Videoanálise
Você já imaginou poder jogar praticamente qualquer coisa em um PC que não seria capaz nem mesmo de rodar um jogo de 1999? Parece brincadeira, mas isso está bem perto de se tornar realidade.
Muitos devem se lembrar de quando o OnLive foi anunciado, gerando um dos momentos mais marcantes da Games Developer Conference de 2009. Para quem não sabe, trata-se de um serviço de computação em nuvens no qual os jogos são sincronizados, renderizados, guardados em um servidor remoto e enviados para o jogador via internet.
E o que tudo isso significa? Você, basicamente, pode jogar qualquer coisa sem precisar de um computador top de linha, que sairia por no mínimo uns R$ 3 mil. Basta contar com um PC que suporte os vídeos que são enviados a você numa qualidade de 720p e pronto. É como se você estivesse jogando em tempo real enquanto assiste a um clipe de alta resolução no YouTube.
Mas isso realmente funciona? Até pouco tempo, o serviço estava disponível em sua fase Beta fechada. Contudo, atualmente já é possível baixar o cliente — que pesa menos de 1 MB — no site oficial do serviço. E se você estava achando que o OnLive seria exclusivo para residentes dos Estados Unidos, então se enganou.
O serviço funciona no Brasil. Contudo, como os servidores são localizados nos Estados Unidos, a velocidade da conexão é um pouco lenta, o que pode prejudicar o desempenho de sua jogatina. Em poucas palavras, você pode até testar o OnLive, mas será prejudicado pelo famoso lag no tempo de resposta.
O Baixaki resolveu conferir de perto essa experiência para tirar suas próprias conclusões do serviço que promete revolucionar o universo do entretenimento eletrônico. Sem dúvidas, o OnLive é mesmo promissor e até causa espanto por sua tecnologia, trazendo jogos de qualidade para praticamente qualquer PC. Vamos aos detalhes.
Na TV ou no PC
Atualmente, a OnLive oferece duas maneiras para desfrutar do serviço. Uma delas requer a compra de um pequeno aparelho, conhecido como MicroConsole. O jogador pode conectá-lo diretamente à sua TV, por meio de um cabo HDMI ou Vídeo Componente, e então ligar um cabo Ethernet para conexão à internet.
O periférico é bem menor do que qualquer console, afinal, tudo que ele faz é processar o vídeo e as informações transmitidas pelo controle, que também é incluído no pacote de US$ 99. Falando nisso, o gamepad relembra bastante o controle do Xbox 360, com analógicos e gatilhos na mesma posição.
A outra opção é jogar diretamente no PC, provavelmente a mais viável, e também indicada para quem quer conhecer o serviço antes de adquirir o MicroConsole. Aqui, o procedimento é realmente simples: basta fazer o cadastro e baixar o cliente no site oficial, instalá-lo e pronto.
Praticamente todos os PCs suportam o OnLive. Em nossa sessão de testes, contudo, notamos que computadores com Windows XP com Service Pack 2 apresentavam um erro ao iniciar o programa, o qual era sanado com a instalação da versão mais atual do Service Pack. O cliente também requer placa de vídeo compatível com DirectX 9.
Além disso, todos os jogos oferecem suporte para a combinação mouse e teclado, mas você também pode conectar um controle USB, como o próprio gamepad do Xbox 360. Uma excelente escolha para quem gosta de jogar games de ação em terceira pessoa com um controle e FPS da tradicional maneira dos PCs.
O maior requisito do OnLive, como você pode perceber, não está na configuração de seu PC. Você precisa apenas estar próximo ao servidor (ter uma latência baixa) e ainda ter uma largura de banda de pelo menos 5 MB/s, para garantir um mínimo de qualidade na jogatina.
Boa parte dos jogadores brasileiros receberá um aviso informando que a latência está muito alta e que isso influenciará negativamente no desempenho. Em alguns casos o programa simplesmente não permite a inicialização, forçando o jogador a fechá-lo. Isso se deve ao fato dos servidores estarem muito distantes das terras tupiniquins.
Conforme mencionamos anteriormente, você pode até conseguir jogar através do OnLive, mas a experiência certamente não será comparável a um jogo sendo executado em seu console ou diretamente em seu PC. Mesmo assim, é interessante conferir o serviço e até jogar alguns títulos por curiosidade. E mais: dependendo do game, a jogabilidade pode até ser aceitável, desde que não exija movimentos muito precisos ou de grande agilidade.
Partindo para a briga
Bem, uma vez conectado ao serviço, você confere uma bela apresentação em vídeo que já mostra bem a ideia do OnLive. Um imenso globo feito por clipes de jogos aparece na tela, e você pode, instantaneamente, navegar pelo menu principal para escolher o que deseja fazer.
A interface do programa é bem simples, exibindo na tela as nove opções disponíveis. É aqui que o jogador pode ir para o mercado de jogos, no qual encontra vários títulos a sua disposição, os quais podem ser alugados por um período de até três dias. Também é possível comprar a licença para jogá-los por tempo ilimitado, algo que, normalmente, sai por um preço próximo ao oferecido pelo serviço de distribuição digital Steam.
Quem não quiser desembolsar uma grana para comprar os games — que só podem ser adquiridos com um cartão de crédito internacional — pode optar por uma Trial grátis de 30 minutos para cada game. Assim, você pode conferir quase todos os jogos — existem algumas poucas exceções que não oferecem a demo — sem pagar nada.
Os trinta minutos já são mais que suficiente para que você tire suas próprias conclusões do serviço. Aqui você confere como está sua conexão com os servidores do OnLive e também verifica como é a qualidade da imagem fornecida pelo serviço. Em nosso caso, a conexão e a imagem foram aceitáveis, mas não chegaram perto de uma versão para Xbox 360 ou PlayStation 3.
Até o momento, temos mais de quarenta jogos disponíveis, que variam desde grande sucessos da Live (Braid) até jogos mais recentes, como Assassin’s Creed II e Tom Clancy’s H.A.W.X. 2. Nós testamos vários títulos de gêneros diferentes para conferir como o OnLive se saía de acordo com a proposta.
Cientes do atraso na conexão, optamos primeiro por um jogo mais simples o qual, supostamente, exigiria um desempenho não tão ágil do jogador. Braid então foi escolhido, e os resultados foram bem positivos. Sem dúvidas, um dos jogos mais aceitáveis para o público brasileiro. O lag existe, mas você acaba se acostumando e logo jogará o game tranquilamente.
Já em jogos que exigem mais precisão e agilidade, como Unreal Tournament III e Colin McRae DiRT 2, os problemas se tornaram evidentes. O atraso nos movimentos simplesmente matou, literalmente, a experiência do FPS UT3. Nas corridas, o OnLive sofreu um acidente, graças à demora na resposta dos comandos em DiRT 2. Lembrando que não se trata de um problema do serviço, mas sim da conexão.
Se você mora nos Estados Unidos, é bem provável que o lag seja quase imperceptível, conforme a crítica especializada internacional vem comentando. Contudo, no Brasil, o OnLive ainda não substitui, nem ameaça, os consoles e o PC, algo que pode mudar caso a empresa decida investir em servidores localizados ao redor do mundo.
Uma plataforma dinâmica
Além de poder desfrutar de vários jogos, você também pode conferir outras funções bem bacanas. Uma delas é a Arena, na qual o jogador tem a chance de assistir, ao vivo, os demais gamers que estão conectados ao serviço. Uma vez conectado, quem está jogando é avisado, e você pode até mesmo classificá-lo positiva ou negativamente.
Cada gamer conta com um perfil, que facilita a sociabilidade, permitindo que você adicione amigos e troque mensagens. É realmente impressionante ver como o OnLive consegue colocar vários clipes, ao vivo, em uma tela só, permitindo que o jogador os execute em tela cheia sem qualquer interrupção.
Fora isso, temos os Brag Clips. Trata-se de pequenos trechos de games que podem ser gravados por qualquer jogador, basta pressionar Alt + B. Esses clipes ficam armazenados em seu perfil e também podem aparecer na página principal do jogo. Uma boa dica é acessar Just Cause 2 e conferir dezenas de bugs engraçadíssimos gravados pelos jogadores.
Vale a pena?
Sem qualquer sombra de dúvidas, o OnLive é um serviço surpreendente. Parecia impossível, mas o recurso mostrou que os jogadores podem desfrutar dos jogos de última geração em qualquer PC, desde que tenham uma conexão boa. O capricho do trabalho iniciado por Steve Perlman, assim como as parcerias com grandes desenvolvedoras, fizeram desse sonho uma realidade palpável e atraente.
Os jogadores competitivos podem torcer o nariz, mesmo que estejam jogando com o mínimo de atraso na conexão. Contudo, não podemos negar que o OnLive abre novos horizontes para o mundo do entretenimento, permitindo que os jogadores carreguem sua paixão para qualquer canto e em praticamente qualquer PC. Resta esperar e torcer para que o Brasil não fique de fora desta revolução.
Especial originalmente produzido pelo redator Gabriel Soto Bello para o Baixaki Jogos
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