Steve Jobs era um grande admirador da Sony. Em sua biografia, escrita por Walter Isaacson, o cofundador da Apple descrevia a empresa japonesa como uma das maiores empresas da história, mas que por alguma razão não soube aproveitar as oportunidades que teve para se tornar a maior de todas.
Se você acompanha o mercado de tecnologia há mais de dez anos, certamente já deve ter percebido essa sensação. A gigante Sony já não é mais a mesma. A empresa, que até pouco tempo atrás era tida como referência em video game, televisão, câmera digital e notebook, hoje amarga prejuízo atrás de prejuízo e tem seu nome cada vez menos lembrado quando o assunto é qualidade.
Erros administrativos, apostas em produtos errados e excesso de versões acabaram por, de certa forma, descaracterizar a marca que hoje tem um estilo em cada uma de suas linhas. A Sony como um todo, na prática, não existe. Ela deu lugar a uma série de companhias internas, que brigam entre si e acabam funcionando como concorrentes delas mesmas.
Mas será que é possível recuperar o tempo perdido, vencer o caminho de pedras e recolocar a gigante japonesa no topo do mercado? A proposta é difícil, mas não é impossível. Resta saber se os consumidores estarão dispostos a esperar tanto tempo e, principalmente, se a empresa terá fôlego para conduzir um dos processos de transição mais complicados de sua história.
(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)
PlayStation! PlayStation!
Quando o PlayStation chegou ao mercado, em 1994, a Sony não possuía praticamente nenhuma experiência no assunto. A era dos 16-bits, com os consoles Mega Drive e Super Nintendo, começava a dar os primeiros sinais de declínio e a grande novidade eram os consoles com jogos em CD.
Contudo, em menos de dois anos, a Sony conquistou um posto significativo junto ao público e o primeiro console da empresa acabou se tornando um sucesso de vendas e referência para toda uma geração. Em 2000, com o lançamento do PlayStation 2, a liderança foi ampliada e a empresa ficou praticamente sozinha no mercado com o novo console.
Os jogos exclusivos também se mostraram um diferencial e tanto e títulos como os da franquia God of War entraram para a história entre os melhores já lançados até hoje. Entretanto, na era do PlayStation 3, apesar do sucesso inegável do console, começou a derrocada da empresa.
(Fonte da imagem: Reprodução/BGR)
Sony contra o mundo
Pode parecer estranha a afirmação, mas o fato de a Sony manter o seu sistema fechado e, de forma eficiente, ter conseguido combater a pirataria, teve um preço alto para a empresa. Muitas das medidas adotadas por ela se tornaram impopulares, colocando em alguma medida a companhia contra o público.
O ataque de hackers á PSN, no ano passado, expôs a vulnerabilidade do sistema e serviu para que a empresa percebesse que mesmo com todas as precauções adotadas, lutar em público contra os seus próprios consumidores não era uma boa ideia. Somado a isso, vieram ainda outras apostas erradas ou pouco convincentes, como é o caso do PS Vita.
A proposta do lançamento do portátil era de dar um fôlego novo às vendas da empresa no setor, mantendo o mercado aquecido até o futuro lançamento do PlayStation 4. Entretanto, o console não decolou nas vendas e nem mesmo a sua chegada ao mercado foi suficiente para conter a sangria de dinheiro que o setor de jogos da empresa vem enfrentando.
(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)
Perspectivas não muito animadoras
É pouco provável que a Sony volte a ser líder no mercado de jogos tão cedo. Ao menos nesta geração, o Xbox 360 deve continuar absoluto em se tratando de vendas e o PlayStation 3, embora ainda tenha potencial para ser explorado, já pode considerar que o seu ápice em se tratando de vendas é coisa do passado.
Entre os portáteis, o PS Vita ainda pode melhorar a sua receptividade no mercado. Mais títulos e, talvez, um preço mais baixo para o console podem fazer com que o volume de vendas aumente um pouco, mas ainda assim já está claro que ele não será o game changer (produto que, quando lançado, muda os rumos do mercado) da empresa.
As apostas recaem então sobre o próximo console da empresa, o provável PlayStation 4, ainda sem data de lançamento. Se ele será capaz de mudar alguma coisa, ninguém sabe. A maior dúvida no momento, porém, é saber como a empresa vai se comportar até que esse dia chegue – o que não deve acontecer antes de 2014.
(Fonte da imagem: Reprodução/GSM Arena)
Um smartphone para chamar de meu
Pense no melhor smartphone da Samsung ou no principal modelo da Apple. Se você respondeu rapidamente Samsung Galaxy S3 e iPhone 4S é porque a comunicação das duas marcas está funcionando muito bem. Agora tente fazer o mesmo exercício com os smartphones da Sony: qual é o principal modelo da marca disponível no mercado?
Em meio a tantas linhas, é difícil identificar qual é o Xperia mais potente ou qual deles foi lançado por último. A falta de uma identificação clara do produto, bem como a difícil percepção de qual é a diferença entre um e outro, faz com que o consumidor acabe se esquecendo da marca na hora da compra.
Steve Jobs, quando assumiu a Apple depois de a empresa quase fechar as portas, eliminou todas as linhas de produtos que eram identificadas apenas por uma série numérica ou algo de difícil entendimento para usar nomes claros e poucos produtos. A experiência da Samsung, em reforçar o nome Galaxy, também se mostrou acertada. Os smartphones da Sony são ótimos, mas precisam de um apelo comercial melhor.
(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)
Tablets: longe do ideal
O mercado de tablets já é uma realidade e não pode mais ser ignorado pelas grandes empresas. Porém, se for pra entrar nele apenas para fazer número, é melhor pensar duas vezes, afinal o que não faltam hoje são modelos de qualidade, por preço cada vez mais acessíveis, e com nomes já consolidados.
O tablet Sony S, lançado pela empresa, é uma boa porta de entrada no segmento, mas ainda está longe de colocar a empresa na briga por alguma coisa importante. A grande maioria dos consumidores nem sequer sabe que o slate existe e, nos comparativos, o modelo raramente é citado.
Ou seja, se a Sony planeja brigar também nesse segmento, que hoje é vital para as grandes empresas, terá que correr muito para lançar versões melhores, com algum diferencial de design ou hardware que possa cativar o público. Entretanto, até agora, ela é apenas mais um número do mercado de Android.
(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)
Sony Vaio: de sonho para triste realidade
Em se tratando de notebook, a linha Sony Vaio era até há alguns anos um sonho de consumo daqueles que queriam comprar um novo laptop. Design diferenciado, configurações robustas e o respeito por parte dos consumidores colocaram o produto como um dos principais destaques do mercado.
O tempo passou e, infelizmente, a Sony não parece ter acompanhado a evolução. Suas configurações já não chamam mais tanto a atenção assim. O design, que parecia moderno naquela época, agora já demonstra sinais de envelhecimento. E, por fim, a falta de novos aparelhos e de uma linha de ultrabooks competitiva pode fazer com que a empresa fique à margem mais uma vez na nova geração de portáteis que começa a ganhar força.
A marca “Vaio” é ainda um referencial inegável, mas corre o risco de perder tudo aquilo que conquistou por conta da falta de atualizações. Novidades que façam com que o consumidor sinta novamente vontade de colocar os produtos da empresa em sua lista de desejos. Hoje, um Sony Vaio já pode ser encarado como apenas mais uma opção no mercado e, o pior de tudo, com preços acima dos da concorrência.
(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)
Linha Bravia: o último suspiro
Outro dos pilares de destaque da Sony é a sua linha de televisores. Os modelos Bravia estão entre os principais aparelhos do mercado, reunindo qualidade de imagem, opções diferenciadas de versões, integração com outros produtos da linha de áudio, além de suporte para acesso à internet e aplicativos exclusivos.
Porém, não custa lembrar que a Phillips, uma das principais concorrentes do segmento, deixou de fabricar novos modelos, e as últimas pesquisas do setor mostram que os consumidores têm optado por modelos da LG e, principalmente, da Samsung em vez dos aparelhos da Sony. O motivo: melhor relação custo-benefício, uma vez que eles custam menos e têm qualidade similar.
Assim como a Apple, a Sony sempre manteve uma postura rígida com seus preços, sustentando um status de qualidade e, por conta disso, cobrando um pouco mais. Os aparelhos da empresa nunca estiveram entre as opções mais baratas do mercado, mas ainda assim valia a pena pagar um pouco mais por um produto diferenciado.
Contudo, essa “regra” vem sendo deixada de lado e a tendência é que, sem uma mudança de postura com relação aos seus preços – ou no que diz respeito ao posicionamento da marca – é bem provável que as demais concorrentes consigam morder algumas fatias de mercado que hoje pertencem à Sony.
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O que a Sony precisa fazer para voltar a ser uma das mais bem-sucedidas empresas do mercado? Você apostaria em novos produtos de qualidade diferenciada ou em uma mudança de postura, com redução de preços e dispositivos mais acessíveis? Queremos saber a sua opinião!
Fonte: Engadget
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