos esforços desse grupo, o FutureMAP foi taxado como um exemplo de "excesso" imaginativo e foi encerrado.

8. Seja pelo ar, seja pela água

As ambições da DARPA foram e vão além da superfície terrestre. Um exemplo disso é o projeto Hydra, desvendado no ano passado. O conceito desse programa é criar uma rede de plataformas submarinas, a qual poderia ser implementada em poucos meses em águas internacionais — regiões oceânicas que não possuem domínio oficial de nenhum país.

Essas instalações seriam capazes de comportar o lançamento de drones (veículos não tripulados e controlados remotamente) aéreos e subaquáticos. Em outras palavras, a Hydra seria basicamente um cargueiro aquático de drones.

Esquema conceitual do projeto Hydra e suas atuações em terra, água e ar.

Mas, se depender de ativistas e especialistas em armamentos bélicos, esse projeto deve demorar a sair do papel. Para Bruce Berkowitz, renomado consultor militar independente, o projeto é um pouco ambicioso demais e, o que é pior, pode ser encarado como ofensivo por outras nações, já que pode transportar equipamentos e armamentos controlados remotamente com potencial de serem letais.

9. Estamos de olho

Em 2002, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA entendeu que seria interessante ter uma forma de “ficar de olho” em possíveis atividades maliciosas ao redor do planeta. Então ela resolveu criar o “Total Information Awareness” (TIA), ou “Consciência Total de Informações”.

O programa era para ser um imenso banco de dados sobre atividades terroristas, o qual usaria métodos avançados e inovadores (obviamente, nunca foram reveladas quais eram essas técnicas) para coletar, processar e analisar esses conteúdos.

Logo original do projeto Total Information Awareness (TIA).

Se o seu nome já não é muito receptivo, há ainda um problema maior: nem todas as tecnologias necessárias para que esse conceito funcione corretamente existem. Um exemplo disso é o mecanismo de análise que permite o monitoramento de informações em diversos idiomas simultaneamente.

E isso não é tudo. Se pararmos e olharmos bem para o projeto como um todo, ele não é muito diferente da National Security Agency (NSA), agência de espionagem que foi responsável por interceptações ilegais de informações de inúmeras pessoas ao redor do planeta. Para piorar, a logo do projeto possui uma série de símbolos que fazem parte de diversas teorias de conspirações.

10. Reator nuclear de bolso

Um projeto misterioso apareceu na declaração fiscal da agência de inteligência do governo estadunidense em 2009 com um orçamento de US$ 3 milhões. Embora ele nunca tenha sido confirmado pela DARPA, os boatos são de que seria um reator de fusão do tamanho de um microchip de computador, dispositivo que seria usado para gerar grandes quantidades de energia com base na fusão nuclear.

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