(Fonte da imagem: Reprodução/NavyTimes)
Um novo capítulo na história da aviação está em curso. Ele atende pelo nome de X-47B, o primeiro avião de guerra sem piloto capaz de cumprir missões inteiras sem colocar em risco a vida de um piloto experiente ao sobrevoar zonas em conflito.
Os primeiros testes começaram em 2008, mas foram necessários três anos até que o primeiro voo pudesse ser realizado – e, diga-se de passagem, foi um sucesso. A Força Aérea norte-americana, agora, trabalha no aperfeiçoamento do software e realiza outros testes com um protótipo, missão que vai se estender até 2014.
Autonomia robótica
Você deve estar imaginando que o X-47B nada mais é do que um avião comandado por um piloto automático, não é mesmo? Na verdade, é quase isso, mas de uma forma muito mais aperfeiçoada. O nome correto do “piloto” da aeronave, nesse caso, é “autonomia robótica”.
(Fonte da imagem: Reprodução/Defense Industry Daily)
A diferença para o piloto automático é bastante significativa. Enquanto o recurso que existe nos aviões da atualidade funciona como uma espécie de fluxograma, com o computador programado para seguir uma rotina e podendo cumprir uma série de itens em série, a autonomia robótica dá “vida” a um avião.
Isso garante que a aeronave terá a capacidade de “responder” a imprevistos durante uma missão, como por exemplo controlar a sua velocidade para economizar combustível, traçar rotas menos dispendiosas ou encontrar o melhor ponto de aproximação de um determinado alvo. Tudo isso feito de maneira automática, sem que haja uma “decisão” de um ser humano.
Por dentro do X-47B
Orientado pela DARPA (Defense Advanced Research Project Agency), o projeto pertence ao grupo J-UCAS (Joint Unmanned Combat Air Systems) e estima-se que foram gastos até agora em seu desenvolvimento o equivalente a US$ 813 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bilhão).
Nenhuma das versões da aeronave desenvolvidas até agora foi equipada com armamentos, mas existem planos para a construção de um avião desses para ser usado após 2014 em missões que vão além do simples reconhecimento. Para se ter uma ideia, um X-47B poderia sobrevoar um determinado alvo, bombardeá-lo e se esquivar dos radares. Tudo isso sem nenhum controle humano.
(Fonte da imagem: Reprodução/Defense Industry Daily)
O principal foco do desenvolvimento agora, quando já foi comprovado o potencial do avião, é o aperfeiçoamento. Para isso, novas funcionalidades e melhorias de software vêm sendo implantadas todos os meses pelos engenheiros da DARPA. Equipamentos de GPS, acelerômetros, altímetros, giroscópios entre outros dispositivos são alguns dos responsáveis por abastecer um computador central com informações sobre o voo.
Esse computador trabalha com um sofisticado sistema de piloto automático somado a softwares de inteligência artificial. Os dados captados pelos sensores são interpretados pela máquina e transformados em decisões e comandos de voo. O desempenho inicial foi tão bom que, inicialmente, estavam programados 50 voos de teste, mas após 16 já foi possível ter segurança suficiente para fazer o projeto avançar.
O próximo passo
O pouso de uma aeronave em um porta-aviões é considerado pelos pilotos mais experientes como uma das manobras mais difíceis de serem realizadas. Há um grande número de variáveis envolvidas no processo que tornam a ação muito perigosa e, por conta disso, dependente da percepção de um ser humano. Esse estágio, que é o atual do projeto, já foi superado.
Agora, os engenheiros querem fazer com que a aeronave passe por outro teste que requer muita perícia de um piloto ou, nesse caso, um nível de detalhamento ainda maior para o software: o reabastecimento durante o voo. A primeira tentativa será feita em 2014, naquela que pode ser considerada a fase final do projeto.
Outras dificuldades encontradas pelos engenheiros incluem a impossibilidade do avião de reconhecer sinais manuais ou outras dicas visuais, o que ainda faz com que um ser humano precise acompanhar, ainda que à distância, manobras de aterrissagem e decolagem.
Mesmo que a aeronave seja bem-sucedida em todos os seus testes, previstos para serem concluídos no final de 2014, é possível ainda que o X-47B nunca se torne um avião “de verdade”, uma vez que não há planos de construção de novos modelos. Ao menos por enquanto, o veículo funciona apenas como uma vitrine, revelando o que há de mais moderno em tecnologia militar aérea.
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