Reuters. Por Sérgio Spagnuolo e Priscila Jordão - Desde que o Brasil entrou no radar como um potencial grande mercado para tablets, diversas companhias estrangeiras demonstraram interesse em produzir os dispositivos portáteis por aqui, em vista de incentivos fiscais prometidos pelo governo.
E em meio à enxurrada de fabricantes asiáticas que traçaram planos para atuar no país --como LG, ZTE e Foxconn-- a curitibana Positivo Informática, principal montadora nacional de computadores, deve apresentar seu tablet na próxima terça-feira, quando tem agendada uma entrevista coletiva de pauta não revelada.
O presidente da companhia, Helio Rotenberg, afirmou em agosto que "as lojas estarão repletas no Natal" de tablets da Positivo e se disse confiante nesse mercado. A Positivo leva vantagem por sua ampla logística nacional e contato próximo com varejistas, mas pode faltar espaço nas prateleiras para tantos modelos diferentes das fabricantes.
"A concorrência vai ser forte neste segmento", resume o analista Alex Pardellas, da corretora Banif.
Vinte e cinco empresas manifestaram interesse em montar tablets no país, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia. Essa disputa pelo consumidor --especialmente com o iPad, da Apple-- vai ser acirrada, o que colocará pressão sobre as margens da Positivo.
"Se você olhar para o mercado global, a Apple é totalmente dominante... Não vejo motivo para imaginar que no Brasil será tão diferente, uma vez que a Apple (através de sua fornecedora Foxconn) estará apta a produzir no país, podendo oferecer preço competitivo", destaca um analista que acompanha a Positivo e falou sob condição de anonimato.
"O tablet deve trazer um benefício de receita para a Positivo, mas a margem vai ter que ser baixa", acrescenta o analista, lembrando que os computadores da empresa já possuem margem bastante reduzida.
A Positivo teve margem Ebitda ajustada de 2,8 por cento no segundo trimestre, depois da margem negativa de janeiro a março --mas ainda assim bem inferior aos 9,1 por cento de igual período de 2010.
No longo prazo, contudo, a oferta de um produto de baixo preço pode implicar em ganho de market share no segmento de tablets, garantindo à Positivo uma presença sólida em um negócio promissor.
"A Positivo é uma empresa que se posiciona bem com o público de baixa renda", observa o analista Bruno Sávio Nogueira, da empresa de análises Lafis. "Vejo a empresa com grande possibilidade de sobreviver neste mercado. Acho que o produto dela vai ter espaço."
Além disso, segundo analistas, a Positivo já é uma grande vendedora de computadores para o governo e poderia levar seus tablets para órgãos públicos, ganhando escala.
De acordo com previsão de fevereiro da empresa de pesquisa IDC, as vendas de tablets no Brasil devem chegar a 300 mil unidades em 2011, com a maior movimentação ocorrendo nos seis últimos meses do ano. Se considerado um preço médio de 1,5 mil reais por aparelho, isso se traduziria em vendas de 450 milhões de reais.
ANDROID
Embora não tenha fornecido muitos detalhes sobre o tablet, a Positivo revelou que o sistema operacional será o Android, do Google. Isso deve ajudar o produto a concorrer com a Apple, especialmente se a Positivo incentivar a produção de softwares para seu dispositivo.
"Há 90 por cento de chance de que qualquer novo tablet no mercado use o sistema operacional Android. É mais fácil para a Positivo usá-lo do que criar um novo sistema operacional", afirmou a analista Elia San Miguel, da empresa de pesquisa Gartner.
Atualmente, o Android detém 28 por cento da base instalada de tablets na América Latina, bastante atrás dos iPads da Apple, com market share de 57 por cento, segundo o Gartner. O cenário deve mudar em 2015, quando o sistema operacional do Google deve superar a Apple e atingir 36 por cento do mercado -- contra 35 por cento da Apple, disse Elia.
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