Diversas empresas francesas têm aberto seu capital na bolsa eletrônica de NASDAQ. Várias companhias americanas têm investido em companhias do país, como a BlaBlaCar, La Ruche, Believe Digital, Scality e ShowRoomPrive. A indústria de capital de risco local agora é a segunda da Europa e Paris ganhará a maior incubadora do mundo. Qual o segredo deste recente sucesso do país do queijo e do vinho?
Talentos, o trunfo da França
A França tem uma forte tradição científica: são 13 prêmios Nobel em Física, oito em Química e 13 em Medicina. Além disso, os matemáticos do país ganharam um quarto das medalhas Fields (considerado o Nobel da Matemática), desde 1923. O ensino superior do país é eficiente e gratuito, produzindo cerca de 80 mil engenheiros e 70 mil PhDs todos os anos – sendo que metade são estrangeiros.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Além disso, o país tem diversas de escolas de design de prestígio, escolas de negócio entre as melhores da Europa, redes de centros de pesquisa, entre outros. Isso tudo forma a força do país, com engenheiros de alta qualidade, fácil acesso a um vasto conjunto de talentos, custo reduzido em comparação aos Estados Unidos e baixa rotatividade, graças a uma mentalidade cultural de maior lealdade.
Ricardo Leite, CEO do Bla Bla Car, app francês de carona que chegou ao Brasil
Uma nova cultura empresarial
A França importou a cultura americana de “pay-it forward”, um componente-chave do Vale do Silicone. Dessa forma, a primeira geração de empresários da web que emergiram no início dos anos 200 foram reinvestidos pesadamente no país.
Essa cultura empreendedora acabou se alicerçando em toda a sociedade francesa. As pesquisas mais recentes mostram que mais de 50% dos habitantes do país que tem entre 18 e 24 anos de idade querem começar o seu próprio negócio. O sonho de carreira corporativa ficou para trás. Essa tendência é ainda mais acentuada na geração Millenium: 75% dos jovens desta faixa etária pretende criar uma startup quando deixarem a escola.
Universidade de Tecnologia de Compiègne: celeiro das startups francesas
Os valores sociais do sucesso estão prestes a serem invertidos: dez anos atrás, fundar uma startup era considerado um movimento suicida, enquanto que integrar uma empresa com mais de 100 anos era uma promessa de carreira de sucesso. Mas isso mudou completamente.
Além das influências dos modelos de sucesso, o Vale do Silicone tornou-se um modelo cultural que é muitas vezes referenciado em debates na França (em uma país que adora debates). O medo do fracasso, que era um calcanhar de aquiles da cultura regional está caindo por terra.
Outro fator que alavancou essa mudança de mentalidade é o crescimento das incubadoras que estão localizadas dentro de universidades integrando programas de empreendorismo. Houve também uma poderosa rede estabelecida entre os empresários da França e também os franceses que estão no exterior, especialmente nos Estados Unidos.
O resultado de tudo isso é que Paris sozinha tem mais de 5 mil startups (em comparação as mil de 2011), e, a cada ano, mais mil empresas nascem na cidade. Outras cidades também estão despontando como focos de empreendorismo, como Toulouse, Lille, Nantes, Lyon, Grenoble, Bordeaux, Nice e Montpellier.
Indústria de capital de risco
A indústria de capital de risco na frança começou a surgir em meados de 1900 e chegou agora em um novo nível de maturidade. Desde 2013, ela se tornou a segunda maior da Europa, atrás apenas do Reino Unido e a frente da Alemanha;
Estimulada por um ambiente favorável, ela tem experimentado um forte crescimento – e essa tendência deve continuar. Outro indicador do aumento acentuado do empreendorismo francês é que a França abriga dois dos cinco fundos mais ativos da Europa, segundo a Dow Jones.
Governo apoia fortemente as startups: "A era da França Tecnológica já começou"
O mercado interno francês é grande o suficiente para construir empresas fortes, mas não o suficiente para abrigar empresas globais. Por isso, há um grande frenesi de companhias nacionais para criar escritórios em Nova York ou São Francisco a fim de lançar produtos nos Estados Unidos.
Isso nos leva a outro ponto que demonstra o crescimento das startup francesas: elas agora fazem 43% da sua receita no exterior. O país tem encorajado fortemente as empresas, promovendo a “tecnologia francesa” um rótulo criado em 2013 para impulsionar o ecossistema de alta tecnologia nacional. Todos esses fatores nos levam a crer que, sem dúvidas, a França está vivendo uma revolução digital.
Você acredita que a França conseguirá competir com outros gigantes da tecnologia como Japão, EUA e Coréia do Sul? Comente no Fórum do TecMundo
Fontes
Categorias